Sempre fui da xepa, da promoção e pechincha, comprei meu coração na barraca de um e noventa e nove. Mas meu peito e pulmão, pobres e expropriados, fizeram fiado pendurando a conta pra minha garganta pagar sob protestos. Por solidariedade a boca fez greve não queria o novo e vermelho inquilino...piquete montado, dentes trincados... mas a mão furou, pelega, não era de esquerda. Furado o piquete o coração caiu na barriga, burguesa, de tão gorda se fez de sonsa e não quis devolver, foi briga das feias, minhas velhas veias tiveram que intervir... GREVE GERAL e o general da cabeça, prefeito não eleito do meu corpo, entrou em febre, uma convulsão social. Reintegração de posse, biles, vômito e rebordose, mitocôndrias em pânico ouviam a internacional. Como latifúndio, improdutivo, numa noite fui tomado por uma princesa que se fez realeza socialista, encampou meu corpo e botou meu coração no peito, deu um jeito nos grevistas, botou de regime minha barriga. E todos, todas as partes, pedaços, ossos, órgãos, células , culturas bacterianas, tártaros superbacanas puseram abaixo a superestrutura. Era revolução, de agora em diante. Todos, todos teriam o direito, Inalienável, ao pão, aos beijos dela e... é claro, à poesia.
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