Publicação em destaque

Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Filosofia

Lucas C. Lisboa

pois nenhuma amiga
é assim tão amarga
quanto é a fria
e sagaz sofia

segunda-feira, 14 de março de 2011

Professora

Lucas C. Lisboa / Renata Arnoldi

Vem cá com a Tia
menino acanhado
vem e acaricia
meu rosto de lado

Vem e beija a Tia
menino calado
sua boca na mia
seu lábio molhado

Vem e deita a Tia
menino tarado
na cama macia
do quarto apertado

Vem mas deixa a Tia
menino apressado
sem mais covardia
meu novo safado

sábado, 12 de março de 2011

Na praça bonita

Lucas C. Lisboa

Sino da igreja batendo
Sozinha ela espera arisca
pelo namorado querendo
seu beijo tal gato a isca

sexta-feira, 11 de março de 2011

Divagando sobre o metro, misticismo e música popular

  • Todo texto sagrado, seja ele biblia, alcorão, Bahatma Gita e outros tantos são escritos usando versos e na lingua original esses versos seguem um sistema métrico rígido
  • Músicas populares, Cantigas de roda e/ou folclóricas também são escritas usando um metro simples no caso do português a maioria das músicas populares é em redondilha maior. Essas músicas populares grudam facilmente na cabeça das pessoas é muito fácil de decorá-las por causa de sua estrutura rítmica.
  • O texto dotado de ritmo e estrutura poética deixa de dialogar apenas com o intelecto do leitor para se comunicar com todo o corpo. É o ritmo que ressoa no indivíduo. Numa comunicação que vai além do verbal.


quinta-feira, 10 de março de 2011

Internet, Direito Autoral e Publicação independente

Graças à internet eu tenho onde divulgar meu trabalho! Meus poemas porque poesia de autor jovem e contemporâneo não vende nada segundo as editoras! Graças ao mundo virtual eu publico, recebo críticas e tenho meu público. Se não existisse esse mundo virtual eu com toda a certeza não seria lido! Não teria qualquer estímulo para continuar escrevendo.

Aliás foi graças a internet que descobri que eu podia me lançar de maneira independente. Consegui sem uma editora fazer meu próprio livreto (todo feito em software livre) e sair pelas ruas divulgando-me. E quer saber?

Vendendo assim, sem registrar, sem direito autoral, sem editora, sem todos esses entraves e burocracias, consigo um retorno que é bem interessante. Bem superior aos dividendos que receberia de uma generosa editora caso eles aceitassem me publicar por caridade!

Os tempos são OUTROS nós NÃO precisamos mais dessas instituições e empresas que nada fazem para ajudar o autor de fato. DA só fortalece essas empresas e não o autor.

quinta-feira, 3 de março de 2011

After class

Lucas C. Lisboa/ Renata Arnoldi

The sweetlady               A doce mocinha
feels so scared               morrendo de medo
lost in a field                  no parque sozinha
hides a secret                esconde um segredo

She anxious wait           Espera prontinha
for her date                 por seu namorado
feels butterflies              co'a pele branquinha
with shy eyes                 e olhar abaixado

She swings and nests     Se balança e aninha
a silent smile                  num riso calado
with a red face              co'a face quentinha
and wet lips                   e lábio molhado


Her secret comes           Seu segredo vinha
a bad young sir              num moço malvado
that made her bitch        que lhe fez putinha
and  she was pleased  de muito bom grado

Meu rancor

Lucas C. Lisboa

Meu rancor é tanto frio e quanto cálido
Amargo tal um beijo calculado
e doce como uma trufa roubada
Nem riso ou tristeza acalentada

Pouco importa qual seja meu estado
já nem pensar em certo ou errado
Não duvido da pedra atirada
pois sei que minh'alma está acorrentada

Insônia não é mal em companhia
Quando esta de modo algum lhe trai
e não traz consigo nenhuma cobrança

Insônia não é mal em solidão.
Quando ficar calado nada atrai
ou da madrugada provoca mudança

A minha vaidade como Poeta

Lucas C. Lisboa

Pedir desculpas por minha existência?
uma bela tragi-comicidade!
até, quem sabe, sinal de demência!
do artista da mais pura vaidade...

Meus versos desconhecem inocência,
cheios de ironia e de verdade.
Minhas palavras exalam dolência,
brindo toda sorte de qualidade!

Gosto de estranho ser em qualquer meio...
Arte em frases é matéria que esculpo!
e erros meus ou de outrem não desculpo.

Pouco importa qualquer desejo alheio.
eu por prazer, dos verbos feios abuso!
pois, para mim, torno belos ao uso!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Passeio entre rochedos e oliveiras

Lucas C. Lisboa

Amo vinho, versos, vela e venda
Quero a noite pra lhe desvendar
Faremos do meu lençol a tenda
pras noites de sonhos bem guardar

Até por fim que no fundo me entenda
pois sem mim não pode mais ficar
Venha que eu quero que aprenda
meus truques de fino paladar

E desejará lençóis que lhe prenda
as mãos sem que possa se soltar
Até que muito mais se surpreenda
com meu jeito de lhe dominar!

Pois sequer pense ou compreenda
Venha, relaxe e deixe-se gozar
Seremos muito mais que qualquerlenda
que por pudor ninguém ousa contar


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Despertador

Pois nada é belo tão cedo,
meu cabelo desgrenhado,
o meu rosto bem amassado
e meu olho remelado

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Coca-Cola

Ele estava sentado na beira do balcão, na segunda cadeira antes de seu fim. Trajava um terno de trabalho. Pedira um drink de gin olhando nos olhos do garçom e sorrindo pois acreditava que assim pareceria mais simpático e cortêz.

Se sentara naquela posição pois assim saberia que não haveria muita gente atrás de si caso precisasse sair, não que ele temesse algo, que estivesse sendo perseguido, apenas gostava de manter-se sempre seguro.

Ele ria para dentro de si vendo o garçom limpar os copos com uma toalha, era uma cena cinematográfica demais para que alguém o fizesse no mundo real. Mas seu riso se calou quando viu pelo reflexo do copo ela entrar naquele bar.

Depois do reflexo escutou o som de seus passos que estranhamente estavam ao ritmo da banda de jazz que se apresentava ali naquele momento.Quem ainda usava sapatilhas com solas de madeira? Quem ainda usava saia plisada depois que saia do colegial? E quem usava pares de óculos tão grossos?

Ela havia entrado na primeira porta que vira ao dobrar a rua, acabara de ser despedida da cia de dança na qual sacrificara meses de árduos ensaios. Torceu o nariz, o cheiro de tabaco e outras ervas queimadas empesteava o ambiente e desde a infância, quando tivera crises asmáticas, passou a detestar odores fortes.

Sentiu as pernas tremerem ao ver que mais de um par de olhos a examinaram quando entrou. Sentia os olhos como agulhas cravejando em suas pernas, seu busto, seus lábios e até em suas nádegas. Porém respirou fundo pois tinha que manter sua postura de indiferença.

Dirigiu-se ao balcão uma cadeira vazia estava perto demais da outra ocupada. Era cedo e tinham mais quatro bancos vazios, não se sentaria na outra ponta, não queria demonstrar medo.  Sentou-se numa ousadia há uma cadeira de separação daquela ocupada. Sentiu-se bem consigo, ela precisava se desafiar.


- Uma coca-cola por favor. - Ela não sorriu e nem olhou para o garçom.
- Light senhora? - Se fora invisível para ela, ele sequer levantou a cabeça para identificar quem era.
- Não, pode ser a normal mesmo...

