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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
domingo, 22 de dezembro de 2024
sobre a brevidade da vida
terça-feira, 5 de julho de 2022
Tempos melhores
pra toda boca que beija
Bang bang só nos cinemas
retomados das igrejas
Bibliotecas eu prefiro
do que esses clube de tiro
quarta-feira, 19 de janeiro de 2022
Sujeito Erroso
quarta-feira, 5 de janeiro de 2022
Na ponta dos dedos
quinta-feira, 18 de novembro de 2021
Cuando grita
sábado, 28 de agosto de 2021
Em lá maior
sempre o velho do re mi
mas meu coração coloca
meus ouvidos só pra ti
eufônica de tão bela
minha menina Mirela
quinta-feira, 10 de junho de 2021
Road Trip
domingo, 7 de março de 2021
Miau
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Lentamente
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
Narcisa
sábado, 14 de novembro de 2020
Passeio
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Oração ao Senhor dos Passos
Senhor dos Passos, mestre caminheiro
lhe persigo no trilho de seus traços
Suas trilhas são inicio, fim e meio
dos meus desejos, prazeres, percalços
Sua troça, sua fala e até seu não dito
é guia de quem caminha por instinto
Grato ofereço minha voz, meu verbo,
meu verso, com dom de falar na rima
Eu lhe sou longe quando lhe sou perto
sou seu cantante de palavra fina
Não carrego, tambor, flauta ou lira
deixo o certo e o alvo pra sua mira
Senhor dos Passos, mestre caminheiro
que faça se perder quem no meu calço
cisma de pisar com seu devaneio
de injustiça, mentira e pés em falso
Senhor dos Cantos, sua música repito
com minha métrica faço meu grito
Eu lhe sirvo ventos, vozes e vaidades:
essas verdades co'ares de Mentira
e essas mentiras co'ares de Verdade
Pois sei que vira e mexe (ou mexe e vira)
caio na teia ou caio na trilha
na velha sina de minha família
Senhor dos Passos, mestre caminheiro
não me dê o destino me dê o laço
pra domar o cavalo sem rodeio
e ir de galope, trote ou no passo
do que eu posso fazer com meu afinco
com seu grato gosto de vinho tinto
Embriaga quem diz do que não sabe
quem desdenha e desmede sua mira
tonteia e descaminha até que acabe
a bonança de quem a pedra atira
achando que assim no santo se espelha
pois sou seu filho da estrada vermelha
sexta-feira, 31 de março de 2017
Lentamente
não mais me diz quem eu sou
muito menos porque vivo
Não tenho mais essa sorte
que do meu peito passou
só me resta um frio cativo
Não sei bem quem mais errou
e por mais que viro e revivo
não acho qualquer resposta
Tantos meses se calou,
meu lirismo tão altivo,
que de mim mesmo se desgosta
Qual verdade, qual meu crivo,
do pesadelo uma amostra
que do gosto me ressinto
Dessa sala não me livro
migalhas na mesa posta
é o q'Eu como tão faminto
Perdi o jogo, perdi a aposta
nem lavra, ouro ou quinto
me resta desse desejo
Das montanhas até a costa
acabei-me por extinto
todo gosto de meu beijo
Minhas mágoas de absinto
no meu quarto de despejo
guardo minha melhor veste
Manchada de vinho tinto
que lambo, esfrego e almejo
com toda sede do agreste
No caco d'espelho vejo
o meu sangue e minha peste
minha humilhante derrota
No embalo do realejo
mecânico e inconteste
cuja melodia me corta
Não há um deus que me ateste
que me indique a certa porta
d'esperança e acalento
Não há diabo que se preste
a me contar uma lorota
que me afaste esse lamento
Não há jardim e nem horta
onde eu colha o sacramento
ateu duma vida bela
Espinho seco, flor morta
sem horizonte no firmamento
sou nau sem mastro ou vela
Testemunho e testamento
minha herança e sequela
de coração aleijado
Desatino desatento
escondido na janela
do meu quarto rejeitado
Aqui jaz a sentinela
do anjo roto e maltratado
que quis o meu bem querer
Hoje é quadro d'aquarela
em lágrima aquarelado
me pintando sem me ver
Tento e tento ter cuidado
ao meu pranto recolher
destilado num só frasco
Suturado e retalhado
sucessivamente ser
sendo meu algoz carrasco
Venha, venha logo ver
