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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

domingo, 15 de setembro de 2024

Xepa

Sempre fui da xepa, da promoção e da pechincha, comprei meu coração na barraca de um e noventa e nove.

Porém meu peito e pulmão, pobres e expropriados, fizeram fiado. Eles penduraram a conta pra minha garganta pagar sob protestos.

Por solidariedade a boca fez greve não queria o novo e vermelho inquilino: piquete montado, dentes  trincados...

Mas a mão furou, pelega, não era de esquerda. Furado o piquete o coração caiu na barriga, burguesa, de tão gorda se fez de sonsa e não quis devolver, foi briga das feias, minhas velhas veias tiveram que intervir:

GREVE GERAL e o general da cabeça, prefeito não eleito do meu corpo, entrou em febre, uma convulsão social. Reintegração de posse, biles, vômito e rebordose, mitocôndrias em pânico ouviam a internacional!

Eu feito latifúndio improdutivo, fui numa noite  tomado por uma princesa  socialista, que encampou meu corpo, pôs meu coração no peito, deu um jeito nos grevistas e botou de regime minha barriga.

E todos, em todas as partes, pedaços, ossos, órgãos, células, culturas bacterianas   e   tártaros superbacanas puseram abaixo a superestrutura. 

Era a revolução e, de agora em diante. Todos, todos teriam o direito, Inalienável, ao pão,  à poesia e... é claro, aos beijos dela.

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