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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Dúvida

Lucas C. Lisboa

O riso depois do pranto,
é ofertar banquete ao santo?
O que diz do afago vil
vindo após os tapas mil?

domingo, 26 de dezembro de 2010

Dádiva de Mulher

Lucas C. Lisboa


Pois quando lhe vi de fita
presos seus claros cabelos
Sonhei vestida de chita
vestido dos mais singelos

Um espelho deu a pista
dos desejos nús em pelos
que ela guardava bem quista
e também quis eu querê-los

Culpa do rosto boneca
e dessa pele tão branca
que me dá vontade de morder

É graça quando se mexe
puro fantoche e fetiche
pro meu prazer perverter

sábado, 25 de dezembro de 2010

Amor Platônico

Lucas C. Lisboa

Eu lhe deixei sim mensagens
Mas vi que eram só miragens
Meus sonhos de pardieiro
pela ave d'outro viveiro.

Eu lhe bordei mil imagens
em meu leito tal paisagem
de desejo verdadeiro
para tê-la por inteiro

sou poeta seduzido
Por seus cabelos tão louros
e seu sorriso de lado

quem dera ser eu querido
pelo mais belo tesouro
que me deixa alucinado!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Aborto

Lucas C. Lisboa

Que raio de calor é esse
que no fundo não me aquece
Se o jogo eu perdesse
antes que sequer comece

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ela

Lucas C. Lisboa

dos óculos o aro
seus olhos oculta
meu olhar avaro
à cobiça insulta

seu cabelo me é caro
de maciez arguta
tão casta que calo
minha mente puta

Seu riso e seus lábios
encantam quem passa
inspiram a brasa

Deliram os sábios
no fumo que passa
e no anjo sem asa

Modernoso, cuidado!

Lucas C. Lisboa

Versos não sabe escandir?
Sequer passe por aqui!
Qualquer poesia que valha,
precisa dessa tralha!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Gozo

Lucas C. Lisboa

Quando o seu corpo faz junto ao meu
um ângulo perfeitamente reto
Chegando assim num ápice tão seu
de um céu longuinquamente mais que perto

O paraíso faz meu lado ateu
acreditar que sou eu o divino
quando ela já foi e perdeu
a lucidez em puro desatino

Veja, de tantos passos só um destino
O que começa com um simples beijo
se termina secreto sob o sino

Eu lhe tomo nas mãos bem mais que certo
de que é da minha posse o vil desejo
consumando o senil e gerando o feto