Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
domingo, 23 de janeiro de 2011
Sobre a pequena rocha
em laços e enlaces
cordas e correntes
fizemos as pazes
aos beijos ardentes
domingo, 2 de janeiro de 2011
Promessa
um Soneto a cada dia
que despertasse contigo
com os seus braços de abrigo
Você logo saberia
que plena nunca seria
como se dormisse comigo
ao sabor do doce figo
Que fosse minha morada
e eu seu Algoz protetor
e lhe beijasse curada
De toda, Toda, sua Dor
que fosse plena e amada
por mim sem qualquer pudor
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Dúvida
O riso depois do pranto,
é ofertar banquete ao santo?
O que diz do afago vil
vindo após os tapas mil?
domingo, 26 de dezembro de 2010
Dádiva de Mulher
Pois quando lhe vi de fita
presos seus claros cabelos
Sonhei vestida de chita
vestido dos mais singelos
Um espelho deu a pista
dos desejos nús em pelos
que ela guardava bem quista
e também quis eu querê-los
Culpa do rosto boneca
e dessa pele tão branca
que me dá vontade de morder
É graça quando se mexe
puro fantoche e fetiche
pro meu prazer perverter
sábado, 25 de dezembro de 2010
Amor Platônico
Eu lhe deixei sim mensagens
Mas vi que eram só miragens
Meus sonhos de pardieiro
pela ave d'outro viveiro.
Eu lhe bordei mil imagens
em meu leito tal paisagem
de desejo verdadeiro
para tê-la por inteiro
sou poeta seduzido
Por seus cabelos tão louros
e seu sorriso de lado
quem dera ser eu querido
pelo mais belo tesouro
que me deixa alucinado!
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Aborto
Que raio de calor é esse
que no fundo não me aquece
Se o jogo eu perdesse
antes que sequer comece
sábado, 11 de dezembro de 2010
Ela
dos óculos o aro
seus olhos oculta
meu olhar avaro
à cobiça insulta
seu cabelo me é caro
de maciez arguta
tão casta que calo
minha mente puta
Seu riso e seus lábios
encantam quem passa
inspiram a brasa
Deliram os sábios
no fumo que passa
e no anjo sem asa
Modernoso, cuidado!
Versos não sabe escandir?
Sequer passe por aqui!
Qualquer poesia que valha,
precisa dessa tralha!
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Gozo
Quando o seu corpo faz junto ao meu
um ângulo perfeitamente reto
Chegando assim num ápice tão seu
de um céu longuinquamente mais que perto
O paraíso faz meu lado ateu
acreditar que sou eu o divino
quando ela já foi e perdeu
a lucidez em puro desatino
Veja, de tantos passos só um destino
O que começa com um simples beijo
se termina secreto sob o sino
Eu lhe tomo nas mãos bem mais que certo
de que é da minha posse o vil desejo
consumando o senil e gerando o feto
terça-feira, 30 de novembro de 2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Domingo de Família
Qualquer assunto aleatório
vira tema de velório
bem falta açucar no chá!
ou das novas cochicar
Mas nada ouve o inglório
do morto no falatório
defunto igual não há
presunto ai de quem provar
A nora nova afana a taça
ela faz com quatro quadras
seus dedos duma quadrilha
Os três irmãos saem no tapa
se faz com quantas espadas
a moral duma família?
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Minha Sina
Tenho problemas co'a sina
de com dor de cotovelo
escrever sobre a menina
que foi sonho e pesadelo
o Jeito da pequenina
eu nunca vou esquecê-lo
nada cura a medicina
só pinga limão e gelo
embriagado me alucina
e desenrolo o novelo
de tanta frase traquina
e de verso sem conselho
nunca sei quando termina
a deixa detrás do espelho
o meu poema fulmina
a carta sem rumo e selo
terça-feira, 9 de novembro de 2010
minha menina
de porcelana seu rosto
de malicia seu sorriso
de sua boca vem o gosto
de pecado e paraiso
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Maldito Metro
Te tenho-te amargurado
corroído encarcerado
recuo tanto que recuso
a queda do desuso
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Trova Singela
vem na roda e dança
que eu te amo e te quero
como uma criança
quer um caramelo
sábado, 30 de outubro de 2010
Não eram velas sobre a escrivaninha
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
O que é arte?
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Oralidades e Linguistica
domingo, 17 de outubro de 2010
Meu engano
tudo que realmente temos
é aquilo que nós perdemos
que fica numa lembrança
tão infantil de criança
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Amor inacabado
Porque voltei pra buscar
se já tinha se acabado?
Como me afogo num mar
que é seco de tão salgado?