não é ensaio de teatro
nem coroa dum infante
Meu ocaso é pra valer
sem pudor e sem recato
jaz em dois o diamante
Poema inacabado
bom, ruim, leal ou mau
ainda quero meu poema
escrito co'a linha forte
da palma de minha mão
tracejada em fino corte
Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
Cutucando meu edema
num masoquismo de morte
voando a partir do chão
seguindo sem sul nem norte
Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
Quero que o fio do frio trema
todo meu corpo na sorte
caída no caramulhão
um anjo d'altivo porte
Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
a caldeira lhe queima a lenha
solta fumaça no trote
torce o torque do pistão
é tanta trata e transporte
Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
na barca de rima rema
um cavalo de pinote
com ar puro e cara do cão
ladrando ante seu bote
domingo, 5 de fevereiro de 2017
Máxima Podolatria
ela me lambe os detalhes
dentre os dedos de meus pés
deixando-me rijo tal entalhe
com seu sexo nas marés
oceânicas de desejo
de cima abaixo até o queixo
domingo, 3 de julho de 2016
Sextilha para FLIP
Pois queria eu estar em Paraty
mas demasiado cedo é para mim
ir onde as pedras lembram-me de ti
dos dias felizes que agora, enfim,
me doem por ser verão curto no inverno
que hoje aqui me abraça como eterno
terça-feira, 5 de abril de 2016
#SaraPintado
com meus olhos tristes
e livreto leve
a poesia segue
entre tantos mestres
que são aprendizes
pra dias mais felizes
segunda-feira, 14 de março de 2016
Pornochanchada para
Lhe digo, não é cilada
ela quer tapa na cara
quer na goela esporrada
É tão pura e doce Lara
quando tá muito inspirada
cheia de sanha e tara
Lhe faço logo a charada
me diga com quanta vara
pica, pau ou caralhada
se satisfaz uma Sara
pois só goza com porrada
que começa e nunca para
Lhe digo, não é errada
quando ela repete, fala
quer muito mais pirocada
que tem muita fome a Clara
na cama nua depilada
geme, grita e escancara
Lhe faço logo a piada
sobre o que será que sara
depois duma chicotada
na bela bunda de Nara
fica roxa, avermelhada
que de quatro se prepara
terça-feira, 1 de março de 2016
Primeiro de março
Rio de Janeiro em festa
para meu aniversário
na janela pela fresta
vejo apenas o operário
pela chuva castigado
justo nesse feriado
Conserta o que os salafrários
que tão bem tem estragado
com seus régios honorários
e cargos comissionados
fazendo a gente de besta
de segunda até na sexta
Então anoitece sábado
e já não há quem resista
a dançar junto colado
patrão e empregado na pista
sem ver pompa ou salário
domingo é dia de baralho
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Tropa Natalina
pelo sertão derradeiro
das muitas minas gerais,
bem longe das capitais
guiando burros em tropa
e com cavalo que trota!
Mula madrinha enfeitada
por muito chão, muita estrada
levava o comércio de ouro
dentro do embornal de couro
dos garimpos até os roçados
era ele muito aguardado
Trocou tropa pelo trem
e ao progresso disse amem
quando a ferrovia chegou
e novamente se inventou
pois dentro do seu vagão
todo, arroz, milho, feijão
Ele mesmo compraria
para vender lá na Bahia
e de lá vinha descendo
com o seu vagão trazendo
perfumes, panos, tecidos,
remédios e mil artigos
Por anos indo e vindo
fez ele seus dividendos
Casado com Terezinha
fizeram na vilazinha
seu comércio e pensão,
a maior da região.
Com a casa logo erguida
já quiseram em seguida
uma professora pra lá
para contas e beabá
ensinar pela primeira
vez para essa vila inteira
Nem tudo foi belo e bom
e num grito fora do tom
vieram os tiros de canhão
e trem, vagão e estação
já não existiam tais
e mudou-se uma vez mais
De Alfredo Graça pegaram
o último trem e pararam
na cidade de Teofilo Otoni
e eles sofreram ali
a triste separação
em nome da educação
De todos os seus filhos
Natalino foi nos trilhos
de volta para a fazenda
de seus pais numa contenda
lá para as margens do Rio
Setúbal num desafio