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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Bêbado em Copacabana
Lucas C. Lisboa
Mas me diga seu Drummond
porque é que não me responde
Não gosta desse meu tom
ou porque você é de bronze?
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Honesto
Lucas C. Lisboa
E me diga meu benzinho
de que são essas olheiras?
Pois são culpa do vizinho
que me alugou as orelhas!
Tocando samba e chorinho
pela madrugada inteira!
Mas fui pago direitinho
com moças e bebedeira.
Sim, sim, eu tava na festa
não nego, é feio mentir...
Eu sei que hoje só me resta
pelo seu perdão pedir.
Se me der faço a promessa
de TENTAR não repetir!
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Detrás da porta
Lucas C. Lisboa
me toca sem pedir perdão
sem dizer uma palavra
me levanta numa mão
para me fazer sua lavra
de ouro puro de tesão
me fazendo sua escrava
com a perna na escansão
que dentre as minhas me trava
marca minha pele branca
e com meu mamilo brinca
na fome que se faz sede
quando meu suspiro estanca
porque me vem numa trinca
de nos por contra parede
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Apoteose
Lucas C. Lisboa
Ele duma voz de sangue
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
o sorriso branco do Negro
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
só não sabe se quer sê-la
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
A princesa amada
Lucas C. Lisboa
na frente do espelho
de tudo e de nada
ri até do conselho
da velha encurvada
não bota aparelho
nem fica falada
somente um fedelho
lhe deixa irritada
Se lhe olha faceiro
se faz mal amada
sem ele é errada
e rasga dinheiro
a moça calada
de lábio vermelho
é muito tarada
pra pouco pentelho
por ele gamada
lhe cai de joelho
jaz descabelada
na hora do recreio
com fome de fada
faminto parceiro
co'a boca felada
lhe engolindo inteiro
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Vizinhança
Lucas C. Lisboa
Nervoso o velho Agripino
brandindo com sua bengala
a ralhar com o menino
que fez da bola uma bala
com um chute bem cretino
acertando sua janela
e a brasília do vizinho
O ecológico Agripino
resmungando não se cala
e recomenda ao menino
a usar bodoque de tala
grossa e elástico fino
pois assim não mais abala
sua paz só a do passarinho
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