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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quarta-feira, 27 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor X

não! não diga mais nada só o seu sim!
sua boca velada, seu suspiro
são respostas que quero para mim
a mais doce miragem que prefiro

não! não conto os segundos para o fim
mas você bem que sabe que sou Sátiro
e sou apenas sonho sem cetim
pois eu que tanto curo também firo.

nos marco, uno, nos faço por completo
e vejo você espelho, minha igual
com quem de olhos fechados sempre vou

fazemos esse par mais que seleto
ninfa e fauno de todo carnaval
é minha por inteiro tal lhe sou

[não!] não/ di/ga/ mais [na]da/ só o/ seu [sim!]
su[a] bo/ca/ ve[la]da,/ seu/ sus[piro]
[são] res/pos/tas/ que [que]ro/ pa/ra [mim]
a [mais] do/ce/ mi[ra]gem/ que/ pre[firo]

[não!] não/ con/to os/ se[gun]dos/ pa/ra o [fim]
[mas] vo/cê/ bem/ que [sa]be/ que/ sou [Sátiro]
e [sou] a/pe/nas/ [so]nho /sem/ ce[tim]
pois [eu] que/ tan/to/ [cu]ro tam/bém [firo.]

nos [mar]co, u/no,/ nos [fa]ço/ por/ com[pleto]
e [ve]jo/ vo/cê es[pe]lho,/ mi/nha i[gual]
com [quem] de o/lhos/ fe[cha]dos/ sem/pre [vou]

fa[ze]mos/ e/sse [par] mais/que/ se[leto]
[nin]fa e/ fau/no/ de/ [to]do carna[val]
é [mi]nha/ por/ in[tei]ro/ tal/ lhe [sou]

terça-feira, 26 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor IX

linda não fale só faça a promessa
porquê agora será minha cadela
fará cada vontade mais possessa
de tornar puta minha Cinderela

ajoelhe-se, mas sem qualquer pressa
Eu quero que meu falo seja a vela
que concentrará toda a sua reza
enquanto minha mão lhe descabela

não para agora e muito menos pensa
como é que ousa servir-me só metade?
abra a boca pra benção do seu fim.

sim, Eu lhe invado e nem peço licença.
Seu sonho satisfaz sua vaidade?
não! não diga mais nada só o seu sim!

segunda-feira, 25 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor VIII

que me aquece e me faz até esquecer?
é memória de quando era criança
e nós dois inventamos de correr
até depois da igreja pela praça

Eu cai e não parava de doer
como Doía! Ficou essa lembrança
de você branca quando foi me ver
todo sujo no chão uma lambança!

chegou me dando beijos pra sarar
me prometendo já que ia passar
toda dor com carinhos na cabeça

pois veio essa saudade de lhe amar
será que nós daríamos um par?
linda não fale só faça a promessa

que [me a]que/ce e/ me [faz] a/té es/que[cer]?
[é] me/mó/ria/ de [quan]do e/ra/ cri[ança]
e [nós] dois/ in/ven[ta]mos/ de/ co[rrer]
a[té] de/pois/ da i[gre]ja/ pe/la [praça]

[Eu] ca/i e/ não/ pa[ra]va/ de/ do[er]
[co]mo/ Do/ía!/ Fi[cou] e/ssa/ lem[brança]
[de] vo/cê/ bran/ca [quan]do/ foi/ me [ver]
[to]do /su/jo/ no [chão] u/ma/ lam[bança!]

che[gou] me/ dan/do [bei]jos/ pra/ sa[rar]
[me] pro/me/ten/do [já] que i/a /pa[ssar]
[to]da/ dor/ com/ ca[ri]nhos/ na/ ca[beça]

pois/ [vei]o e/ssa/ sau[da]de/ de/ lhe a[mar]
se[rá] que/ nós/ da[rí]a/mos/ um/ [par?]
[lin]da/ não/ fa/le/ [só] fa/ça a/ pro[messa]

domingo, 24 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor VII

quero seu beijo com fogo e fulgor
de você meu amigo mais querido
amante e confidente dessa dor
causada pela vida e seu perigo

