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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Terezinha Vaz Lisboa

Lucas C. Lisboa

Esse é um pedaço da história da minha avó, contada por ela, recontada por meus tios e uma parte realmente vivenciada por mim, conto com emoção e sem muita preocupação com nada mais que relatar o que senti e vivi nos quase vinte anos que essa história de desenrolou.

A barragem do Setúbal começou a ser construida no fim da década de oitenta mas foi paralizada quando saiu o Governador Newton cardoso e entrou o Hélio Garcia. Havia denúncias de superfaturamento, problemas com a pastoral da terra e com os desalojados pela barragem. Com isso o novo governador mandou desmanchar as fundações que já tinham sido construidas.

A despeito de todas essas justicativas o rio setúbal ia secar em pouco tempo sem a barragem mas os políticos da região não queriam ir contra o governo do estado.

Minha avó Dona Terezinha só com ajuda das pessoas da vila de Jenipapo conseguiu impedir que tal desastre acontecesse!Ela com mais de sessenta anos na época cavou uma vala para não deixar as máquinas irem destruir a barragem e também invadiu a mesma.

Quando ela invadiu a barragem os prefeitos da região reuniram mais 70 policiais para cercar a obra e intimidar a população de lá (é interessante lembrar que cada cidade da região nao tem mais que 4, 5 policiais)

Depois de invadida a obra houve ações na justiça contra a CEMIG que por sua vez também entreou com uma ação de reintegração de posse. Depois da invasão D. Terezinha fez piquete em frente ao prédio da cemig, juntou dinheiro com os moradores da Cidade e apenas um comerciante e a dona da pensão D Lucia ajudaram durante o processo todo o resto foi junto com agricultores, moradores, nenhum vereador ou político que seja ajudou.

Eu me lembro que com meus cinco anos eu estava pintando as faixas na casa de meu avô em Belo Horizonte para fazer a manifestação. Ficamos até de madrugada terminando as faixas, quando fomos embora da casa dela o pneu do carro do meu pai furou e ao ir trocá-lo ele foi atropelado. No dia seguinte Eu e ele assistimos a manifestação da janela do Hospital Mater Dei que é em frente ao prédio da CEMIG.

Com as máquinas paradas até 1992 saiu liminar juiz para que os manifestantes saissem de lá. Na ocasião minha avó teve uma arma apontada ao peito pelo advogado da CEMIG e foi mandada sair de lá e, ao invés de se intimidar, ela caminhou para frente e dizendo atira porque eu não saio!

No fim do processo os animos foram acalmados e por causa da chegada das chuvas não havia mais tempo para desmanchar a barragem e a CEMIG se viu obrigada a fazer uma obra de contenção para manter a barragem como estava.

A barragem foi salva da destruição imediata mas foi esquecida pelas autoridades, pela CEMIG e tudo mais. Durante toda a década de 90 eu vi minha avó procurando políticos, autoridades, prefeitos, governadores, diretores da CEMIG e recebendo apenas promessas.

Já na década seguinte eu comecei a ajudá-la junto com meu pai, escrevendo os ofícios e acompanhando ela por muitas e muitas reuniões. Finalmente conseguimos que a CEMIG declarasse seu desinteresse pela obra e transferisse seus direitos sobre ela para a RURALMiNAS.

Com isso começou outra fase onde minha vó mandava cartas e mais cartas em busca de recursos para a construção da obra e em 2004 estavamos lá presentes, no Palácio da Liberdade, na assinatura do convênio entre o Governo Estadual e o Federal para a finalização da obra.

Só que em tudo isso nunca houve nenhum reconhecimento sobre o trabalho da minha avó. Cada político da região tentou fazer de si o pai da obra, como se tivesse feito algo por ela! Tanto fizeram que só os moradores antigos realmente se lembravam do que minha vó fez e até riam quando diziamos da nossa história.

Bom, pelo menos era assim até o dia de ontem! Na última quinta feira descobrimos que Lula ia vir para a inauguração da barragem e tinhamos certeza que se não fizessemos nada ninguém ia se lembrar de toda a história de todo o esforço dela.

Nós, eu e meus tios, já tinhamos mandando inúmeras cartas ao presidente mas agora era diferente, ele estaria ali para inaugurar a obra! Minha tia, morando nos EUA passou os dias ligando e mandando e-mails para a assessoria de imprensa e cerimonial do governo mas não conseguimos saber de forma alguma se ia de fato chegar aos ouvidos dele.

Estávamos sem esperança a respeito de tudo, porem, sabiamos que aquela obra era a realização dela e ela deveria estar presente mesmo que se ninguém tocasse no nome dela, estariamos ali para comemorar.

Só que foi muito melhor do que todos nós poderíamos imaginar, ao subir no palco, Lula seguiu com os agradecimentos habituais até que começou a ler, linha a linha, a carta que finalmente chegou a ele! Eu não contive as lágrimas ao ver ao vivo o video abaixo:


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Poeta e Artista

Lucas C. Lisboa

Eu tanto lhe espero
não é porque tenho
mas sim porque quero
nós dois num desenho

Feito com esmero
por você tão minha
que nega o sincero
desejo que aninha

Em seu, e meu, sonho
que de tanto vinha
por nosso medonho
de ficar sozinha


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Agonia? Seu desejo...

Lucas C. Lisboa

Pois quer muito mais que nada
quer ser abusada e usada
por mim como mia pequena
serva de carne serena

Quadras Quebradas

Lucas C. Lisboa

Pedidos já não nos cabem
pelas recusas sem fim
Eu temo que não acabem
as culpas dentro de mim

Não se esqueça dos irmãos
sonhos tão nosso e carmim
Lembre-se de minhas mãos
seguras em ti pois sim

Porque pede pra pedir
se dar-se deseja assim
Porque nao vem-me a sorrir
se desejosa está enfim

Deixemos o sapato jogado
Lembremos da fita de cetim
Vamos regar com cuidado
um sonho bom e não ruim



Nossa primavera

Lucas C. Lisboa

O que Eu lhe peço
sabes muitissimo bem
para lhe dizer

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quebrado

Lucas C. Lisboa

Eu adoro coisas faltando
pedaços onde o inteiro
que se esperava tanto
não falta no pardieiro

Eu sou d'algo faltando
meu olhar não é certeiro
e a perna esquerda mancando
me dá um ar mais fateiro

Como xícaras quebradas
servindo de copos pintados
é minha morta esperança

Minhas ilusões viciadas
meus sonhos despedaçados
compõe minha nova dança

sábado, 2 de janeiro de 2010

Férreo Ferro

Lucas C. Lisboa

O fazendeiro de pregos
plantava com seu martelo
pra colher enferrujados
regava com muito esmero

Queria bem avermelhados
os pregos do seu castelo
para ferir os descuidados
em seu banquete singelo

E para fechar as portas
da comilança sem cela
ou arreio há as cordas

Comida era farta e bela
com os parafusos, porcas
e uma ou outra arruela