Ele se virou curioso, uma mulher que pedia coca-cola de verdade ainda existia? E seus olhos de soslaio a examinara mais atentamente. Não era feia e nem gorda. Ali não era um bar de artistas, porque diabos ela fora até ali destoando tanto de todos os demais?

Ela percebeu aquele olhar dele por mais que tivesse sido discreto e talvez, exatamente, por essa discrição ele chamou a sua atenção mais do que  qualquer um dos tantos olhares que recebeu desde que ali pisou. Mas quando foi se atentar para as feições dele já era tarde. Ele havia se levantado e caminhado de costas sem sequer olhar para trás. Tudo que pôde apreciar era como suas nádegas eram firmes e a calça se ajustava a cada passo destacando-as ainda mais.

Ele precisava distrair a mente, não podia se deixar levar pela primeira mulher que lhe chamava a atenção. Ele sempre fora bom com o taco e a sinuca estava vazia. Passeou por entre as tantas hastes de madeira, conferiu a envergadura e depois de ajeitar as bolas no centro da mesa fez-se sombra atrás de si e escutou a voz de coca-cola:

-Posso jogar?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Sociedade Sexista

Questionei a psicanalista Regina Navarro a respeito das expectativas que as pessoas tinham ao se casar no passado e no mundo contemporâneo. E partindo dos resultados dessas expectativas, qual era o grau de felicidade que essas pessoas tinham e qual o grau que possuem hoje.

A resposta segue a baixo:

"As mulheres que foram criadas usando burca não desejam usar vestido decotado, pq nem sabem q essa possibilidade existe. O máximo q elas anseiam é uma burca mais enfeitada. Só desejamos o q conhecemos e sabemos que é possível. Antes do amor entrar no casamento, a família escolhia o cônjuge. As mulheres tinham q ser submissas e obedientes ao marido, q podia castigá-las fisicamente. P/ a maioria delas o sexo era um suplício, mas cumprir o dever conjugal era obrigação. Elas não podiam estudar nem tinham direito à própria herança; o marido ficava dono de tudo. Como isso acontecia com todas as mulheres, elas nem imaginavam outra forma de vida. O marido tratá-las bem, sem agredi-las verbalmente ou espancá-las, era o máximo de felicidade almejado. Com nosso olhar de hoje sabemos q é possível viver com mto mais satisfação."

Fonte: http://www.twitlonger.com/show/8hl7iu


Algo que percebi imediatamente é que se eu questionei sobre pessoas com suas expectativas e felicidades. Recebi uma resposta que tratava exclusivamente das expectativas e felicidades da mulher. Porque? Porque um gênero foi extirpado da resposta em detrimento do outro? Foi uma assunção que os homens do passado viviam plenos e satisfeitos de seu papel, com todas as suas expectativas realizadas e plenos de felicidade? Tal escolha argumentativa não é feita ao léu. Ao negar discursividade ao lado masculino em uma discussão dessas é como colocar a culpa um gênero pelas lamúrias do outro.

O enfoque no mundo feminino é um processo que joga às sombras o masculino. E isso me soa como uma mera perversão da sociedade sexista do passado por uma versão sua contemporânea. Se antes o prazer feminino era considerado feio e impuro e por isso teve negado ou diminuído seu papel no discurso. Hoje vemos a sexualidade feminina esmiuçada em seus mínimos detalhes, enquanto a masculina é deixada de lado, escondida.

Não se conserta uma opressão, uma exclusão de séculos praticando seu oposto simétrico. Se numa pergunta simples como a minha toda a resposta (dada por uma pessoa que tem profundo conhecimento do tema) só enfocou o lado feminino imagine qual é o ambiente que induziu a isto.

A sopa de ismos "machismo, feminismo, femismo, masculinismo" me deixa completamente confuso e eu não consigo usar tais termos com propriedade. Mas eu posso dizer que nossa sociedade é sexista, atribuindo papeis sexuais rígidos ainda hoje para ambos os sexos.

Ambos os sexos sofrem com essa imposição de papéis, ao atacarmos e explicitarmos apenas o papel excruciante por qual um dos sexos é obrigado a se submeter incorremos no risco de desconsiderar o sofrimento do outro e por pensar que ele não carrega nenhum peso de culpá-lo por toda a estrutura sexista da sociedade.

E reitero, uma sociedade sexista não é benevolente com ninguém nem com os homens e nem com as mulheres. Só levantar a bandeira para libertar um dos sexos, não libertará ninguém e apenas criará mais uma sociedade sexista, invertida talvez, mas igualmente ruim.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ode à quem arma o circo e come pipoca

Lucas C. Lisboa

Essa menina é malvada
(não me engana seu ar de anjo)
Veja bem em que cilada,
ela colocou o seu marmanjo.

Jogou (justo a namorada!)
na praça q'eu mais manjo...
Sob a lona levantada:
com direito a banda e banjo.

Labirinto faz minha trilha,
minha arena: versejar
é, o diabo amassou seu pão...

Ele caiu numa armadilha!
como pôde ela botar
um rato em covil de leão?

experimento

Recobro seu anexo
circunflexo tinto
Sinto me em dobro
lhe cobro convexo
Flexo meu absinto
Minto em meu nexo
Complexo eu finto
Sucinto não sobro
desdobro requinto
o Quinto eu cobro
lhe sobro e pinto
Assinto pelo sexo

Meche e remeche o fetiche

Lucas C. Lisboa

Não venha voche não brigue
e mucho menos me riche
sequer me maldiga o que
eu mesmo chamei e lhe diche

Para que tanto chilique
se sou bonecho de piche?
Faz mechura de repique
quero seu melhor relinche!

Que veja o vachilo vechamoso
mas necha dancha do machice
não se aveche e diga viche!

Que vichejo mais gostoso.
Feche a porta do fetiche:
meche remeche é pastiche!

Barbárie em Bárbara

Pois eu farei sem amarras 
e também sem as algemas
Usando de minhas garras
para lhe fazer pequena

Presa será pelas farras
das minhas mãos nada amenas
segurando tal mil barras
do seu corpo que me encena

Presa farei do seu rabo
o melhor do aposento 
para o meu tão rijo cabo 

que entre as pernas apresento
de destino bem traçado
pro gozo doce e nojento

domingo, 23 de janeiro de 2011

Sobre a pequena rocha

Lucas C. Lisboa
em laços e enlaces
cordas e correntes
fizemos as pazes
aos beijos ardentes

domingo, 2 de janeiro de 2011

Promessa

Por Você eu escreveria
um Soneto a cada dia
que despertasse contigo
com os seus braços de abrigo

Você logo saberia
que plena nunca seria
como se dormisse comigo
ao sabor do doce figo

Que fosse minha morada
e eu seu Algoz protetor
e lhe beijasse curada

De toda, Toda, sua Dor
que fosse plena e amada
por mim sem qualquer pudor

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Dúvida

Lucas C. Lisboa

O riso depois do pranto,
é ofertar banquete ao santo?
O que diz do afago vil
vindo após os tapas mil?

domingo, 26 de dezembro de 2010

Dádiva de Mulher

Lucas C. Lisboa


Pois quando lhe vi de fita
presos seus claros cabelos
Sonhei vestida de chita
vestido dos mais singelos

Um espelho deu a pista
dos desejos nús em pelos
que ela guardava bem quista
e também quis eu querê-los

Culpa do rosto boneca
e dessa pele tão branca
que me dá vontade de morder

É graça quando se mexe
puro fantoche e fetiche
pro meu prazer perverter

sábado, 25 de dezembro de 2010

Amor Platônico

Lucas C. Lisboa

Eu lhe deixei sim mensagens
Mas vi que eram só miragens
Meus sonhos de pardieiro
pela ave d'outro viveiro.

