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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Contando nos dedos


Quero ser livre sem amarras e sem regras:
conto e reconto sim os meus versos sem métrica; 
cravo no meu papel sons e palavras às cegas;
faço poemas mil em vaidosa estética.

São segredos senis que a verdade renega,
feito aqueles assim escritos na prática
solta do seu ardil, sutil, que em mim se esfrega
nessa ponta de língua afiada e dramática.

Verso livre? Será sempre meu melhor lema.
Sobre o metro? No canto eu jogo de castigo!
Faço fluxo mental por pura leniência...

Ei! sempre desconfie de quem conta poema,
de quem entra no esquema e faz versos medidos,
que faz da pena uma pena ou mesmo penitência!

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Cavalga-me

Cecília, noite toda úmida de teu mel...
dedilha, com amor, o cobiçado anel.
Enamorado, te faço um convite galante:
teu esfíncter ao redor de minha glande!

Cavalga-me! Do teu cavaleiro fiel,
será dama do lago ardente em corpo e véu.
Eu, afogado por ti: cócix, virilha e ventre,
navego na saliva atrás, entre e de frente!

Trago goles de vinho adivinho teu ato:
que me fala e faz e no falo me fela
que deseja vadia meu dulcíssimo gozo!

Te faço no meu mimo um deleite e maltrato:
teu tremor, teu gemido e grito me celebra
na fome que fartado em ti enfim me repouso...

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Terreno Fértil

Sou jardineiro da última flor do lácio
um coveiro nada culto tampouco belo
que cava com as próprias mãos o seu espaço
não sou ourives, me cai melhor o rastelo

Dessa terra bruta hei de tirar o macio
fruto cultivado e que tanto tanto espero
Pois do campo sou devoto e nele que crio
a fome de juntar sua foice ao martelo

Das cidades onde vivo do meu país
expatriado, apertado e apartado
num apartamento que ainda fala minha língua

Mas que nada me responde ou me diz
e pelas mitomaníacas condenado
sem resposta ou pergunta e sempre à míngua

domingo, 6 de setembro de 2015

Libertino

Eu me velo e desvelo num santo martírio
pelo que quero muito tanto ou talvez
Eu me faço e desfaço num doce delírio
pelo que trago, bebo e tomo duma vez

Eu que me corto, sangro mas também lhe firo
numa inocência pura vista nos bebês
mostro os dentes caninos dum velho vampiro
lhe rompendo pudores por toda sua tez

muito prazer sou seu satânico desejo
seu sexo mais ardente que todos pecados
de Sodoma, Gomorra e terras além-mar

Não me tema nem trema diante do meu beijo
sou fome, sou paixão de peito perfumado
pois em sua pouca carne vim para ficar