Seu Zé me sirva
uma dose de dia
da prateleira mais alta
do seu armazém
Calados respondemos
o que não valia perguntar
batizados sem nome
sem chuva sem flores
Os não ditos de nós
ficaram sem depois
sem sinal de celular
sem pra onde olhar
Seu Zé me sirva
uma dose de dia
da prateleira mais alta
do seu armazém
a cabeça bate no peito
descompassa maldita
e descarrilha na trilha
errada de Dylan e Raul
Sou cão de duas cabeças
sem eira nem coleira
que errante lhe mira
e lhe admira admita
Seu Zé me sirva
uma dose de dia
da prateleira mais alta
do seu armazém
bate o sino
mais uma dose
suas piadas
suas artes
bate o sino
mais um gole
sem gelo
sem analgésico