Eu lhe bordei mil imagens
em meu leito tal paisagem
de desejo verdadeiro
para tê-la por inteiro

sou poeta seduzido
Por seus cabelos tão louros
e seu sorriso de lado

quem dera ser eu querido
pelo mais belo tesouro
que me deixa alucinado!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Aborto

Lucas C. Lisboa

Que raio de calor é esse
que no fundo não me aquece
Se o jogo eu perdesse
antes que sequer comece

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ela

Lucas C. Lisboa

dos óculos o aro
seus olhos oculta
meu olhar avaro
à cobiça insulta

seu cabelo me é caro
de maciez arguta
tão casta que calo
minha mente puta

Seu riso e seus lábios
encantam quem passa
inspiram a brasa

Deliram os sábios
no fumo que passa
e no anjo sem asa

Modernoso, cuidado!

Lucas C. Lisboa

Versos não sabe escandir?
Sequer passe por aqui!
Qualquer poesia que valha,
precisa dessa tralha!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Gozo

Lucas C. Lisboa

Quando o seu corpo faz junto ao meu
um ângulo perfeitamente reto
Chegando assim num ápice tão seu
de um céu longuinquamente mais que perto

O paraíso faz meu lado ateu
acreditar que sou eu o divino
quando ela já foi e perdeu
a lucidez em puro desatino

Veja, de tantos passos só um destino
O que começa com um simples beijo
se termina secreto sob o sino

Eu lhe tomo nas mãos bem mais que certo
de que é da minha posse o vil desejo
consumando o senil e gerando o feto

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Haicai de verão

Lucas C. Lisboa 

As cores vibrantes
chegam no verão e o sol
é o maior astro

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Domingo de Família

Lucas C. Lisboa

Qualquer assunto aleatório
vira tema de velório
bem falta açucar no chá!
ou das novas cochicar

Mas nada ouve o inglório
do morto no falatório
defunto igual não há
presunto ai de quem provar

A nora nova afana a taça
ela faz com quatro quadras
seus dedos duma quadrilha

Os três irmãos saem no tapa
se faz com quantas espadas
a moral duma família?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Haicai de Primavera

Lucas C. Lisboa

Nesta primavera
é hora de vestir as cores
de todas as flores

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Minha Sina

Lucas C. Lisboa

Tenho problemas co'a sina
de com dor de cotovelo
escrever sobre a menina
que foi sonho e pesadelo

o Jeito da pequenina
eu nunca vou esquecê-lo
nada cura a medicina
só pinga limão e gelo

embriagado me alucina
e desenrolo o novelo
de tanta frase traquina
e de verso sem conselho

nunca sei quando termina
a deixa detrás do espelho
o meu poema fulmina
a carta sem rumo e selo

terça-feira, 9 de novembro de 2010

minha menina

Lucas C. Lisboa

de porcelana seu rosto
de malicia seu sorriso
de sua boca vem o gosto
de pecado e paraiso

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Maldito Metro

Lucas C. Lisboa

Te tenho-te amargurado
corroído encarcerado
recuo tanto que recuso
a queda do desuso

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Trova Singela

Lucas C. Lisboa

vem na roda e dança
que eu te amo e te quero
como uma criança
quer um caramelo

sábado, 30 de outubro de 2010

Não eram velas sobre a escrivaninha

Ela tinha ideias, tão luminosas nas noites em claro, que não deixaria ninguém dormir se ela não mantivesse suas janelas trancadas debaixo de pesadas cortinas.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O que é arte?

Coloque numa moldura, qualquer objeto que seja. Eis ai sua arte. Arte é deslocamento de uso. Retira o emoldurado do seu quotidiano, coloca-o em evidência de modo estético. Arte é fruir esteticamente de algo que foi retirado de seu lugar comum. A caixa d´água passa a ser arte no momento que ese encontra, deliberadamente, posta no meio da sala. Um diálogo é apenas um diálogo até ser posto sob a forma, sob a moldura, de versos. Arte é a evidenciação de elementos do quotidiano de maneira não usual.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Oralidades e Linguistica

Me impressiona a estranha semelhança entre sorvete e sorver-te ainda mais por tantos usarem a lingua para ambos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Meu engano

Lucas C. Lisboa
tudo que realmente temos
é aquilo que nós perdemos
que fica numa lembrança
tão infantil de criança

à Lua

Lucas C. Lisboa

Eu quero saber
do material que é feito
seu doce prazer

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Haicai de outono

Lucas C. Lisboa

pelas cores pardas
do outono manso que chega
desnudam as árvores

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Amor inacabado

Lucas C. Lisboa

Porque voltei pra buscar
se já tinha se acabado?
Como me afogo num mar
que é seco de tão salgado?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sonho

Lucas C. Lisboa

eu lhe pego pelo seu punho
no frio do mês de junho
eu mais gosto do seu gosto
no mês de tempero agosto

me beije ou vire o rosto
pois seu olho diz o oposto
quase nada de rascunho
do que diz seu testemunho

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Entre Ariadne e Andrômeda

Lucas C. Lisboa

Labirinto de paixoes
Fetiches entrelaçados
Amarras e conexões
laços por todos os lados

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Blasfêmo!

Lucas C. Lisboa

Se eu fosse tão sacro Abade
lhe queimaria no alto altar.
Se eu fosse Marquês de Sade
brindaria seu paladar!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Canalha

