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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

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terça-feira, 29 de julho de 2008

Amargo Vazio

Lucas C. Lisboa

Meu rancor é tanto frio quanto cálido
Amargo tal um beijo calculado
e doce como a bela anis roubada
sem riso ou tristeza acalentada

Pouco me importa qual o meu estado
sem pensar quanto é certo ou errado
Eu não lamento tal vida alquebrada
quando se esvai minh'alma acorrentada

Insônia não é mau em companhia
quando bem juntos meu temor se esvai
deixando para trás qualquer cobrança

Insônia não é mau em solidão.
Quando ficar calado nada atrai
e a madrugada passa sem lembrança

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Tarde de verão

Lucas C. Lisboa

Efebo dos cabelos tão macios
Ninfa desnuda nada pelos Rios.
são companhias dessas melhores graças
após o bosque de apreciadas caças...

Flores e flautas surgem plos Estios,
Carícias com cuidados, muitos brios,
Divinos frutos, suculentas massas...
do odre tão raro três servidas taças

Doçuras d'um hálito juvenil,
tal Brisa do deus Zéfiro aos lábios,
perdem qualquer razão até os mais sábios

dos belos corpos são calores mil,
entre suspiros, relva tão macia...
afinal, cada taça está vazia.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Literatura Potencial

Lucas C. Lisboa

Flerto hoje com o movimento Oulipo
pois não direi que nele eu acredito
mas que talvez tenham a solução
para livrar-me desse vil grilhão

É no seu paradoxo q'eu insisto
num casamento tão perfeito e quisto
abocanhando as normas com paixão
frutos de liberdade nascerão

velho Parnaso até o Sr. Drummond
escolherei o mais afinado som

dos de Concreto até meu fiel Bilac
desonrarei jamais versando araque

luzes eternas da inspiração da vela
serão Augusto e a bela flor Florbela

terça-feira, 22 de julho de 2008

Sátiro

Lucas C. Lisboa

Olhos violaceamente tão injetados
incréu à tal fada que lhe sorri...
Sátiro co'a flauta de mil bordados,
em cada nota um naco da de si!

Vai pelo ar na presteza dos alados:
convida sáfico igual colibri!
Na sedução de ardores, mil cuidados...
pelo rubor da Fada, Ele se ri!

Quando co'a flauta vem seu belo canto,
dando-lhe beijos sem qualquer aviso...
roubados, mui bem dados por vaidade!

Chegando a noite a lhe servir de manto,
pois nela o seu maior pranto é de riso
por actos em ausente sobriedade...