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Sonho
eu lhe pego pelo seu punho
no frio do mês de junho
eu mais gosto do seu gosto
no mês de tempero agosto
me beije ou vire o rosto
pois seu olho diz o oposto
quase nada de rascunho
do que diz seu testemunho
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Entre Ariadne e Andrômeda
Labirinto de paixoes
Fetiches entrelaçados
Amarras e conexões
laços por todos os lados
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Blasfêmo!
Se eu fosse tão sacro Abade
lhe queimaria no alto altar.
Se eu fosse Marquês de Sade
brindaria seu paladar!
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Canalha
Sorria e me beije
as suas lágrimas são belas
mas seus lábios mais
Apenas deseje
d'um jeito mais do que aquelas
putas do meu cais
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Desabafo
domingo, 5 de setembro de 2010
Enamorados
É belo, fugaz e sutíl:
o flerte cheio de ardil:
"Se você bater eu sangro"
Se você sangrar eu gamo
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Versificação Voraz
Vermelhos, vis, violentos
versos vicejam veementes
violam vossas virtudes
versejando verdades
Proposta
Você gosta de cultura,
e também duma aventura
pensa que bela cena
seu boquete no cinema
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
A cicatriz do Palhaço
A Dor é um aviso que nos diz
ao sofrer pele adentro forte talho
enrijecerá ali uma Cicatriz
deixando espaço para sempre falho
Porém, depois de tudo que ja fiz
não posso dar às dores qualquer ralho
sem posar de mal paga meretriz
que fora descartada do baralho
Minhas malgradas dores são terrenas
as marcas ferem muito mais meu ego
sou puro santo tal arqueiro cego
Nesse reino de mentiras pequenas
vero é que meu riso esconde o medo
que tenho de ser velho ainda cedo
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Do Desvario Delirante
de desgoto em desgosto
degusto dulce dolor
dulcíssimas delícias
deliciosíssimas dores
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Vaso de flor
Provocar os sentidos evocando
sonhos, ódios, paixões ou muita dor?
Desafio co'a palavra anil pintando
um vaso singelíssimo e sua flor
Enquanto passam pelas ruas cantando
a perda d'algum veraneio amor...
Eu Revelo mil gozos delineando
quadros com perfeição luz de pintor!
São detalhes que não deixam ao acaso
ou fortuito d'espelhos quebrados
para criar mosaicos dessas vidas
É nos jardins e bosques do Parnaso
nos montes de arvoredos bem cuidados
que pendem frutas pelas mãos cerzidas
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Sonetilho sem tema
Tira teu cabelo
da cara, moleque
não pode esconê-lo
do erro que comete
Tira gata o novelo
desfia e te tece
fitas pra prendê-lo
n'algo que não preste
Termina com zelo
a mesura preste
que se faz sem sê-lo
Tira deste leque
teu bom pesadelo
e medos que mete
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Pois eram um belo par
Elas por zelo eram aças
e a maciez vicejava
de tão castas e intocadas
nas peças que trajava
Luvas Ele sempre usava
e ela sua maior das graças
quando que ele lhe sovava
às nádegas co'as mãos nuas
Seu deleite era segui-las
com longo e languido olhar
por seu espelho de canto
Albas, puras e enfim belas
quando vinham a ressoar
nas carnes de serva ao santo
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Amor
Se amo não tenho certeza
mas quero o que há na mesa
e degustar prato a prato
do gordo boi e seu mato
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Lição
quando o metro você aprende
nada mais lhe surpreende
fica fácil de ser feito
o poema mais perfeito
terça-feira, 13 de julho de 2010
domingo, 4 de julho de 2010
Xeque-mate
Sabe, no xadrez da vida
todo mundo é peão
só dependendo querida
do tamanho de qual mão
que mexe no tabuleiro
e comanda o pardieiro
Membro superior
Mão esta, senil e rota!
Sufoca por um momento!
De todo e puro tormento!
Mão esta, bela e cálida...
Carícia por um momento...
De todo e puro alento...
Mão esta, forte e gentil.
Segura por um momento.
De todo e puro pensamento.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Mas nós estávamos sós
Nisso nós estávamos nus
nus sob os olhos de nós
e nos nós nos prediam nus
nos deixando junto a nós
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Micro conto em 140 caracteres
terça-feira, 29 de junho de 2010
Ninfeta
terça-feira, 22 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
e nem é carnaval
noite cai, O vento sopra
e fica a moça na janela
em sua paciente espera
do rapaz que brinda a copa
Eu, Desejo
Qual o encanto da cultura
esquecida sem valor?
Qual o pranto que me cura
com muita vida e vigor?
Qual o canto que tortura
somando prazer e dor?
Qual o santo que procura
noite e dia sem pudor?