Me abraça forte e dá assim seu amor
que apenas desse jeito Eu consigo
voar, passar do Cristo Redentor
pra lhe contar venturas e perigos

E se hoje estamos juntos depois talvez
distância nem importa pro carinho
somos cúmplices mesmo sem nos ver

o meu amigo amante toda vez
com seu riso, seu cheiro faz meu ninho
que me aquece e me faz até esquecer


[que]ro/ seu/ bei/jo/ [com] fo/go e/ ful[gor]
[de] vo/cê/ meu/ a[mi]go/ mais/ que[rido]
a[man]te e/ con/fi[den]te dessa [dor]
cau[sa]da /pe/la [vi]da e/ seu/ pe[rigo]

Me a[bra]ça/ for/te e [dá a]ssim/ seu/ a[mor]
que a[pe]nas/ de/sse [jei]to /Eu/ con[sigo]
vo[ar], pa/ssar/ do [Cris]to/ Re/den[tor]
pra [lhe] con/tar/ ven[tu]ras e pe[rigos]

[E] se ho/je es/ta/mos [jun]tos /de/pois/ tal[vez]
dis[tân]cia/ nem/ im[por]ta/ pro/ ca[ri]nho
[so]mos/ cúm/pli/ces/ [mes]mo/ sem/ nos [ver]

o [meu] a/mi/go a[man]te/ to/da [vez]
com [seu] ri/so,/ seu [chei]ro /faz/ meu [ninho]
que [me a]que/ce e/ me [faz] a/té es/que[cer]

sábado, 23 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor VI

minha face na sua padecer
o sorriso de nossos tão felizes
dias, não é o que clama meu querer
que fincou em você longas raízes

exatamente opostos no viver
nossas brigas e fodas tem matizes
nosso amor clama a cama pode ver
mesmo sendo um Apolo e outro Isis

Odeio nosso amor que me controla
pouco a pouco consome  algo de mim
Não lhe quero mais, mas vou pra onde for

Corpo: sim! Mente: não! e o peito chora
não, não me abraça quero um basta!, fim...
quero seu beijo com fogo e fulgor 

[mi]nha/ fa/ce/ na [su]a/ pa/de[cer]
[o] so/rri/so/ de [no]ssos/ tão/ fe[lizes]
[di]as,/ não /é o/ que/ [cla]ma/ meu/ que[rer]
[que] fin/cou/ em/ vo[cê] lon/gas/ ra[ízes]

e[xa]ta/men/te o[pos]tos/ no/ vi[ver]
no/ssas/ bri/gas/ e [fo]das/ tem/ ma[tizes]
[no]sso a/mor/ cla/ma a [ca]ma/ po/de [ver]
[mes]mo/ sen/do um/ A[po]/lo e/ ou/tro/ [I]sis

O[dei]o/ no/sso a[mor] que/ me/ con[trola]
[po]uco a pouco con[so]me  al/go/ de [mim]
[Não] lhe/ que/ro/ mais, [mas] vou/ pra on/de [for]

[Cor]po:/ sim!/ Men/te: [não!] e o/ pei/to/ [chora]
não, [não] me a/bra/ça [que]ro um/ bas/ta!,/ fim...
[que]ro/ seu/ bei/jo/ [com] fo/go e/ ful[gor]

sexta-feira, 22 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor V

eternidades são de um só calor
que marcam, sutilmente, nossa pele
nos lábios, pelos olhos, no sabor
que me prova na força que me fere

Inebria-me todo esse rubor
de quando seu chicote bem adere
na carne num prazer de doce dor
fazendo com que o gozo se rebele

Mas se depois do gozo vem meu pranto
não será de tristeza meu doce amo
mas sim de assim poder sempre viver