Lucas C. Lisboa

Sorria e me beije
as suas lágrimas são belas
mas seus lábios mais

Apenas deseje
d'um jeito mais do que aquelas
putas do meu cais

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Desabafo

Com a desculpa que estou bêbado sem de fato estar cá estou eu me travestindo de velho safado. Numa pífia desventura de imitar o fracasso de Bukowski. Sem seu gênio ébrio, sem sua podridão e amoralidade habitual  estou eu. Preso numa cidade do interior do interior que é o estado de minas gerais. Estou, ao menos, sólido. Consciente de mim, ou pelo menos em parte. O bastante para saber de meu fracasso nessa noite, onde sequer consegui ficar bêbado de verdade. Não sei dançar e muito menos me dou bem em conhecer desconhecidos. Solto nessa cidadezinha em sua maior festa não tenho o benefício de ser cara nova, pois caras novas nessas épocas pipocam de todos os lados. Me é mais farta a entressafra do que a colheita, sou melhor na escassez. Sou singularíssimo em gostos e defeitos, ou pelo menos, gosto de pensar que sou assim ao menos. Gosto de ignorar que meus dramas e defeitos são iguais a outros tantos seres viventes. Aliás, compreender o outro, que ele existe de fato, tem sentimentos, medos e receios é uma verdade que tomei consciência à pouco mas que ainda não soube aplicar com a devida competência. Dancei com minha sombra como sempre fiz mas agora à base de cavalos voadores e cereais fermentados e depois destilados. O resultado etílico é o que no fim das contas o que realmente importa uma vez que o gosto forte do energético supera todos os outros. Supera inclusive minha tendência ao torpor ao primeiros sinais de embriaguez. Que resulta nisto, eu aqui escrevendo para absolutamente ninguém. Que leitores lerão essa pieguice sem fim? Tomara que nenhum mesmo. Tenho vergonha de ser humano. Nada aqui tem de novidade, nenhum sentimento desses já não passou com outrem com força avassaladora. Carrego no dedo anular da mão direita a marca de sol da presença dela. Sim, a presença dela que ausente causa tanto disso daqui. Ausência causada por mim por não suportar não ter as rédeas da situação. Não me dou bem com mares revoltos dos quais não tenho o prumo necessário para combatê-lo de peito. Bastou uma mentira narrando ser pior que sou para deixar a situação desse jeito. Dessa maneira lastimável. Quinze vezes já estive assim ou até mais por essa mesma mulher. Sentimentos teem dessas coisas, não se explicam e não se acabam pelo mero desejo após se constatar sua contra producência absoluta. Que faço eu, um ególatra assumido, com alguém que apesar da paixão avassaladora não me cultua como eu me cultuo? Mas diabos! Como posso me comparar com o gênio de Bukowski se sequer consigo me manter num linguajar simples e inteligível! Sou apenas uma palavroso cheio de palavras que dizem exatamente tudo para mim mas absolutamente nada para meu leitor. Ah, leitor, quem é você que perde tempo comigo? Que me visita em meu sitio virtual sem se identificar deixando apenas seu número no contador de visitas? Quem é você que visita e lê impassível minhas confidências em versos apenas, quando tenho sorte, votando como péssimos ou perfeitos? Mas tomando de volta. Cá estou em depois de fumar um derby para matar cinco minutos de uma noite morta. Depois de relembrar e marcar todos os momentos terríveis que já vivi com ela. Depois de relembrar todas aquelas que me fizeram me sentir rei mas sem me sentir recompensado pelos súditos que tinha. Odeio ser a merda de mais um ser humano que teme os cavalos mais bravios mas se entedia com a sela arriada do alazão domado por outrem. Eu quero conquistar o mundo de possibilidades mas que cada dificuldade venha à medida para minha superação. Como um jogo de video game com fases de níveis progressivos. Quero o orgulhos do hardcore e a segurança do easy mode. E olha que engraçado, que tempos são esses que metrifico um poema e depois venho cá falar de  virtualidade, computadores, games e toda a modernidade? Sou anacrônico, velas me iluminam enquanto digito. Sou eu pulando de assunto em assunto, misturando o meio de campo, jogando futebol como técnico no computador e ao mesmo compondo sonetos à minha amada que terminou comigo por causa de uma provocação através de um SMS. E estar no interior me traz cenas hilárias. Estou numa varanda escutando o galo cantar logo após uma banda tocar com guitarras distorcidas, me lembrar do travesti que se apresentou no mesmo palco na noite de ontem  e rir-me de estar dormindo numa cama na varanda usando a tomada do banheiro, que fica do lado de fora da casa, para alimentar o meu computador de sobre as pernas, meu laptop. Eu queria ser poeta mas trabalho com computadores. E no fundo não sei o que faço pior. Boa noite manhã de quarta-feira pós independência do Brasil.

domingo, 5 de setembro de 2010

Quase

Lucas C. Lisboa

quartas quadras
quantos queijos
quebra-queixos
quintas-feiras

Enamorados

 Lucas C. Lisboa

É belo, fugaz e sutíl:
o flerte cheio de ardil:
"Se você bater eu sangro"
Se você sangrar eu gamo

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Versificação Voraz

Lucas C. Lisboa

Vermelhos, vis, violentos
versos  vicejam veementes
violam vossas virtudes
versejando verdades

Proposta

Lucas C. Lisboa

Você gosta de cultura,
e também duma aventura
pensa que bela cena
seu boquete no cinema

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A cicatriz do Palhaço

Lucas / Ataualpa

A Dor é um aviso que nos diz
ao sofrer pele adentro forte talho
enrijecerá ali uma Cicatriz
deixando espaço para sempre falho

Porém, depois de tudo que ja fiz
não posso dar às dores qualquer ralho
sem posar de mal paga meretriz
que fora descartada do baralho

Minhas malgradas dores são terrenas
as marcas ferem muito mais meu ego
sou puro santo tal arqueiro cego

Nesse reino de mentiras pequenas
vero é que meu riso esconde o medo
que tenho de ser velho ainda cedo

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Do Desvario Delirante

Lucas C. Lisboa

de desgoto em desgosto
degusto dulce dolor
dulcíssimas delícias
deliciosíssimas dores

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vaso de flor

Lucas C. Lisboa

Provocar os sentidos evocando
sonhos, ódios, paixões ou muita dor?
Desafio co'a palavra anil pintando
um vaso singelíssimo e sua  flor

Enquanto passam pelas ruas cantando
a perda d'algum veraneio amor...
Eu Revelo mil gozos delineando
quadros com perfeição luz de  pintor!

São detalhes que não deixam ao acaso
ou fortuito d'espelhos quebrados
para criar mosaicos dessas vidas

É nos jardins e bosques do Parnaso
nos montes de arvoredos bem cuidados
que pendem frutas pelas mãos cerzidas

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sonetilho sem tema

Lucas C. Lisboa

Tira teu cabelo
da cara, moleque
não pode esconê-lo
do erro que comete

Tira gata o novelo
desfia e te tece
fitas pra prendê-lo
n'algo que não preste

Termina com zelo
a mesura preste
que se faz sem sê-lo

Tira deste leque
teu bom pesadelo
e medos que mete

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pois eram um belo par

Lucas C. Lisboa

Elas por zelo eram aças
e a maciez vicejava
de tão castas e intocadas
nas peças que trajava

Luvas Ele sempre usava
e ela sua maior das graças
quando que ele lhe sovava
às nádegas co'as mãos nuas

Seu deleite era segui-las
com longo e languido olhar
por seu espelho de canto

Albas, puras e enfim belas
quando vinham a ressoar
nas carnes de serva ao santo


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Amor

Lucas C. Lisboa

Se amo não tenho certeza
mas quero o que há na mesa
e degustar prato a prato
do gordo boi e seu mato

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Lição

Lucas C. Lisboa

quando o metro você aprende
nada mais lhe surpreende
fica fácil de ser feito
o  poema mais perfeito

terça-feira, 13 de julho de 2010

Haicai de julho

Lucas C. Lisboa

faz frio na montanha
e uma flor de primavera
ao cume se estranha

domingo, 4 de julho de 2010

Xeque-mate

Lucas C. Lisboa

Sabe, no xadrez da vida
todo mundo é peão
só dependendo querida
do tamanho de qual mão
que mexe no tabuleiro
e comanda o pardieiro

Membro superior

Lucas C. Lisboa

Mão esta, senil e rota!
Sufoca por um momento!
De todo e puro tormento!

Mão esta, bela e cálida...
Carícia por um momento...
De todo e puro alento...

Mão esta, forte e gentil.
Segura por um momento.
De todo e puro pensamento.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Mas nós estávamos sós

Lucas C. Lisboa/ Larissa Teixeira

Nisso nós estávamos nus
nus sob os olhos de nós
e nos nós nos prediam nus
nos deixando junto a nós

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Micro conto em 140 caracteres

Era perfecionista mas também manco e por isso corria em sentido horário pois sua perna esquerda teimava sempre em tentar alcançar a direita.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Ninfeta

Lucas C. Lisboa

Ela tem um certo ar
de boneca delicada
Mas tem astúcia sem par
de garotinha endiabrada

 


  

terça-feira, 22 de junho de 2010

Hipocrisia globistica

#calabocagalvao e #diaSEMglobo



sábado, 19 de junho de 2010

Outonal

Lucas C. Lisboa

riso de verão
não faz uma primavera
no peito de inverno

quarta-feira, 16 de junho de 2010

e nem é carnaval

Lucas C. Lisboa

noite cai, O vento sopra
e fica a moça na janela
em sua paciente espera
do rapaz que brinda a copa

Eu, Desejo

Lucas C. Lisboa

Qual o encanto da cultura
esquecida sem valor?
Qual o pranto que me cura
com muita vida e vigor?