Me faço em forma nenhuma
traço a reta da curva
e lhe lanço o desafio
Me pegue antes que eu suma
nas águas da fonte turva
dum labirinto sem fio
quinta-feira, 3 de junho de 2010
terça-feira, 1 de junho de 2010
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Manifesto
Estudo na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e por esse nome fica bem claro que a filosofia não faz parte das ciências humanas e duvido muito que se encaixe bem como qualquer outra ciência. Sim, isso parece piada, mas me leva a pensar no porque de nosso curso ser tão engessado pelas normas dessas ciências que, de certo modo, não deixam nada a dever à Escolástica Medieval! Com normas, métodos, restrições e mil barreiras ao livre questionamento e livre pensamento que, inocentemente, achei que eram fundamentos da Filosofia.
Cheguei para o curso de filosofia com vários nomes e idéias, lidos em livros de história, vistos em documentários e até mesmo citados em mesas de bar. Tive a ilusão de que esses nomes fossem importantes e que eu os estudaria no curso de Filosofia. Fui, entretanto, surpreendido por uma porção de nomes que nunca tinha ouvido falar na minha vida, nomes que foram esmiuçados aos mínimos detalhes sob a justificativa que eram os percussores ou os herdeiros de um daqueles nomes importantes.
Durante muito tempo me culpei, pois, por desleixo meu, eu saí do ensino médio sem conhecer a fundo nomes como Nietzsche, Marx, Maquiavel, Jean Bodin, Rousseau, Montesquieu, Sartre e outros tantos mais que, dentro de sala, eram apenas citados como se todos ali já tivessem lido e relido cada obra e assim fosse necessário ir aos autores periféricos para um maior aprofundamento daqueles temas que eu já devia saber a fundo desde o primeiro dia de faculdade! Os anos de graduação se sucederam e minha esperança se renovava a cada semestre. De quando em vez um ou outro aparecia, mas em seu texto mais obscuro e árido, aquele mesmo que ele nunca completara, lançado postumamente, em língua estrangeira ou de sorte um texto com dúvidas de sua autoria.
Com o tempo percebi que aqueles textos e filósofos obscuros eram o nicho de pesquisa de meus professores. Não duvido que fossem eles fascinantes de se pesquisar, afinal, não estavam saturados como os cânones! Porém, eram fascinantes para quem dominava bem os fundamentos, as idéias principais daqueles filósofos sobre os quais orbitavam os demais. Tive um espanto ao ser apresentado a conceitos profundamente formulados, que meu professor havia desenvolvido com primor. Mas novamente não havia nenhuma preocupação em sedimentar as bases da compreensão daquele conceito. Sentia-me como se no colégio estivessem tentando me ensinar a multiplicar antes de aprender a somar (e confesso que às vezes alguns professores já chegavam direto com a raiz quadrada).
Felizmente, nem todos os professores queriam que eu lesse Guimarães Rosa antes de aprender o alfabeto, tais professores que realmente tinham o dom do ensino conseguiam me levar de um ponto ao outro, começando dos conceitos mais básicos, para depois reconstruí-los em conceitos mais sólidos.
Tais professores eram poucos, na maioria das aulas eu me sentia como um rato de laboratório, um claque obrigado a prestar atenção nos detalhes da última pesquisa do professor. Eu via uma inversão perversa, os autores fundamentais apareciam em disciplinas esporádicas, optativas, enquanto que nas disciplinas obrigatórias me deixavam frente a trabalhos restritos em seu conteúdo e abrangência. Comecei a enxergar nisso um descaso de determinados professores, um desinteresse total pelos alunos. Como se não importasse para eles o aprendizado, a formação geral de cada um apenas, quando muito, querendo-os para suas próprias escolas filosóficas, como se desejosos de um coro para reafirmar suas idéias.
Tanto descaso ficou muito claro quando um professor ao criticar o método de "outros professores" comparou as notas que cada um dava a um mesmo aluno, dizendo que era impossível que aquelas notas tão altas fossem condizentes com a capacidade do aluno. Em nenhum momento questionou quanto a sua própria capacidade de lecionar, de fazer o aluno se interessar por seu tema e muito menos que fatores acadêmicos e extra-acadêmicos levaram àquele aluno aos resultados que ele observava.
Ao longo do curso de filosofia testemunhei o abandono de muitos colegas, muitas crises pessoais e muitos trancamentos repentinos. Como nenhum professor tomou uma atitude depois de tantos casos graves de suicídio e de tentativas se tornou um mistério para mim. Quando questionados simplesmente respondiam que não foram procurados, não lhes pediram ajuda. Tal pode muito bem ser uma desculpa perfeita se esqueço é claro que quem tem problemas muitas vezes não sabe ou não consegue pedir ajuda e sequer sabe dos meios que poderia recorrer para pedir ajuda.
