modernoso e não moderno
passageiro e não eterno
-Eclode a modernidade:
da Belle époque o delírio,
do entre guerras todo horror!
Feito sonho liberdade
desafia regra e fio
da métrica e escandor.
Poeta em noite intranquila
teme o metro e alucina
nas sílabas e nas tônicas.
Moderníssimo delira:
-Construirei minha sina
minha torre babilônica!
-Sem mais rima! A novidade?
Eis aqui: Seu Assonâncio,
Compadre Aliterador.
-Amigos desde a helenidade
e louvados no prefácio
do tal modernizador...
Não aquele que se grila
duas sextilhas acima
mas um dos bons, sem irônica
fala, pois ele vitíma
o gosto burguês e nina
sua revolução jônica
modernoso e não moderno
passageiro e não eterno
Sim, ele mesmo, um Andrade
-Mas qual dos salafrário?
-O de gente comedor?
-Não não, esse é o Oswald!
-Seria Carlos ou Mário?
-É Mário, o prefaciador
'teressantíssimo gira:
a Paulicéia arruina
a arrogância indômita
e detona e desvaira
e desnuda e desatina
toda elite em sua crônica
aparta a rima com vontade
que preenche seu vazio,
contrafeito rimador;
com pés de latinidade,
fonética do vizinho
aplicado escutador.
modernoso e não moderno
passageiro e não eterno
Moderníssimo revira
desconhece tanta prima
Afônica e a Fônica
Bilabina, Dentina, Vela
Nasalina, Plosivina
Ladentina e Glotônica
-Por erro e não vaidade
dumas filhas doutro tio
esqueci, mas tenho amor
nas duas: Alplade e Plade
Cada qual com seus filinhos
presam ao versejador
Carregam toda catira
desde as colunas heleninas
ditam o ritmo e a tônica
de cada verso que brilha
no salão e na cantina
pra tristeza da platônica
modernosa e não moderna
passageira e não eterna
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