Publicação em destaque

Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

Mostrar mensagens com a etiqueta Sonetos e Sonetilhos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sonetos e Sonetilhos. Mostrar todas as mensagens

domingo, 29 de abril de 2018

Mascate

Não penso ou pondero na sacada
e desafio os fios dos novelos
que desfio suspirando por seus pelos
pelo bigode na nuca arrepiada

meu deus, releva a relva emaranhada
nos castanhos cacheados dos cabelos
de meu amado amante que os conselhos
de mamãe sempre disse ser cilada

quando me leva leve num enlace
laça meus pulsos como que num passe
de mágica de charlatão fugaz

engana-me seu engodo glorioso
nossa relva, meu leito e o seu pouso
repousando-me o gozo do rapaz

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Banal

não sou poeta para citação
em folhetim revista ou jornal
nem caio bem na coluna social
e nem no diário de coração

eu sou poeta do dia mais banal
da coisa já sem brilho ou razão
do instante mínimo além do tesão
típico do caderno marginal

falo da menina quase sem graça
que acha graça da minha cantada

falo dos belos mendigos da praça
que transam na fonte de madrugada

falo da minha poesia de raça
impura e filosofia renegada

sábado, 17 de novembro de 2012

Para "A queda" um band-aid

Me diz: "o seu corpo é sujo!"
que meu prazer é um mal
censura se me lambuzo
com delícias sem igual

Se rejeito tal abuso
é pecado capital
me acusa d'outro desuso
de ser crente do infernal

Pois eu rejeito esse intruso
não me cabe culpa e moral
E sem fé bem que lhe acuso
de ser anti-natural

Pois vestir calças é russo
no meu pais tropical
Me deixe que não lhe fuço
na sua vidinha sem sal

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dia de chuva

Passei o meu dia à ferro
pra alinhar todo meu mundo
como se ele fosse um terno
que se molhou num dia frio

Tentei consertar meu erro
encher de nada o vazio
jurando que seria eterno
só por mais esse segundo

Eu queria ter no meu peito
um algo que desse jeito
de chamar de coração

Tenho é um vazio perfeito
um belo sonho desfeito
que me canta a solidão

Ramalhete de palavras

Bonitas frases e flores singelas
são tudo que tenho a lhe oferecer
pra provar, pulo muros e janelas
espalho doces versos pra você

Cândidos cravos junto a rosas belas
eu trago pois se fosse seu querer
pintaria nas mais vivas aquarelas
só prum riso de seus lábios nascer

tenho duas mãos e a mente apaixonada
singro mares de morros, cruzo montes
quebro prantos e medos mais medonhos

eu simplesmente sei que é minha amada
pois em toda a arte somos amantes
nosso castelo é de pedras de sonho

sábado, 8 de setembro de 2012

Para uma poetisa de mão cheia

Bem eu sei que tem sonhos dos mais nobres
e um ralhar mais severo não só irrita:
deprime e propicia males piores...
mas elogio vão nem cai bem na fita!

Linguagem rebuscada, rimas pobres
pois escreve sonetos como se imita
poetas mui antigos por uns cobres
não vê que cega, tolhe e se limita?

Queria ver mais esmero na escansão
mais sabor, tino e crítica na rima
e um versejar mais solto com sua pena

Aprenda no repente e na canção
a amar como mulher e tal menina
brincar com os mil sons desde pequena

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Doutor Adevogado

Moço sério, roupa nobre
pasta de couro e relógio
no bolso nada de cobre
só notas de valor régio

Papéis que lhe versam sobre
assuntos e bens valiosos
que ameaça contra o pobre
e deixa ricos charmosos

tem no peito seu inimigo
que canta na madrugada
tal um bêbado risonho

mas sei que há muito mendigo
trajando terno e gravata
pedindo um pedaço de sonho

domingo, 29 de julho de 2012

Abençoada e ungida

minha moça santa
de olhos azuis
e de pele branca
que rubra reluz

moça que me encanta
com sua doce cruz
que bem me levanta
e pra fé faz jus

eu vou lhe abrir
todas as marés
com louvor e pranto

eu quero lhe ungir
da cabeça aos pés
com meu óleo santo

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Café com leite

Lucas C. Lisboa

O negro de forma bela
e cheio de melanina
com esse seu olhar mela
a nina de uma menina

De pele branquinha ela
se faz tão doce e felina
que arrepia toda aquela
nuca atrás da trança fina

Sim, negro garboso e afro
de cabelos de tantas tranças
seduz os olhos da gringa

Ela se sonha no sarrafo
dele enquanto dança
dura seguindo sua ginga