Tais questionamentos me fazem pensar se os professores sabem quais são seus deveres para com os alunos. Percebi logo que a universidade é um mar de burocracia onde os professores se resguardam fechando os olhos para os direitos do aluno. Vi muito professor forçar a data de um exame especial para dois dias depois da prova final, sem tempo para se estudar minimamente. Não é dito que o professor só pode marcar um exame especial para antes da data prevista em calendário se todos os alunos concordarem.
São tantas as frustrações ao longo do curso que não entendo como essa filosofia que aprendi durante esses anos todos um dia influenciou revoluções, mudou a forma que o homem pensava a si mesmo. E tenho mais dificuldade em como foi possível que no Maio em Paris houvesse professores-filósofos juntos com os estudantes! Há uma falta de Empatia que me sufoca nesse curso, é esse o maior problema da filosofia: Como se libertar do engessamento, do rigor, do distanciamento academicista, como tornar a filosofia viva e fértil para os seus e também para a sociedade.
domingo, 30 de maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Confessionário
Ontem, um copo de leite
mamãe me deu em seu ninho
Hoje um seio nú em deleite
mamo com todo carinho
Não há gula q'eu não aceite
se oferecida com jeitinho
gosto de carne, mel e azeite
junto dum odre de vinho
Eu lembro da prima bruna
de pele macia e escura
com mamilos tão gostosos
Responsável por alguma
ou várias de minhas taras
juvenis e outros gozos
terça-feira, 25 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
A forma da racionalidade
O arcadismo surgiu como uma proposta literária que se primou pela forma, estrtuturada e com uma definição dos meios para se alcançar uma poesia perfeita. Definima não só a forma como também seu conteúdo. Os temas, os metros, as regras foram todas estabelecidas rejeitando o obscuro Barroco e adota principios norteadores como "inutilia truncat" e " "aurea mediocritas" onde o primeiro dizia para se cortar os excessos e rebuscamentos desnecessários à arte e o segundo estabelecia o diálogo direto com o quotidiano e racional em detrimento do irracionalismo sagrado e profano.
Tal processo racionalizando da vida humana tem seu ápice no século XIX onde a industrialização da Inglaterra já deixou o reduto têxtil e avançou para uma complexa máquina fabril e mercatil em uma forma consolidada de capitalismo que possibilitou o surgimento do império que nunca dorme. A França além de ter lançado os ares da revolução também propagou o Parnasianismo que, depois de um aparente recuo romântico na segunda metade do século anterior, surge com uma proposta ainda mais profunda que a dos Árcades.
Os Parnasianos se protaram como cientistas dos versos começam a dissecá-los em sua anatomia, prestando o trabalho de definir a sonoridade de cada vogal, de classificar palavras e versos quanto ao seu sexo e tonicidade. O tratado de Olavo Bilac sobre versificação explicita elementos da poesia nunca antes explorados, categorizados e aplicados com tamanha precisão e cuidado. O título de ourives das palavras é mais que adequado àqueles que aprenderam num processo cuidadoso e racional a extrair a máxima expressividade da forma.
Contudo tal processo não se encerra e se cristaliza com o parnaso, pois a ascenção da racionalidade ganha contornos de outra dimensão no século seguinte. A morte de deus é decretada e o homem passa a ter a si como único responsável, racional e absoluto dos seus atos. Mesmo os horrores das guerras não fazem mais que reafirmar a responsabilidade do homem para consigo. Esse deslocamento também se nota na esfera econômica onde a própria lógica, a própria economia passa a valer por si mesma sem que seus rumos sejam ditados por outrem que a própria lógica do capitalismo financeiro.
Com a virada do século a poesia se devora num processo antropofágico dos valores estéticos vigentes por seu caráter profundamente racional. Pois se aparentemnte o verso dito livre é uma reijeição à racionalidade instrumental o mesmo não deixa de ser uma complexificação da estética anterior numa conciliação racionalizadora dos conflitos e questionamentos dessa época. Soa o modernismo como uma rejeição da racionalidade tal qual o capitalismo de sua época foi dito como selvagem, mas ambos são um processo extremo de racionalismo onde o indivíduo comum perde a referencia dos processos internos.
As novas experiências modernistas são de tal maneira profundas e inovadoras que o público médio só pode enxergar nela uma iconoclastia, uma ausência de parâmetros e normas. Mas tal visão é tão errônea quanto se um medieval que ao ver um avião em pleno vôo acreditasse que se trata de um feito mágico. Só que a magia modernista funciona como a apresentação de um mago de palco. Onde se troca a assistente linda que desvia o olhar do público enquanto o truque se passa do outro lado por um discurso de liberdade absoluta da forma como um engodo para que seus leitores não vejam os usos formais que se escamoteiam em suas obras. A sutileza do poeta que declara que seus poemas surgem num rompante e depois afirma que sas palavras mentem?