Qual o canto que tortura
somando prazer e dor?
Qual o santo que procura
noite e dia sem pudor?

Me faço em forma nenhuma
traço a reta da curva
e lhe lanço o desafio

Me pegue antes que eu suma
nas águas da fonte turva
dum labirinto sem fio

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Pela manhã

Lucas C. Lisboa


o que cura culpa
da moça nova que sangra
em sua primavera?

terça-feira, 1 de junho de 2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Manifesto

Lucas C. Lisboa

Estudo na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e por esse nome fica bem claro que a filosofia não faz parte das ciências humanas e duvido muito que se encaixe bem como qualquer outra ciência. Sim, isso parece piada, mas me leva a pensar no porque de nosso curso ser tão engessado pelas normas dessas ciências que, de certo modo, não deixam nada a dever à Escolástica Medieval! Com normas, métodos, restrições e mil barreiras ao livre questionamento e livre pensamento que, inocentemente, achei que eram fundamentos da Filosofia.

Cheguei para o curso de filosofia com vários nomes e idéias, lidos em livros de história, vistos em documentários e até mesmo citados em mesas de bar. Tive a ilusão de que esses nomes fossem importantes e que eu os estudaria no curso de Filosofia. Fui, entretanto, surpreendido por uma porção de nomes que nunca tinha ouvido falar na minha vida, nomes que foram esmiuçados aos mínimos detalhes sob a justificativa que eram os percussores ou os herdeiros de um daqueles nomes importantes.

Durante muito tempo me culpei, pois, por desleixo meu, eu saí do ensino médio sem conhecer a fundo nomes como Nietzsche, Marx, Maquiavel, Jean Bodin, Rousseau, Montesquieu, Sartre e outros tantos mais que, dentro de sala, eram apenas citados como se todos ali já tivessem lido e relido cada obra e assim fosse necessário ir aos autores periféricos para um maior aprofundamento daqueles temas que eu já devia saber a fundo desde o primeiro dia de faculdade! Os anos de graduação se sucederam e minha esperança se renovava a cada semestre. De quando em vez um ou outro aparecia, mas em seu texto mais obscuro e árido, aquele mesmo que ele nunca completara, lançado postumamente, em língua estrangeira ou de sorte um texto com dúvidas de sua autoria.

Com o tempo percebi que aqueles textos e filósofos obscuros eram o nicho de pesquisa de meus professores. Não duvido que fossem eles fascinantes de se pesquisar, afinal, não estavam saturados como os cânones! Porém, eram fascinantes para quem dominava bem os fundamentos, as idéias principais daqueles filósofos sobre os quais orbitavam os demais. Tive um espanto ao ser apresentado a conceitos profundamente formulados, que meu professor havia desenvolvido com primor. Mas novamente não havia nenhuma preocupação em sedimentar as bases da compreensão daquele conceito. Sentia-me como se no colégio estivessem tentando me ensinar a multiplicar antes de aprender a somar (e confesso que às vezes alguns professores já chegavam direto com a raiz quadrada).

Felizmente, nem todos os professores queriam que eu lesse Guimarães Rosa antes de aprender o alfabeto, tais professores que realmente tinham o dom do ensino conseguiam me levar de um ponto ao outro, começando dos conceitos mais básicos, para depois reconstruí-los em conceitos mais sólidos.

Tais professores eram poucos, na maioria das aulas eu me sentia como um rato de laboratório, um claque obrigado a prestar atenção nos detalhes da última pesquisa do professor.  Eu via uma inversão perversa, os autores fundamentais apareciam em disciplinas esporádicas, optativas, enquanto que nas disciplinas obrigatórias me deixavam frente a trabalhos restritos em seu conteúdo e abrangência.  Comecei a enxergar nisso um descaso de determinados professores, um desinteresse total pelos alunos. Como se não importasse para eles o aprendizado, a formação geral de cada um apenas, quando muito, querendo-os para suas próprias escolas filosóficas, como se desejosos de um coro para reafirmar suas idéias.

Tanto descaso ficou muito claro quando um professor ao criticar o método de "outros professores" comparou as notas que cada um dava a um mesmo aluno, dizendo que era impossível que aquelas notas tão altas fossem condizentes com a capacidade do aluno. Em nenhum momento questionou quanto a sua própria capacidade de lecionar, de fazer o aluno se interessar por seu tema e muito menos que fatores acadêmicos e extra-acadêmicos levaram àquele aluno aos resultados que ele observava.
Ao longo do curso de filosofia testemunhei o abandono de muitos colegas, muitas crises pessoais e muitos trancamentos repentinos. Como nenhum professor tomou uma atitude depois de tantos casos graves de suicídio e de tentativas se tornou um mistério para mim. Quando questionados simplesmente respondiam que não foram procurados, não lhes pediram ajuda. Tal pode muito bem ser uma desculpa perfeita se esqueço é claro que quem tem problemas muitas vezes não sabe ou não consegue pedir ajuda e sequer sabe dos meios que poderia recorrer para pedir ajuda.

Tais questionamentos me fazem pensar se os professores sabem quais são seus deveres para com os alunos. Percebi logo que a universidade é um mar de burocracia onde os professores se resguardam fechando os olhos para os direitos do aluno. Vi muito professor forçar a data de um exame especial para dois dias depois da prova final, sem tempo para se estudar minimamente. Não é dito que o professor só pode marcar um exame especial para antes da data prevista em calendário se todos os alunos concordarem.

São tantas as frustrações ao longo do curso que não entendo como essa filosofia que aprendi durante esses anos todos um dia influenciou revoluções, mudou a forma que o homem pensava a si mesmo. E tenho mais dificuldade em como foi possível que no Maio em Paris houvesse professores-filósofos juntos com os estudantes! Há uma falta de Empatia que me sufoca nesse curso, é esse o maior problema da filosofia: Como se libertar do engessamento, do rigor, do distanciamento academicista, como tornar a filosofia viva e fértil para os seus e também para a sociedade.

domingo, 30 de maio de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Confessionário

Lucas C. Lisboa

Ontem, um copo de leite
mamãe me deu em seu ninho
Hoje um seio nú em deleite
mamo com todo carinho

Não há gula q'eu não aceite
se oferecida com jeitinho
gosto de carne, mel e azeite
junto dum odre de vinho

Eu lembro da prima bruna
de pele macia e escura
com mamilos tão gostosos

Responsável por alguma
ou várias de minhas taras
juvenis e outros gozos

terça-feira, 25 de maio de 2010

Silogismo

Lucas C. Lisboa

Se me for noite
eu lhe fodia
e meu açoite
se lhe for dia

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A forma da racionalidade

Lucas C. Lisboa

O Século das luzes não viu nascer apenas a Indústria têxtil inglêsa e o protestantismo de Calvino como sucita Weber em seu livro célebre. O mesmo fio condutor  que o autor aponta como germe de ambos os processos também pode ser visto nas artes seja na música onde surge a notação musical tal qual é utilizada, com suas regras, medidas e formas bem estabelecidas ou seja na literatura onde surge o movimento árcade.  Todos esses eventos marcam uma ascenção de uma racionalide pragmática que busca os melhores meios para seus fins.

