Sete
remexendo meus guardados
encontrei um par de estrelas
misturadas entre versos
que não sei porque escrevi
duas trovas de três versos
um sonetos sem tercetos
meio haiquase incompleto
tantos entre tanto lixo,
e tonto entre tanto resto
a caneta que eu procurava
só deixei por lá ficar
pois por esse par de estrelas
meu lirismo não contava
e menos ainda escandia
nesse espanto me perdi
mas não me fiz de rogado
escondi minha vergonha
ritmando na redondilha
sete fones sete versos
pr'estrelas de sete pontas
amparadas nos meus dedos
eram elas delicadas
e trançadas com esmero
duas estrelas de brio
quente de macio toque
do meu bodoque, da lira
que delira de tão doida
poesia pura e vadia
duas estrelas e a quinta
estrofe em septilha cai
sem tema sem trema sem
nem ao menos respirar
é só mofo de gaveta
com gorjeta guardada
pro velho verso garçom
sobe o tom e tira o pó
dessa poesia branca
asséptica que se lê
só com os olhos e nunca
com os ouvidos ou peito
abaixo o verso mental
quero fluxo do meu grito
meu doce agito termina
e sem rima não se manca
mas marca com fogo a língua
que repenteia meus versos
serpenteia minha boca
que surpreso ouve estrelas
e ri de encanto no lacio
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