Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
sábado, 28 de novembro de 2009
Estilística
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Alma de Poeta?
Faz muito que escuto essa história, essa balela pseudo-romantica e modernosa. Um poeta nasce poeta? É preciso graça divina e nenhum esforço para verter lindas palavras?
Francamente! Dizer isso não me soa como nenhum elogio! Eu não passo dias treinando, estudando, aprendendo sobre as possibilidades estéticas da lingua portuguesa para que todo meu esforço seja creditado a "minha alma de poeta".
Tal qual um músico aprende a tocar seu instrumento precisando muito treino para dominá-lo inteiramente. Um poeta deve aprender a dominar o metro, aguçar sua capacidade de criar rimas e eufonias, aprender a trabalhar concormitantemente linguagem e som. Qualquer um escreveria divinamente com o devido tempo, contanto que dedicasse o devido tempo de estudo e persistisse no seu intento.
Discordo que a mera inspiração seja capaz de criar um poema perfeito. Há uma sensível diferença entre um autor que rabisca as primeiras linhas, o autor que já escreveu cem sonetos e o autor que é versado em divesas formas e metros.
Não que o caminho clássico seja o único capaz, evidentemente é possível se atingir expressividade plásticas, sonoras e líricas para além do classicismo. Porém tal não se dá também num rompante, um poeta transpira ao fazer seu poema e dizer que ele sai numa vertente única e divina...
Francamente! Nenhuma arte funciona assim! E deixar que acreditem que tal é verdade só desmerece o trabalho do poeta, do artista. Dizer que qualquer um faz de qualquer jeito uma obra maravilhosa faz com que toda a obra perca seu valor.
"Porque do metro?" me perguntam frequentemente. A Versificação é todo um conjunto de estudos que lhe ensina a compreender melhor a relação intrincada entre linguagem, ritmo e som. Ela permite que se identifique com maior clareza e habilidade os melhores momentos e as melhores posições que as palavras irão assumir num verso de modo a causar a maior extesia possível.
Com o estudo e treino da arte versificatória o escritor adquire flexibilidade e dominio léxico, amplia enormemente seu próprio vocabulário e não é pego com tanta facilidade num abismo onde nenhuma palavra se encaixa.
Decerto que a versificação não pode ajudar o poeta no que ele vai dizer, no conteúdo intrinsceco de seu discurso, mas vai, sem a menor sombra de dúvida, auxiliá-lo na melhor forma de dizê-lo.
quarta-feira, 19 de março de 2008
O Ritmo
O ritmo é um dos elementos fundamentais para a eufonia (eu=verdadeiro/belo/certo, fonia=som) de um poema. Na poesia clássica o ritmo se "afina" a partir de duas características simples: o metro e a tonicidade.
O metro define de forma geral o tempo dos versos, é através dele que se têm os intervalos regulares de um poema, seria o ritmo geral que se mantém ao longo de todo o poema.
Entende-se por metro o número de sílabas fonéticas de um verso contadas até a última tônica. A sílaba poética (ou fonética) se distingue da sílaba gramatical por se basear não nas regras gramaticais, mas no som das palavras.
Cada sílaba poética corresponde a um som, por isso, ocorrem distinções da gramatical, podendo ocorrer o fenômeno da Elisão quando sílabas, gramaticalmente diferentes, se tornam um mesmo som ou o caso da separação de uma mesma sílaba gramatical em mais de uma sílaba poética por formar mais de um som distinto.
Já a regularidade tônica de um poema, que é definida pela alternância entre as tônicas e as átonas, define o ritmo específico do verso.
Na língua portuguesa o metro prepondera sobre a regularidade tônica. Servindo como auxiliar na hora de definir o poema como de ritmo ascendente (quando o verso começa com sílaba átona) ou descendente (quando o verso começa com silaba tônica).
Exemplo:
EUEu/sou_a/ pe/na/do/po/eta (7 silabas fônicas)
sou/um/tor/to_em/li/nha/reta (7 silabas fônicas)
Sou/chi/co/te/ do/ca/rrasco (7 silabas fônicas)
Sou/ pra/zer/ en/quan/to_um/asco (7 silabas fônicas)
No exemplo acima temos uma trova de metro heptassílabo, pode-se notar a contagem silábica até a última silaba tônica. No primeiro verso vemos tanto o caso da elisão em: “/sou_a/” e também um caso de separação de uma silaba gramatical em duas fonéticas em: “/ po/eta”.Todos os versos são de tonalidade ascendente como se pode perceber pelo negrito que marca as tônicas.