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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

terça-feira, 30 de abril de 2024

Coroa de Sonetos de Amor XV

moça bonita me faz seu amor
sabendo onde estão sem sequer lhes ver
nesses sonhos que são da nossa cor
o que nunca jamais vamos perder

eternidades são de um só calor
minha face na sua padecer
quero seu beijo com fogo e fulgor
tão forte que me faz quase morrer

linda não fale só faça a promessa
não! não diga mais nada só o seu sim!
é minha por inteiro tal lhe sou

não quero que se assuste nem esqueça
quero que saiba bem que como a mim
Moça bonita, nunca alguém lhe amou

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Coroa de Sonetos de Amor XIV

moça bonita, nunca alguém lhe amou...
do tamanho do espaço sideral
digo mais, que jamais alguém beijou
seus lábios com paixão tanta ou igual

moça bonita veja bem como sou
as minhas asas são do carnaval
passado e  minha auréola apagou
não passo duma nota de três real

sou malandro nadinha de perfeito
lhe compro flor na banca duma praça
se meu atraso for mais que um horror

lhe falo sou sincero desse jeito
me xingue não, nem ligue pra essas graças
moça bonita me faz seu amor


[mo]ça bo/ni/ta, [nun]ca al/guém/ lhe a[mou...]
[do] ta/ma/nho/ do es[pa]ço/ si/de[ral]
[di]go/ mais/, que/ ja[mais] al/guém/ bei[jou]
seus [lá]bios/ com/ pai[xão] tan/ta ou/ i[gual]

[mo]ça/ bo/ni/ta [ve]ja/ bem/ co/mo [sou]
as [mi]nhas/ a/sas [são] do/ car/na[val]
pa[ssa]do e/  mi/nha au[ré]o/la a/pa[gou]
não [pa]sso/ du/ma [no]ta/ de/ três [real]

[sou] ma/lan/dro/ na[di]nha/ de/ per[feito]
lhe [com]pro/ flor/ na [ban]ca/ du/ma [praça]
se [meu] a/tra/so [for] mais/ que um/ ho[rror]

lhe [fa]lo/ sou/ sin[ce]ro/ de/sse [jeito]
me [xin]gue/ não/, nem [li]gue/ pra e/ssas [graças]
[mo]ça/ bo/ni/ta [me] faz/ seu/ a[mor]

domingo, 21 de abril de 2024

Coroa de Sonetos de Amor XIII

quero que saiba bem, tal é pra mim
só quero lhe comer. Mais? não tô afim
não podemos pular todo esse flerte
vem logo me pagar-me esse boquete?

não, não que eu seja tal pessoa ruim
mulher bonita trato bem assim
se não sabe ela nem pintar o sete
e na cama sequer rebola ou mexe

você se faz de sonsa feito porta,
espera que eu me dê todo trabalho
de desvendar aquilo que calou?

Não se faça de tonta, foi sim carta,
desde o começo, fora do baralho
moça bonita, nunca alguém lhe amou...

[que]ro/ que/ sai/ba/ [bem], tal/ é/ pra [mim]
[só] que/ro/ lhe/ co[mer.] Mais?/ não/ tô a[fim]
[não] po/de/mos/ pu[lar] to/do e/sse [flerte]
[vem] lo/go me/ pa[gar]-me e/sse/ bo[quete?]

não, [não] que eu/ se/ja [tal] pe/ssoa/ ru[im]
mu[lher] bo/ni/ta [tra]to /bem/ a[ssim]
se [não] sa/be e/la [nem] pin/tar/ o [se]te
e [na] ca/ma/ se[quer] re/bo/la ou [mexe]

vo[cê] se/ faz/ de [son]sa/ fei/to [porta,]
es[pe]ra/ que eu/ me [dê] to/do/ tra[balho]
de [des]ven/dar/ a[qui]lo/ que/ ca[lou?]

[Não] se/ fa/ça/ de [ton]ta,/ foi/ sim [carta,]
[des]de o/ co/me/ço, [fo]ra /do/ ba[ralho]
[mo]ça bo/ni/ta, [nun]ca al/guém/ lhe a[mou...] 

sábado, 20 de abril de 2024

Coroa de Sonetos de Amor XII

não quero que se assuste nem esqueça
pois com meus gesto cheios de rudeza
eu quero lhe dizer que minha pressa
é o tanto que minh'alma lhe deseja

antes que nessa mente os medos teça
sente e beba comigo um vinho à mesa
sinta o sabor do aroma nessa taça
cada gota é toda uma represa

você, meu vinho mais inebriante
sabor macio, com toque de carvalho
delícia de não ter começo ou fim

mais uma taça, brinde dos amantes
desse amor eu lhe quero, eu me embalo
quero que saiba bem, tal é pra mim


não [que]ro /que/ se a[ssus]te/ nem/ es[queça]
pois [com] meus/ ges/to [chei]os/ de/ ru[deza]
eu [que]ro/ lhe/ di[zer] que/ mi/nha [pressa]
é o [tan]to/ que/ min[h'al]ma /lhe/ de/[seja]

[an]tes/ que/ ne/ssa [men]te os/ me/dos [teça]
[sen]te e /be/ba/ co[mi]go um/ vin/ho à/ [mesa]
[sin]ta o/ sa/bor/ do a[ro]ma/ ne/ssa [taça]
[ca]da/ go/ta/ é [to]da u/ma/ re[presa]

vo[cê], meu/ vi/nho [mais] i/ne/bri[ante]
sa[bor] ma/cio,/ com [to]que/ de/ car[valho]
de[lí]cia /de /não [ter] co/me/ço ou [fim]

[mais] u/ma/ ta/ça, [brin]de/ dos/ a[mantes]
[de]sse a/mor/ eu lhe [que]ro, eu me em[balo]
[que]ro/ que/ sai/ba/ [bem], tal/ é/ pra [mim]

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Coroa de Sonetos de Amor XI

é minha por inteiro tal lhe sou
e desde que meu lábio lhe provou
jamais esqueci dessa tecitura
faminta e forte feita de tortura

a pele sua marca um deus que errou
tecendo-lhe asas de anjo em pleno vôo
zelando por seu corpo com doçura
cantando-me por toda mente impura

farei-lhe, dos meus reinos, a princesa
terá tudo que sonha apenas peça
será banquete em farta e bela mesa

o sonho enamorado, essa promessa,
do seu lado se faz nossa certeza
não quero que se assuste nem esqueça


é [mi]nha/ por/ in[tei]ro/ tal/ lhe [sou]
e [des]de/ que/ meu [lá]bio/ lhe/ pro[vou]
ja[mais] es/que/ci [de]ssa /te/ci[tura]
fa[min]ta e/ for/te [fei]ta/ de/ tor[tura]

a [pe]le/ su/a [mar]ca um/ deus/ que e[rrou]
te[cen]do/-lhe a/sas [de an]jo em/ ple/no [vôo]
ze[lan]do/ por/ seu [cor]po/ com/ do[çura]
can[tan]do/-me /por [to]da/ men/te im[pura]

fa[rei]-lhe/, dos/ meus [rei]nos,/ a /prin[cesa]
te[rá] tu/do/ que [so]nha a/pe/nas [peça]
se[rá] ban/que/te em [far]ta e/ be/la [mesa]

o [so]nho e/na/mo[ra]do, e/ssa/ pro[messa],
do [seu] la/do /se [faz] no/ssa/ cer[teza]
não [que]ro /que/ se a[ssus]te/ nem/ es[queça]