Senhor meu, belo, amado, todo encanto
permite até o deleite que mais amo
minha face na sua padecer

e[ter]ni/da/des [são] de um/ só/ ca[lor]
que [marc]am,/ su/til[men]te, no/ssa/ [pele]
nos [lá]bios,/ pe/los [o]lhos,/ no/ sa[bor]
[que] me /pro/va/ na [for]ça/ que/ me [fere]

[I]ne/bri/a/-me [to]do e/sse/ ru[bor]
de[ quan]do/ seu/ chi[co]te/ bem/ a[dere]
na [car]ne /num/ pra[zer] de/ do/ce [dor]
fa[zen]do/ com/ que o [go]zo se/ re[bele]

[Mas] se/ de/pois/ do [go]zo/ vem/ meu [pranto]
[não] se/rá/ de/ tris[te]za/ meu/ do/ce [amo]
mas [sim] de a/ssim/ po[der] sem/pre/ vi[ver]

Se[nhor] meu,/ be/lo, a[ma]do,/ to/do en[canto]
per[mi]te a/té o/ de[lei]te/ que/ mais [amo]
[mi]nha/ fa/ce/ na [su]a/ pa/de[cer] 

terça-feira, 19 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor IV

o que nunca, jamais vamos perder
são as nossas lembranças que guardamos
dos momentos de doce padecer
entre os lençóis que juntos nos amamos

lembre também que já fomos foder
pra isso nossos pais nós enganamos
dois jovens toda tarde pra meter
e mentir por dizer: sim, estudamos

"Menina tão ciosa" o pai dizia
e nós dois explorando a anatomia
de nossos corpos: puro despudor!

latim, derivações das matemáticas
entalpia na física, gramáticas 
eternidades são de um só calor

o [que] nun/ca,/ ja[mais] va/mos/ per[der]
[são] as/ no/ssas/ lem[bran]ças/ que/ guar[damos]
[dos] mo/men/tos/ de [do]ce/ pa/de[cer]
[en]tre os/ len/çóis/ que/ jun/tos/ nos/ a[ma]mos

[lem]bre/ tam/bém/ que [já] fo/mos fo[der]
pra [i]sso/ no/ssos [pais] nós/ en/ga[namos]
dois [jo]vens/ to/da [tar]de /pra/ me[ter]
[e] men/tir/ por/ di[zer]: sim,/ es/tu[damos]

"Me[ni]na tão ci[o]sa" o/ pai/ di[zia]
e [nós] dois/ ex/plo[ran]do /a a/na/to[mia]
de [no]ssos/ cor/pos: [pu]ro/ des/pu[dor!]

la[tim], de/ri/va[ções] das/ ma/te[máticas]
[en]tal/pi/a/ na [fí]si/ca,/ gra[máticas] 
e[ter]ni/da/des [são] de um/ só/ ca[lor]
 

quarta-feira, 6 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor III

nesses sonhos que são da nossa cor
eu branquelo você essa preta linda
seu beijo caramelo o meu quitanda
você alvorada, eu só sol-se-pôr

na minha a sua boca é bem vinda
sua suavidade meu vigor
na sede suculenta meu fulgor
é suor e saliva que nos brinda 

rasteja seus cabelos em meu peito
tal cobras que deslizam pela presa
e dão seu rastro pra me enlouquecer

num mapa de serpente e fortaleza
nós navegamos juntos num só leito
o que nunca, jamais vamos perder

[ne]sses/ so/nhos/ que [são] da/ no/ssa [cor]
[eu] bran/que/lo/ vo[cê e]ssa/ pre/ta [linda]
seu [bei]jo/ ca/ra[me]lo o/ meu/ qui[tanda]
vo[cê al]vo/ra/da, [eu] só/ sol/-se-[pôr]

na [mi]nha a/ su/a [bo]ca/ é/ bem [vin]da
su[a] su/a/vi[da]de meu vi[gor]
na [se]de/ su/cu[len]ta/ meu/ ful[gor]
[é] su/or/ e/ sa[li]va /que /nos [brinda] 