O arcadismo surgiu como uma proposta literária que se primou pela forma, estrtuturada e com uma definição dos meios para se alcançar uma poesia perfeita. Definima não só a forma como também seu conteúdo. Os temas, os metros, as regras foram todas estabelecidas rejeitando o obscuro Barroco e adota principios norteadores como "inutilia truncat" e " "aurea mediocritas" onde o primeiro dizia para se cortar os excessos e rebuscamentos desnecessários à arte e o segundo estabelecia o diálogo direto com o quotidiano e racional em detrimento do irracionalismo  sagrado e profano.

Tal processo racionalizando da vida humana tem seu ápice no século XIX onde a industrialização da Inglaterra já deixou o reduto têxtil e avançou para uma complexa máquina fabril e  mercatil em uma forma consolidada de capitalismo que possibilitou o surgimento do império que nunca dorme. A França além de ter lançado os ares da revolução  também propagou o Parnasianismo que, depois de um aparente recuo romântico na segunda metade do século anterior, surge com uma proposta ainda mais profunda que a dos Árcades.

Os Parnasianos se protaram como cientistas dos versos começam a dissecá-los em sua anatomia, prestando o trabalho de definir a sonoridade de cada vogal, de classificar palavras e versos quanto ao seu sexo e tonicidade. O tratado de Olavo Bilac sobre versificação explicita elementos da poesia nunca antes explorados, categorizados e aplicados com tamanha precisão e cuidado. O título de ourives das palavras é mais que adequado àqueles que aprenderam num processo cuidadoso e racional a extrair a máxima expressividade da forma.

Contudo tal processo não se encerra e se cristaliza com o parnaso, pois a ascenção da racionalidade ganha contornos de outra dimensão no século seguinte. A morte de deus é decretada e o homem passa a ter a si como único responsável, racional e absoluto dos seus atos. Mesmo os horrores das guerras não  fazem mais que reafirmar a responsabilidade do homem para consigo. Esse deslocamento também se nota na esfera econômica onde a própria lógica, a própria economia passa a valer por si mesma sem que seus rumos sejam ditados por outrem que a própria lógica do capitalismo financeiro.

Com a virada do século a poesia se devora num processo antropofágico dos valores estéticos vigentes por seu caráter profundamente racional. Pois se aparentemnte o verso dito livre é uma reijeição à racionalidade instrumental o mesmo não deixa de ser uma complexificação  da estética anterior numa conciliação racionalizadora dos conflitos e questionamentos dessa época.  Soa o modernismo como uma rejeição da racionalidade tal qual o capitalismo de sua época foi dito como selvagem, mas ambos são um processo extremo de racionalismo onde o indivíduo comum perde a referencia dos processos internos.

As novas experiências modernistas são de tal maneira profundas e inovadoras que o público médio só pode enxergar nela uma iconoclastia, uma ausência de parâmetros e normas. Mas tal visão é tão errônea quanto se um medieval que ao ver um avião em pleno vôo acreditasse que se trata de um feito mágico. Só que a magia modernista funciona como a apresentação de um mago de palco. Onde se troca a assistente linda que desvia o olhar do público enquanto o truque se passa do outro lado por  um discurso de liberdade absoluta da forma como um engodo para que seus leitores não vejam os usos formais que se escamoteiam em suas obras. A sutileza do poeta que declara que seus poemas surgem num rompante e depois afirma que sas palavras mentem?

Os seguidores destes porém tentam imitar os seus feitos levando-os ao pé da letra acreditando que a magia do versos está nas palavras do mago, em seu "ocus pocus" , pois foram completamente seduzidos pela assistente. Os modernosos imitam a aparência da poesia modernista mas engoliram o embuste estético e sequer têm consciência da busca pela primazia estética dos versos pois não lhes foi dito o truque secreto que se passou bem debaixo dos seus olhos.

Contra o ataque infundando contra a forma há a proposta oulipista que não se propõe uma mera revalorização  da forma trazendo-a para o uso afinal a mesma nunca deixou de fato o verso apenas foi ocultada magistralmente pelos modernistas. O OULIPO pretende explorar os limites da palavra  sem depender de um obscurecimento da forma para fazer belas as letras mas sim tornar a própria engenharia da escrita bela.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Romântico

Lucas C. Lisboa

E tomarei mais um porre
pelo finissimo trato
do que no seu peito morre
e dentro de mim eu mato

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Eferma

Lucas C. Lisboa

Quanto vale o honorário
do verme tão solitário
que malgrada toda sina
e não cura a medicina?

Ele recebe seu salário
pelo labor de operário
come carne pequenina
da já eferma menina

com seu pijama de seda
passa o dia deitada ao leito
se distraindo na leitura

dos versos que bem lhe enreda
desejos e no seu peito
quer d'um homem a ternura

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pueteiro Filosófico

Lucas C. Lisboa

Eu, de núvens e relógios
nada pretendo saber
se ao metro faço elogios
é só para meu prazer

O verso me diz verdades
que jamais viria a ter
refutando mil vaidades
e mentiras sobre o ser

Com chicote na mão
dialética do senhor
e do escravo me apraz

A minha revolução
é perversa em seu furor
e declara guerra à paz

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Primavera

Lucas C. Lisboa


Docuras do mel
da amada trazem abelhas
colorindo a casa




quinta-feira, 15 de abril de 2010

Belíssima Fera

Lucas C. Lisboa

Sim, eu não nego, sou a reles fera
de gestos rudes, feios, mas de gostos
refinados demais numa triste era
de maus hábitos, púdicos nos rostos

Que escodem seus desejos e quimeras
tantas que reconheço tão contidos
entre seus lençóis d'uma primavera
esquecida em calores coloridos

Sim, sou fera, mas não quero qualquer
Bela sem sonhos ou ensejos puros
em vontade faminta entrelaçados

Sim, com ela, me vem tudo que quer
os meus prazeres sórdidos e escuros
que torno nossos sendo saciados


terça-feira, 13 de abril de 2010

Nadapédia

Lucas C. Lisboa

Qual malogro de seu logro
e seu malfadado fado?
Será uma inversão do togo
ou só um cavalo calado?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Se faz penumbra

Lucas C. Lisboa

e a vela se apaga
envergonhada pelo
flerte dos amantes

Cego pelas Musas

Lucas C. Lisboa

velho assum-preto Poeta
alegremente arquiteta
seus tantos versos de Dor
cantado aos Pés seu amor

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Trova para Sara

Lucas C. Lisboa


Sedenta de vara
vem aquela tara
conhece de cara
a pica tão rara

terça-feira, 30 de março de 2010

Trova travada

Lucas C. Lisboa

Ocaso de quem não Nasceu
é a Aurora da Velhice
a Fé profunda do Ateu
e o Santo em peraltice!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Visionário

Lucas C. Lisboa

muito vale tal órbita concreta
desse seu cego olhar Glauco Mattoso
que fez em fôrma e forma audaz poeta
de soneto em soneto primoroso

nada vale seguir a mesma meta
fadado a versador tão modernoso
pois na rima e no metro se arquiteta
o poema que é puro e vigoroso

à providencial cegueira um brinde
que com seus versos bem nos banqueteia
com palavras lascívas e requinte

de quem sabe tecer bem a sua teia
com palavras sutís e doce acinte
à pudica moral que nos rodeia

PS: eis minha homenagem ao poeta vivo que mais admiro, que mais tenho em conta como parâmetro estético e valor poético. Glauco Mattoso é seu novo nome, conheçam seus milhares de Sonetos perfeitos.

terça-feira, 23 de março de 2010

Depois de amanhã

Lucas C. Lisboa

 
O dia depois de amanhã
Eu sei bem como vai ser
acordarei de manhã
com a barba por fazer

O dia depois de amanhã
Eu sei bem como vai ser
dormirei com minha irmã
(a que nunca vim a ter)

E você me sorriria
nas mil pequenas intrigas
quando o chefe vai embora

Nesse novíssimo dia
cantarei velhas cantigas
que inventarei na hora

quarta-feira, 17 de março de 2010

Bibunt omnes sine lege

Lucas C. Lisboa

Beberão vossas altezas
um, dois,  três ou quatro  odres?
Pois serão quantas cervejas
de lupo e cevada podres?