Os seguidores destes porém tentam imitar os seus feitos levando-os ao pé da letra acreditando que a magia do versos está nas palavras do mago, em seu "ocus pocus" , pois foram completamente seduzidos pela assistente. Os modernosos imitam a aparência da poesia modernista mas engoliram o embuste estético e sequer têm consciência da busca pela primazia estética dos versos pois não lhes foi dito o truque secreto que se passou bem debaixo dos seus olhos.
Contra o ataque infundando contra a forma há a proposta oulipista que não se propõe uma mera revalorização da forma trazendo-a para o uso afinal a mesma nunca deixou de fato o verso apenas foi ocultada magistralmente pelos modernistas. O OULIPO pretende explorar os limites da palavra sem depender de um obscurecimento da forma para fazer belas as letras mas sim tornar a própria engenharia da escrita bela.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Romântico
E tomarei mais um porre
pelo finissimo trato
do que no seu peito morre
e dentro de mim eu mato
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Eferma
Quanto vale o honorário
do verme tão solitário
que malgrada toda sina
e não cura a medicina?
Ele recebe seu salário
pelo labor de operário
come carne pequenina
da já eferma menina
com seu pijama de seda
passa o dia deitada ao leito
se distraindo na leitura
dos versos que bem lhe enreda
desejos e no seu peito
quer d'um homem a ternura
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Pueteiro Filosófico
Eu, de núvens e relógios
nada pretendo saber
se ao metro faço elogios
é só para meu prazer
O verso me diz verdades
que jamais viria a ter
refutando mil vaidades
e mentiras sobre o ser
Com chicote na mão
dialética do senhor
e do escravo me apraz
A minha revolução
é perversa em seu furor
e declara guerra à paz
sexta-feira, 16 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Belíssima Fera
Sim, eu não nego, sou a reles fera
de gestos rudes, feios, mas de gostos
refinados demais numa triste era
de maus hábitos, púdicos nos rostos
Que escodem seus desejos e quimeras
tantas que reconheço tão contidos
entre seus lençóis d'uma primavera
esquecida em calores coloridos
Sim, sou fera, mas não quero qualquer
Bela sem sonhos ou ensejos puros
em vontade faminta entrelaçados
Sim, com ela, me vem tudo que quer
os meus prazeres sórdidos e escuros
que torno nossos sendo saciados
terça-feira, 13 de abril de 2010
Nadapédia
Qual malogro de seu logro
e seu malfadado fado?
Será uma inversão do togo
ou só um cavalo calado?
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Cego pelas Musas
velho assum-preto Poeta
alegremente arquiteta
seus tantos versos de Dor
cantado aos Pés seu amor
quarta-feira, 7 de abril de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
Trova travada
Ocaso de quem não Nasceu
é a Aurora da Velhice
a Fé profunda do Ateu
e o Santo em peraltice!
sexta-feira, 26 de março de 2010
Visionário
muito vale tal órbita concreta
desse seu cego olhar Glauco Mattoso
que fez em fôrma e forma audaz poeta
de soneto em soneto primoroso
nada vale seguir a mesma meta
fadado a versador tão modernoso
pois na rima e no metro se arquiteta
o poema que é puro e vigoroso
à providencial cegueira um brinde
que com seus versos bem nos banqueteia
com palavras lascívas e requinte
de quem sabe tecer bem a sua teia
com palavras sutís e doce acinte
à pudica moral que nos rodeia
PS: eis minha homenagem ao poeta vivo que mais admiro, que mais tenho em conta como parâmetro estético e valor poético. Glauco Mattoso é seu novo nome, conheçam seus milhares de Sonetos perfeitos.
terça-feira, 23 de março de 2010
Depois de amanhã
O dia depois de amanhã
Eu sei bem como vai ser
acordarei de manhã
com a barba por fazer
O dia depois de amanhã
Eu sei bem como vai ser
dormirei com minha irmã
(a que nunca vim a ter)
E você me sorriria
nas mil pequenas intrigas
quando o chefe vai embora
Nesse novíssimo dia
cantarei velhas cantigas
que inventarei na hora
quarta-feira, 17 de março de 2010
Bibunt omnes sine lege
Beberão vossas altezas
um, dois, três ou quatro odres?
Pois serão quantas cervejas
de lupo e cevada podres?
