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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
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sexta-feira, 8 de julho de 2016
Sanatório
São vinte horas, é troca de turno
e a enfermeira Bela, seu jaleco
despe enquanto no quarto soturno
ele lhe tira mais c'o intelecto
Nua na cama tem um sonho noturno
do poeta que lhe queima e molha o nexo
e lhe leva de Vênus a Saturno
entre dor e gemido no mesmo eco
Com seu nome aos lábios assustada
acorda como se um beijo profundo
houvessem lhe roubado essa noite
Mas o beijo veio por Morgana a fada
que compadeceu do poeta imundo
de coração bom entre um e outro açoite
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Banal
não sou poeta para citação
em folhetim revista ou jornal
nem caio bem na coluna social
e nem no diário de coração
eu sou poeta do dia mais banal
da coisa já sem brilho ou razão
do instante mínimo além do tesão
típico do caderno marginal
falo da menina quase sem graça
que acha graça da minha cantada
falo dos belos mendigos da praça
que transam na fonte de madrugada
falo da minha poesia de raça
impura e filosofia renegada
em folhetim revista ou jornal
nem caio bem na coluna social
e nem no diário de coração
eu sou poeta do dia mais banal
da coisa já sem brilho ou razão
do instante mínimo além do tesão
típico do caderno marginal
falo da menina quase sem graça
que acha graça da minha cantada
falo dos belos mendigos da praça
que transam na fonte de madrugada
falo da minha poesia de raça
impura e filosofia renegada
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Ramalhete de palavras
Bonitas frases e flores singelas
são tudo que tenho a lhe oferecer
pra provar, pulo muros e janelas
espalho doces versos pra você
Cândidos cravos junto a rosas belas
eu trago pois se fosse seu querer
pintaria nas mais vivas aquarelas
só prum riso de seus lábios nascer
tenho duas mãos e a mente apaixonada
singro mares de morros, cruzo montes
quebro prantos e medos mais medonhos
eu simplesmente sei que é minha amada
pois em toda a arte somos amantes
nosso castelo é de pedras de sonho
são tudo que tenho a lhe oferecer
pra provar, pulo muros e janelas
espalho doces versos pra você
Cândidos cravos junto a rosas belas
eu trago pois se fosse seu querer
pintaria nas mais vivas aquarelas
só prum riso de seus lábios nascer
tenho duas mãos e a mente apaixonada
singro mares de morros, cruzo montes
quebro prantos e medos mais medonhos
eu simplesmente sei que é minha amada
pois em toda a arte somos amantes
nosso castelo é de pedras de sonho
sábado, 8 de setembro de 2012
Para uma poetisa de mão cheia
Bem eu sei que tem sonhos dos mais nobres
e um ralhar mais severo não só irrita:
deprime e propicia males piores...
mas elogio vão nem cai bem na fita!
Linguagem rebuscada, rimas pobres
pois escreve sonetos como se imita
poetas mui antigos por uns cobres
não vê que cega, tolhe e se limita?
Queria ver mais esmero na escansão
mais sabor, tino e crítica na rima
e um versejar mais solto com sua pena
Aprenda no repente e na canção
a amar como mulher e tal menina
brincar com os mil sons desde pequena
e um ralhar mais severo não só irrita:
deprime e propicia males piores...
mas elogio vão nem cai bem na fita!
Linguagem rebuscada, rimas pobres
pois escreve sonetos como se imita
poetas mui antigos por uns cobres
não vê que cega, tolhe e se limita?
Queria ver mais esmero na escansão
mais sabor, tino e crítica na rima
e um versejar mais solto com sua pena
Aprenda no repente e na canção
a amar como mulher e tal menina
brincar com os mil sons desde pequena
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