Beberão também princesas
que só  valem poucos cobres
Por suas tantas safadezas
dadas aos ricos e pobres

Bebem todos sem postura
altiva de um cavaleiro
ou de uma madre em candura

Bebem todos: pardieiro
carne e vinho se mistura
no bacanal verdadeiro

segunda-feira, 15 de março de 2010

Piada engarrafada

Lucas C. Lisboa

A garrafa, vazia,  de vodka  gira gira gira e para com a boca apontada para Ele que ri nervoso olhando para Ela que esta exatamente para onde a bunda da garrafa aponta.
Ela, maliciosa, pergunta: "Verdade ou Consequência"
Ele, desafiador, retruca: "Consequência!"
Ela, lambendo os lábios, ordena: "Simule sexo com uma planta."
Ele, atonito, pergunta fingindo que não entendeu pois não acreditava naquilo: O que???
Ela se limita a dizer seca: "Simule sexo com uma planta?"
Ele, desesperado: "Mas qual?"
Contendo, por pouco, o riso Ela diz: "Aquela que achar mais jeitosinha..."

segunda-feira, 8 de março de 2010

Doce Garoupa-crioula

Lucas C. Lisboa

A doce garoupa-crioula, vestida em uma veteranice rodada e branca, tem os cabelouros penteados e de lindas cachias. Ela tem os seus olhos-de-cão amendoados de um azul elétrico e violáceo, mas tristes e marejados.

A doce garoupa-crioula, em um salazarismo amplo e vazio, está amargamente sozinha, com seus pesadumes descalços sobre a marmota fria. Ela, com sua pequenina mapará, manchando o chaparreiro com seu lento gotejar tão vermelho, segura trêmula uma facção pela firmação

A doce garoupa-crioula apenas chora e mordendo uma raja tamanha que machuca seu laborão tão macio.


--------------------------------------------------------------
Baseado no Conto "Doce Garotinha" usando a regra do S+7 do OULIPO que consiste em substituir todos os substantivos pelo sétimo subsequente. usei o dicionário Novo Aurélio  da Editora Nova Fronteira em sua 14a edição.

sábado, 6 de março de 2010

Mil Momentos

Lucas C. Lisboa

Mentirosos mordazmente
mentiras milhares mentem

matando mais moribundos
maltrapilhos malfadados

maltratam meu melhor metro
me minguam malignamente

matam meus místicos mundos
me moldando mortalmente

minha mais maravilhosa
me mesura má medida



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sim

Lucas C. Lisboa

Sou seu sátiro selvagem
saído sob sonhos singelos
sempre sonhando sozinho

Sou seu sortilégio simples
serpenteando soluções
sobre sutil sordidez

Sou seu solitário sábado
sendo sempre serviçal
sem sorriso satisfeito

Sou seu singelo segredo
soterrado sob sepulcro
sem sombrias sombras secretas

Só sou, somente sou sempre
sem sentido sem sapiência
sem solução sem segredos
P.S,: desafio meus leitores a descobrirem e listarem os contraines (restrições que ditei antes de escrever esse texto) é um exercício e tanto para quem quiser aprender um pouco mais sobre poesia e sobre literatura potencial. 

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Galanteio de repente

Lucas C. Lisboa

Eu jamais posso negar
Que gosto bem mais das nifas
melhor se forem poetisas
virtuosas ao paladar

Eu conheço um certo sátiro
que não é tão novo assim
pois diz ter tal predicado
mas acho que é só um tarado

É desejo: desconfia
do dito na sua rimada
pois mostra que você ninfa
é também uma tarada!

Serei eu ,tarada de fato
e nada de mais então?
ou está apenas enganado
na sua velha convicção?

O faro de bode velho
não é de errar assim não
vá escute meu conselho
é só seguir seu tesão

Como está bem inspirado
vejo que garoto inda és
só espero que tome cuidado
e não vacile de vez

Tu que me deixas pirado
está cega, não me vês?
por ti todo assim safado
tal um velho lobo maltês!

Droga eu esqueci a rima!
que numa só ia fazer
com minha aura feminina
para bem te responder

Pois esse jogo sabemos
muito bem como termina
e fazer com que erremos
é meu prazer, minha sina

Repete e ficará rouco
certeza tens de saber
és convencido garoto
e senso não pode ter

E também falta bem pouco
pra verdade nao se esconder!
não eu não estou tão louco
sei bem deste teu querer

Por quê tens tanta certeza
de que falto com a verdade?
na verdade acho que a fineza
do teu faro foi tarde

Sei: não é minha vaidade
nem velho ou convalido
se não tivesse o convite
teria em versos respondido?

Ninfas gostam de brincar
e os bodes bem mais ainda...
será que sabe lidar?
ou ficará na berlinda?

ou ainda esgotará meu
estoque de belas rimas?
mas até lá já se perdeu
as minhas graças de esquinas

Disse que era vergonhosa
de tuas rimas e poemas?
o que te deixas tão orgulhosa
senão que eu valha às penas?

Me vale à pena gostar
da  brincadeira, são só
versos que o vento vai levar
pois não são mais q'este pó

Provocar-te com uma pena
é uma brincadeira ardilosa
que nos deixa em plena cena
mais rápido do que em prosa

Talvez não entenda de cenas
ou menos do que de prosas
mas deixa pra lá mia rima
não era das mais formosas...

As melhores são rimas mais feias
que da cara vem e gozas
O riso é dessas tuas teias
daquelas finas, ardilosas!

Eu seria tal uma aranha?
tenho a minha preferidas!
viuvas negras: maridos
que transformam-se em comida

Aracnos bem mais espertos
oferecem um belo engodo
pra só assim passar o rodo
tal faço com os meus versos

Eis um duelo afinal
ambos um gosto: poder
quem sera de tal historia ,
aquele que vai vencer?

Sabemos que a carne mortal
é faminta por prazer
não interessa a vitória
o corpo há de padecer

Cansei de fazer versos...
As minhas toscas rimas
me toma um gosto possesso
e escrevem as mão pequeninas

Pelos prazeres diversos
Eu agradeço por sua sina
pois fiz tantos belos versos
pela tua mão de menina!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Poeta-canalha

Lucas C. Lisboa

eu lhe digo bela puta:
pois o meu muito obrigado!
anos de verso e labuta
deram enfim resultado!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

No ponto de ônibus

No ponto de ônibus vira-se e pergunta para mim com aqueles olhos castanhos:
- Porquê?

Pego completamente surpreso respondo de pronto:
- O quê?

E não contendo o riso ambos se entreolham e eu
digo:
- Porquê?

Mais que depressa ela responde:
- O quê?

Há mais gente conosco naquele ponto, pessoas transitando esperando sua condução para a cama, afinal, era dia de semana e já estava de noite.

Para nós a noite só estava começando e numa troca infinita de porquês e oquês todos ao redor do ponto simplesmente se afastam.

Isso quase nos assusta e intimida, mas no fundo o gosto do proibido, do desafio, do surreal e do divertido nos convence a continuar:
-Porquê?
-o quê?
-O quê?
-Porquê?