Beberão também princesas
que só valem poucos cobres
Por suas tantas safadezas
dadas aos ricos e pobres
Bebem todos sem postura
altiva de um cavaleiro
ou de uma madre em candura
Bebem todos: pardieiro
carne e vinho se mistura
no bacanal verdadeiro
segunda-feira, 15 de março de 2010
Piada engarrafada
segunda-feira, 8 de março de 2010
Doce Garoupa-crioula
A doce garoupa-crioula, vestida em uma veteranice rodada e branca, tem os cabelouros penteados e de lindas cachias. Ela tem os seus olhos-de-cão amendoados de um azul elétrico e violáceo, mas tristes e marejados.
A doce garoupa-crioula, em um salazarismo amplo e vazio, está amargamente sozinha, com seus pesadumes descalços sobre a marmota fria. Ela, com sua pequenina mapará, manchando o chaparreiro com seu lento gotejar tão vermelho, segura trêmula uma facção pela firmação
A doce garoupa-crioula apenas chora e mordendo uma raja tamanha que machuca seu laborão tão macio.
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sábado, 6 de março de 2010
Mil Momentos
Mentirosos mordazmente
mentiras milhares mentem
matando mais moribundos
maltrapilhos malfadados
maltratam meu melhor metro
me minguam malignamente
matam meus místicos mundos
me moldando mortalmente
minha mais maravilhosa
me mesura má medida
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Sim
Sou seu sátiro selvagem
saído sob sonhos singelos
sempre sonhando sozinho
Sou seu sortilégio simples
serpenteando soluções
sobre sutil sordidez
Sou seu solitário sábado
sendo sempre serviçal
sem sorriso satisfeito
Sou seu singelo segredo
soterrado sob sepulcro
sem sombrias sombras secretas
Só sou, somente sou sempre
sem sentido sem sapiência
sem solução sem segredos
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Galanteio de repente
Eu jamais posso negar
Que gosto bem mais das nifas
melhor se forem poetisas
virtuosas ao paladar
Eu conheço um certo sátiro
que não é tão novo assim
pois diz ter tal predicado
mas acho que é só um tarado
É desejo: desconfia
do dito na sua rimada
pois mostra que você ninfa
é também uma tarada!
Serei eu ,tarada de fato
e nada de mais então?
ou está apenas enganado
na sua velha convicção?
O faro de bode velho
não é de errar assim não
vá escute meu conselho
é só seguir seu tesão
Como está bem inspirado
vejo que garoto inda és
só espero que tome cuidado
e não vacile de vez
Tu que me deixas pirado
está cega, não me vês?
por ti todo assim safado
tal um velho lobo maltês!
Droga eu esqueci a rima!
que numa só ia fazer
com minha aura feminina
para bem te responder
Pois esse jogo sabemos
muito bem como termina
e fazer com que erremos
é meu prazer, minha sina
Repete e ficará rouco
certeza tens de saber
és convencido garoto
e senso não pode ter
E também falta bem pouco
pra verdade nao se esconder!
não eu não estou tão louco
sei bem deste teu querer
Por quê tens tanta certeza
de que falto com a verdade?
na verdade acho que a fineza
do teu faro foi tarde
Sei: não é minha vaidade
nem velho ou convalido
se não tivesse o convite
teria em versos respondido?
Ninfas gostam de brincar
e os bodes bem mais ainda...
será que sabe lidar?
ou ficará na berlinda?
ou ainda esgotará meu
estoque de belas rimas?
mas até lá já se perdeu
as minhas graças de esquinas
Disse que era vergonhosa
de tuas rimas e poemas?
o que te deixas tão orgulhosa
senão que eu valha às penas?
Me vale à pena gostar
da brincadeira, são só
versos que o vento vai levar
pois não são mais q'este pó
Provocar-te com uma pena
é uma brincadeira ardilosa
que nos deixa em plena cena
mais rápido do que em prosa
Talvez não entenda de cenas
ou menos do que de prosas
mas deixa pra lá mia rima
não era das mais formosas...
As melhores são rimas mais feias
que da cara vem e gozas
O riso é dessas tuas teias
daquelas finas, ardilosas!
Eu seria tal uma aranha?
tenho a minha preferidas!
viuvas negras: maridos
que transformam-se em comida
Aracnos bem mais espertos
oferecem um belo engodo
pra só assim passar o rodo
tal faço com os meus versos
Eis um duelo afinal
ambos um gosto: poder
quem sera de tal historia ,
aquele que vai vencer?
Sabemos que a carne mortal
é faminta por prazer
não interessa a vitória
o corpo há de padecer
Cansei de fazer versos...
As minhas toscas rimas
me toma um gosto possesso
e escrevem as mão pequeninas
Pelos prazeres diversos
Eu agradeço por sua sina
pois fiz tantos belos versos
pela tua mão de menina!
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Poeta-canalha
eu lhe digo bela puta:
pois o meu muito obrigado!
anos de verso e labuta
deram enfim resultado!
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
No ponto de ônibus
- Porquê?
