Lucas C. Lisboa
Saiu de sua morada e escolheu, depois de muito procurar, o espécime pretendido entre os mais saudáveis, belos e de macia carne. Mesmo sem o hábito não teve dificuldades em abatê-lo, limpá-lo e separar os cortes mais nobres. Dispensou os restos e as partes de segunda categoria. Guardando suas escolhidas bem refrigeradas para que conservassem apropriadas para o momento do deguste.
Resfriado Retirou o primeiro corte e o deixou descansar sobre a mesa da cozinha enquanto cuidava dos demais afazeres de sua morada. Quando retornou sorriu ao ver sua peça, escolhida com muito esmero, coberta e já semeada pelas moscas. Estava feito e ela pode sair novamente em busca de mais um.
A caça não era de modo algum escassa e ela também não tinha qualquer pressa. Aguardou até que o espécime ideal lhe cruzasse o caminho. Se na primeira vez já não houve qualquer dificuldade, dessa o fez por puro instinto e reflexo. Então preparada e acondicionada como fizera com sua primeira pôde se dedicar ao preparo do banquete que há tanto tempo esperava.
Do mercado local trouxe cebolas brancas e roxas; pimentões vermelhos, amarelos e verdes; alho e também hortelã. Mandou importar de um pais do leste europeu uma especiaria que sequer saberia pronunciar adequadamente, mas que lera ser o melhor e mais indicado para seu fino prato. Da peça sobre a mesa pinçou todas as iguarias já maduras para o consumo. E de outra peça retirou bifes bem suculentos cortados na mais justa medida.
Chegado ou momento picou todos os ingradientes, em tiras bem finas e ajustadas ao tamanho de sua coleta, azeitou a frigideira e com todo cuidado adicionou um a um ao preparo de sua refeição. Quando tudo pronto, posta a mesa e servido seu prato, percebeu que sua taça repousava vazia sobre a mesa. Praguejou irritada por seu esquecimento do acompanhamento para seu prazer. Levantou-se e foi, rápido para que não esfriasse o jantar, à padaria comprar coca-cola.