ras[te]ja/ seus/ ca[be]los/ em/ meu/ [peito]
tal [co]bras/ que/ des[li]zam pe/la/ [presa]
e/ [dão] seu/ ras/tro [pra] me enlouque[cer]

num [ma]pa/ de/ ser[pen]te e/ for/ta[leza]
[nós] navegamos [jun]tos/ num/ só [leito]
o [que] nun/ca,/ ja[mais] va/mos/ per[der]

terça-feira, 5 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor II

sabendo onde estão sem sequer lhes ver
é assim que lido com todos meus medos
e nesse doce ofício de escrever
sem revelar desvelo meus segredos

regojizo do sol em seu nascer
brindo pois me desnudo desde cedo
para o primeiro amor do adolescer
do qual sou eu a casa e o degredo

estamos nós fadados: paraíso
eis o nome da cela de nós dois
cujo caminho descaminha amor

estamos cá sem antes nem depois
eis feito nosso fim o nosso guizo
nesses sonhos que são da nossa cor



sa[ben]do on/de es/tão [sem] se/quer/ lhes [ver]
[é a]ssim/ que/ li/do [com] to/dos/ meus [medos]
e [ne]sse/ do/ce o[fí]cio/ de es/cre[ver]
[sem] re/ve/lar/ des[ve]lo/ meus/ se[gredos]

[re]go/ji/zo/ do [sol] em/ seu/ nas[cer]
[brin]do/ pois/ me/ des[nu]do/ des/de [cedo]
[pa]ra o/ pri/mei/ro a[mor] do a/do/les[cer]
do [qual] sou/ eu/ a [ca]sa/ e o/ de[gredo]

es[ta]mos/ nós/ fa[da]dos:/ pa/ra[íso]
[eis] o/ no/me/ da [ce]la/ de/ nós/ [dois]
[cu]jo/ ca/mi/nho [des]ca/mi/nha a[mor]

es[ta]mos/ cá/ sem [an]tes/ nem/ de[pois]
[eis] fei/to/ no/sso [fim] o/ no/sso [guizo]
[ne]sses/ so/nhos/ que [são] da/ no/ssa [cor]

segunda-feira, 4 de março de 2024

Coroa de Sonetos de Amor I

Moça bonita me faz seu amor
com seu beijo todinho para mim
mas não fique vermelha de pudor
pois daí minha fome não tem fim

Quero sua saliva e seu suor
vem na língua, na boca bem assim
sabe como ficar mais que melhor?
se me amar também cada pedacim!

Eu quero é suas mãos tão famintas
ávidas, curiosas, atrevidas
me tocando, mostrando seu querer

Beije vai, uma a uma de minhas pintas
de meu corpo, lhes chame de queridas
sabendo onde estão sem sequer lhes ver


[Mo]ça/ bo/ni/ta [me] faz/ seu/ a[mor]
[com] seu/ bei/jo/ to[di]nho/ pa/ra/ [mim]
mas [não] fi/que/ ver[me]lha/ de/ pu[dor]
[pois] da/í/ mi/nha [fo]me/ não/ tem [fim]

[Que]ro su/a sa[li]va e/ seu/ su[or]
[vem] na/ lín/gua,/ na [bo]ca /bem/ a[ssim]
[sa]be/ co/mo/ fi[car] mais/ que/ me[lhor]?
[se] me a/mar/ também [ca]da peda[cim!]

[Eu] que/ro/ é/ su/as/ mãos/ tão/ fa[mintas]
[á]vi/das,/ cur/i[o]sas,/ a/tre[vidas]
[me] to/can/do,/ mos[tran]do/ seu/ que[rer]

[Bei]je/ vai/, u/ma a/[u]ma/ de/ mi/nhas/ [pintas]
[de] meu/ cor/po,/ lhes [cha]me/ de/ que[ridas]
sa[ben]do on/de es/tão [sem] se/quer/ lhes [ver]