Pego completamente surpreso respondo de pronto:
- O quê?
E não contendo o riso ambos se entreolham e eu
digo:
- Porquê?
Mais que depressa ela responde:
- O quê?
Há mais gente conosco naquele ponto, pessoas transitando esperando sua condução para a cama, afinal, era dia de semana e já estava de noite.
Para nós a noite só estava começando e numa troca infinita de porquês e oquês todos ao redor do ponto simplesmente se afastam.
Isso quase nos assusta e intimida, mas no fundo o gosto do proibido, do desafio, do surreal e do divertido nos convence a continuar:
-Porquê?
-o quê?
-O quê?
-Porquê?
O onibus amarelo finalmente chega e esquecemos disso no processo de pegar passagem, procurar lugar, se sentar e tudo mais. Mas bastou sentarmos para que ela virasse para mim em tom de desafio e perguntasse novamente:
-Porquê?
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
de core
A cor desses olhos seus
sei não menos que de cor
São eles dois sonhos meus
me corando o coração
Pintaria até os ventos
pelo meu sangue curtidos
guardando nossos momentos
tal nas catedrais os vidros
Decoraria meus ateus
pensamentos com as cores
rubras coronárias com deus
coroando nosso grilhão
Tingiria sentimentos
nos bordados coloridos
por deleites quinhentos
de desejos bem floridos
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
A pirâmide de um homem
Queria que seu castelo de cartas tocasse o teto da sala de jantar. Era, sem sombra de dúvidas, um projeto ambicioso. Não lhe impediria os tantos baralhos ou mesmo as mais de mil horas de labor dedicado e cuidadoso.
Terminada sua obra, de tantas cores e motivos estampados, encheu-se todo de vaidade e seu ego ficou ainda mais ardoroso: uma pirâmide em tamanho real. Ele a construiria do solo até rasgar o céu e o firmamento luminoso.
Não contava, porém, que ao colocar a última carta, a pirâmide se faria mármore e se cravaria, firmemente, no tecido azul. E, muito menos, que do chão se elevaria para ficar dependurada, com toda a brancura de um lustre, na sala de jantar.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Terezinha Vaz Lisboa
Esse é um pedaço da história da minha avó, contada por ela, recontada por meus tios e uma parte realmente vivenciada por mim, conto com emoção e sem muita preocupação com nada mais que relatar o que senti e vivi nos quase vinte anos que essa história de desenrolou.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Poeta e Artista
Eu tanto lhe espero
não é porque tenho
mas sim porque quero
nós dois num desenho
Feito com esmero
por você tão minha
que nega o sincero
desejo que aninha
Em seu, e meu, sonho
que de tanto vinha
por nosso medonho
de ficar sozinha
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Agonia? Seu desejo...
Pois quer muito mais que nada
quer ser abusada e usada
por mim como mia pequena
serva de carne serena
Quadras Quebradas
Pedidos já não nos cabem
pelas recusas sem fim
Eu temo que não acabem
as culpas dentro de mim
Não se esqueça dos irmãos
sonhos tão nosso e carmim
Lembre-se de minhas mãos
seguras em ti pois sim
Porque pede pra pedir
se dar-se deseja assim
Porque nao vem-me a sorrir
se desejosa está enfim
Deixemos o sapato jogado
Lembremos da fita de cetim
Vamos regar com cuidado
um sonho bom e não ruim
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Quebrado
Eu adoro coisas faltando
pedaços onde o inteiro
que se esperava tanto
não falta no pardieiro
Eu sou d'algo faltando
meu olhar não é certeiro
e a perna esquerda mancando
me dá um ar mais fateiro
Como xícaras quebradas
servindo de copos pintados
é minha morta esperança
Minhas ilusões viciadas
meus sonhos despedaçados
compõe minha nova dança
sábado, 2 de janeiro de 2010
Férreo Ferro
O fazendeiro de pregos
plantava com seu martelo
pra colher enferrujados
regava com muito esmero
Queria bem avermelhados
os pregos do seu castelo
para ferir os descuidados
em seu banquete singelo
E para fechar as portas
da comilança sem cela
ou arreio há as cordas
Comida era farta e bela
com os parafusos, porcas
e uma ou outra arruela
sábado, 26 de dezembro de 2009
Pequena Marionete
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
VITAE
Dê adeus a esse passado,
que tanto lhe faz o mal!
Dê adeus ao seu deserto
que feito é de puro sal...
Respire o cheiro do assado
de temperos sem igual!
Aprecie, sinta mais perto
o nosso fogo vital.