O onibus amarelo finalmente chega e esquecemos disso no processo de pegar passagem, procurar lugar, se sentar e tudo mais. Mas bastou sentarmos para que ela virasse para mim em tom de desafio e perguntasse novamente:
-Porquê?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

de core

Lucas C. Lisboa

A cor desses olhos seus
sei não menos que de cor
São eles dois sonhos meus
me corando o coração

Pintaria até os ventos
pelo meu sangue curtidos
guardando nossos momentos
tal nas catedrais os vidros

Decoraria meus ateus
pensamentos com as cores
rubras coronárias com deus
coroando nosso grilhão

Tingiria sentimentos
nos bordados coloridos
por deleites quinhentos
de desejos bem floridos



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Névoa

Cidade vazia
Amantes amargurados
que nada sacia

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A pirâmide de um homem

Queria que seu castelo de cartas tocasse o teto da sala de jantar. Era, sem sombra de dúvidas, um projeto ambicioso. Não lhe impediria os tantos baralhos ou mesmo as mais de mil horas de labor dedicado e cuidadoso.

Terminada sua obra, de tantas cores e motivos estampados, encheu-se todo de vaidade e seu ego ficou ainda mais ardoroso: uma pirâmide em tamanho real. Ele a construiria do solo até rasgar o céu e o firmamento luminoso.

Não contava, porém, que ao colocar a última carta, a pirâmide se faria mármore e se cravaria, firmemente, no tecido azul. E, muito menos, que do chão se elevaria para ficar dependurada, com toda a brancura de um lustre, na sala de jantar.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Terezinha Vaz Lisboa

Lucas C. Lisboa

Esse é um pedaço da história da minha avó, contada por ela, recontada por meus tios e uma parte realmente vivenciada por mim, conto com emoção e sem muita preocupação com nada mais que relatar o que senti e vivi nos quase vinte anos que essa história de desenrolou.

A barragem do Setúbal começou a ser construida no fim da década de oitenta mas foi paralizada quando saiu o Governador Newton cardoso e entrou o Hélio Garcia. Havia denúncias de superfaturamento, problemas com a pastoral da terra e com os desalojados pela barragem. Com isso o novo governador mandou desmanchar as fundações que já tinham sido construidas.

A despeito de todas essas justicativas o rio setúbal ia secar em pouco tempo sem a barragem mas os políticos da região não queriam ir contra o governo do estado.

Minha avó Dona Terezinha só com ajuda das pessoas da vila de Jenipapo conseguiu impedir que tal desastre acontecesse!Ela com mais de sessenta anos na época cavou uma vala para não deixar as máquinas irem destruir a barragem e também invadiu a mesma.

Quando ela invadiu a barragem os prefeitos da região reuniram mais 70 policiais para cercar a obra e intimidar a população de lá (é interessante lembrar que cada cidade da região nao tem mais que 4, 5 policiais)

Depois de invadida a obra houve ações na justiça contra a CEMIG que por sua vez também entreou com uma ação de reintegração de posse. Depois da invasão D. Terezinha fez piquete em frente ao prédio da cemig, juntou dinheiro com os moradores da Cidade e apenas um comerciante e a dona da pensão D Lucia ajudaram durante o processo todo o resto foi junto com agricultores, moradores, nenhum vereador ou político que seja ajudou.

Eu me lembro que com meus cinco anos eu estava pintando as faixas na casa de meu avô em Belo Horizonte para fazer a manifestação. Ficamos até de madrugada terminando as faixas, quando fomos embora da casa dela o pneu do carro do meu pai furou e ao ir trocá-lo ele foi atropelado. No dia seguinte Eu e ele assistimos a manifestação da janela do Hospital Mater Dei que é em frente ao prédio da CEMIG.

Com as máquinas paradas até 1992 saiu liminar juiz para que os manifestantes saissem de lá. Na ocasião minha avó teve uma arma apontada ao peito pelo advogado da CEMIG e foi mandada sair de lá e, ao invés de se intimidar, ela caminhou para frente e dizendo atira porque eu não saio!

No fim do processo os animos foram acalmados e por causa da chegada das chuvas não havia mais tempo para desmanchar a barragem e a CEMIG se viu obrigada a fazer uma obra de contenção para manter a barragem como estava.

A barragem foi salva da destruição imediata mas foi esquecida pelas autoridades, pela CEMIG e tudo mais. Durante toda a década de 90 eu vi minha avó procurando políticos, autoridades, prefeitos, governadores, diretores da CEMIG e recebendo apenas promessas.

Já na década seguinte eu comecei a ajudá-la junto com meu pai, escrevendo os ofícios e acompanhando ela por muitas e muitas reuniões. Finalmente conseguimos que a CEMIG declarasse seu desinteresse pela obra e transferisse seus direitos sobre ela para a RURALMiNAS.

Com isso começou outra fase onde minha vó mandava cartas e mais cartas em busca de recursos para a construção da obra e em 2004 estavamos lá presentes, no Palácio da Liberdade, na assinatura do convênio entre o Governo Estadual e o Federal para a finalização da obra.

Só que em tudo isso nunca houve nenhum reconhecimento sobre o trabalho da minha avó. Cada político da região tentou fazer de si o pai da obra, como se tivesse feito algo por ela! Tanto fizeram que só os moradores antigos realmente se lembravam do que minha vó fez e até riam quando diziamos da nossa história.

Bom, pelo menos era assim até o dia de ontem! Na última quinta feira descobrimos que Lula ia vir para a inauguração da barragem e tinhamos certeza que se não fizessemos nada ninguém ia se lembrar de toda a história de todo o esforço dela.

Nós, eu e meus tios, já tinhamos mandando inúmeras cartas ao presidente mas agora era diferente, ele estaria ali para inaugurar a obra! Minha tia, morando nos EUA passou os dias ligando e mandando e-mails para a assessoria de imprensa e cerimonial do governo mas não conseguimos saber de forma alguma se ia de fato chegar aos ouvidos dele.

Estávamos sem esperança a respeito de tudo, porem, sabiamos que aquela obra era a realização dela e ela deveria estar presente mesmo que se ninguém tocasse no nome dela, estariamos ali para comemorar.

Só que foi muito melhor do que todos nós poderíamos imaginar, ao subir no palco, Lula seguiu com os agradecimentos habituais até que começou a ler, linha a linha, a carta que finalmente chegou a ele! Eu não contive as lágrimas ao ver ao vivo o video abaixo:


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Poeta e Artista

Lucas C. Lisboa

Eu tanto lhe espero
não é porque tenho
mas sim porque quero
nós dois num desenho

Feito com esmero
por você tão minha
que nega o sincero
desejo que aninha

Em seu, e meu, sonho
que de tanto vinha
por nosso medonho
de ficar sozinha


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Agonia? Seu desejo...

Lucas C. Lisboa

Pois quer muito mais que nada
quer ser abusada e usada
por mim como mia pequena
serva de carne serena

Quadras Quebradas

Lucas C. Lisboa

Pedidos já não nos cabem
pelas recusas sem fim
Eu temo que não acabem
as culpas dentro de mim

Não se esqueça dos irmãos
sonhos tão nosso e carmim
Lembre-se de minhas mãos
seguras em ti pois sim

Porque pede pra pedir
se dar-se deseja assim
Porque nao vem-me a sorrir
se desejosa está enfim

Deixemos o sapato jogado
Lembremos da fita de cetim
Vamos regar com cuidado
um sonho bom e não ruim



Nossa primavera

Lucas C. Lisboa

O que Eu lhe peço
sabes muitissimo bem
para lhe dizer