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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Omilia da caridade

Tá confundido as coisas irmão
Cristão é que reparte o pão
Comuna faz revolução
e toma os meios de produção

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

terça-feira, 17 de setembro de 2019

"Eu não sabia que você também sangrava"

Refletindo na noite e sonhando de dia. Debati comigo muito. Em como meus relacionamentos sempre são com pessoas neuro atípicas tão extremas quanto eu.  Dois ou mais indivíduos sem nenhuma estrutura psíquica adequada, se relacionando só pode ter um fim trágico. E foi o que aconteceu a minha vida toda. 

Eu sem estrutura nenhuma lidando com pessoas onde muitas vezes eu era visto com a fonte estruturadora. Daí eu, obviamente, não dava conta de sustentar isso tudo e desabava. E frequentemente comigo como culpado, afinal eu era a parte estruturante da relação.  

Cai nesse ciclo vicioso inúmeras vezes. Sem nunca conseguir sair deles. E quando eu saia de maneira intempestiva causava muita dor no processo.
Jamais deveria ter me relacionado com pessoas tão problemáticas quanto eu e muito menos assumido tantas responsabilidades. Fiz esse tipo de escolha de maneira inconscientemente durante boa parte da minha vida. 

Procurando na fragilidade alheia um conforto para a minha própria fragilidade. Mas sempre me fiz de forte e inabalável. Relendo algumas coisas vi uma frase dita por uma garota. "Me desculpa fazer você sofrer mas eu não sabia que você também sangrava." Me faço e sou visto como muito forte, como inabalável. Daí quando essa máscara cai acreditam que tudo que eu fiz em desespero, em descontrole foi feito de maneira pensada e calculada. Porquê eu mesmo me mostrei assim, numa ânsia louca de fazer o bem e ser porto seguro. Acabo sonhando em tornar o conto de fadas de Florbela uma realidade:

"Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Com que sarei a minha própria dor."

Mas eu sempre falho, falho sempre pois eu não sou forte como me fiz parecer. Não sou o ser que personifiquei. Buscando construir o melhor, achando que construindo o outro eu estaria fazendo algo de bom. 

"Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento..."

Eu só crio ilusões que um dia caem por terra pois na verdade sou completamente instável e perigoso. Um indivíduo que deveria estar procurando se tratar e não cuidar do outro, melhorar o outro.

"Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita."

Sou um automato com partes essenciais faltando tentando construir um outro perfeito para que então esse outro possa me reconstruir.

Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma vez..."

Pois eu mesmo tenho medo de me reconstruir, sei muito bem o que o outro precisa, quer e pode ser. Mas sou tão míope sobre o meu próprio ser! Tão instável quanto ao que sou, incapaz de controlar e dosar meus impulsos. Desestruturado frente ao primeiro medo, a primeira recusa, ao primeiro olhar de censura. 

No último confronto, na ultima derrota olhei com desespero implorando para que eu não fosse o vilão novamente. Mas eu fui. Por mais desesperado que eu tivesse lutado contra mim para não ser. 

Não fui capaz de ir embora antes que isso acontecesse. Pois me sentia responsável, me sentia como que obrigado a permanecer onde já não cabia mais permanência. Pois já não havia moinhos de vento para enfrentar. Não havia outros bichos papões debaixo da cama. Eu não era útil ali e mesmo ela implorando para eu ficar deveria ter ido. Pois ali nunca tinha sido meu lugar. Só estive ali pela segurança, pelo que eu poderia construir. 

Hoje estou aprendendo a ir embora onde terei que ser por dois, estou indo embora de onde sou o arrimo que se sustenta no ar. Não vou mais me propor a ser o que não sou. A sustentar o peso que não me cabe e nem eu suporto. É mais cômodo se ver como super homem do que como humano, falho e inadequado.

Quadrilha México-Soviética

Diego amava Rivera  que amava Frida
que amava Chavela que amava Kahlo
que amava Trotsky que amava Sheridan
que amava Leon que amava Sedova
que era revolucionária também
Rivera foi pintar nos Estados Unidos, Sheridan foi exilada,
Frida sofreu um desastre, Kahlo casou-se com Diego,
foi amante de Leon e Chavela, que tornou-se alcoolatra,
Sedova casou com Trotsky que foi morto por Mercader
que ainda não tinha entrado pra História.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

DENTROFORA


Se vem 
de fora
Vende 
dentro?

Se vende 
fora
Vem de 
dentro?

Se vem 
de dentro
Vende 
fora?

Se vende 
dentro
Vem de 
fora?

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Mas me ama?

O namoro enamorou
Vem cá amor, vem cá meu bem
Nós somos e eu só não sou
Acabou mas inda tem

Meus/ ver/sos/ sem/ métrica

é redondilha menor:
cinco sílabas poéticas,
formam verso de protesto,
contra a tal  poesia clássica!