Ao redor dessa fogueira
somos uno p'lo secreto
na clareira da floresta
Pois somos a vida inteira
presos, no torto e no reto,
a viver o que nos resta.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Instantes
dois pares de calças
atracam-se vorazmente
num xadrez chuvoso
duas xícaras sem alça
bebem o café fervente
num dia nebuloso
o par numa valsa
danca deliciosamente
no terceiro, o gozo
o rijo pau reluzente
num labiar fogoso
sábado, 19 de dezembro de 2009
Quadras d'espada
Sangrando o ar com sua espada
o cavaleiro sustenta
sozinho pela lembrança
dos beijos da bela amada
Não baixa nunca sua guarda
em uma luta sangrenta
contra as sombras dessa herança
que lhe ergue e lhe mata
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Em Cena
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Troca de farpas (ou olhares)
Eu nunca vou entender
se você nada dizer
suas palavras caladas
não me dizem nada
Eu sequer irei saber
se você nada fizer
contra essas minhas mancadas
achando certa as erradas
respostas que já me deu
ou são totalmente falsas
nossas caras pretensões?
Apostas altas no ateu
não santifica as vidraças
tão frágeis dos corações
domingo, 6 de dezembro de 2009
Para a eternidade
Foge a sordideza
do diabo a vitória
da tamanha grandeza
dos homens na história
Com maior justeza
vivendo da glória
toda uma realeza
bebe em sua memória
Guerreiros de espadas
sagradas em sangue
e carne divinos
Co'as vistas cegadas
que marcham no mangue
e brandam os sinos
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Noite, madrugada, manhã, tarde
Cigarros sem filtro em dias tão cinzentos
tosse, choro e pesadelos quinhentos
fazem sorrir sem culpa ou pudor
eu, que velho por dentro, sou senhor
Mais um trago em copos lamacentos
na praça da estação de movimentos
estranhos que lhes causariam horror
se tão bêbado não estivesse seu suor
É belo um rato a correr pro esgoto
entre carros e crianças frenéticas
que vagueiam sem rumo pelas ruas
É belo um homem sujo e mais que roto
c'olhos desejando as pernas atléticas
das jovens que bem imagina nuas
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Menestrel de Vidro
Eu queria um coração de aço ou vidro
Inquebrável e frio ou se partido
quebrasse em vermelhosos, vis, cristais
contado dessas mil dores ou mais
O de aço pesa tanto que duvido
que poderia guardar em mim ferido
ao peito co'essas dores tão abissais
que carrego nas crateras pulmonais
Eu queria ter nascido todo de aço
tal Donzela de Ferro que se faz
segura na luz fria do seu vestido
Eu queria que não houvesse um espaço
pra essas dores, de poeta mordaz,
se esconderem em meu canto sorrido
Convidados
Derrotei os exércitos de Deus,
dos deuses e com todas as mil feras!
Sangrei o mar em busca desses réus
com os seus pesadelos e quimeras!
Cansado direi eu aos filhos meus
que fui capaz de lhes domar as terras
desde o horizonte até tocar os céus
sendo O cavaleiro a guardar por eras
Minha morada é de fato verdadeira
segura erguida sobre a pedra inteira
pela fé de um sonho que de luz cega
Cheguem em meu palácio de cristal
nem só de mármore se faz meu sal
há também o vinho e o pão na adega
domingo, 29 de novembro de 2009
Enlace
Envolta em laços de seda
ela se volta fremente
Sendenta pra que suceda
o fetiche mais envolvente
Pela paixão que lhe enreda
vem o gemido eloquente
de cada curva e alameda
do seu corpo e de sua mente
Sao minhas fitas carmim
que lhe domina e cega
É pois atada por mim
que toda apenas se entrega
Ao prazer que nao tem fim
que nao foge e nem se nega
sábado, 28 de novembro de 2009
Estilística
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Nós
Iamos caminhando sem pressa
Tendo um destino guardado
Assim pelo menos pensávamos
Langüidamente aprisionados
Apaixonados e jurados
Além de nós nada havia
Lugares, coisas, pessoas
Víamos e não ligávamos
Entre um beijo e caricia
Suor escorria em delícia
Muitas, outras e várias
Apesar de tanta fome e querer
Recusávamos juntos o comum
Igualmente fugíamos do banal
Ansiosos éramos e a cada
Novidade que saciávamos
Outra surgia sempre
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Rasgos em flor
Lingua ferida, espinhos afiados
Carne rasgada, cornos adornados
com paixão sangram ambos e padecem
do desejo que os deuses não esquecem
Ninfa de flores nos mamilos cálidos
Sátiro com seus chifres tão dourados
com fome se devoram e se ferem
numa dor deleitosa que eles querem
A cada corte, o beijo lhes encanta
curando-os nas suas fomes sem fim
entre bem quistos gozos e lamentos
O sangue das feridas, rega, espanta,
encharca de vermelho o jardim
em que deitam amantes tão sedentos