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Poeta e apenas poeta

Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Marcenaria

Após os anos que me arrombaram a porta para me fazer mal com a desculpa de preocupação finalmente consertei.

Nesses anos ninguém pôde fazê-lo por mim, por mais que eu pedisse, implorasse para aqueles que por um motivo ou outro pousaram do meu lado.

Nenhum, nenhum foi capaz de consertar a porta que me arrombaram. Arrombaram essa porta e levaram cá de dentro minha paz, minha vida, meu eu e tudo mais.

Mas hoje, sozinho, a porta tem todo seu batente bem preso, fixo. Os parafusos amostra são aparentes como são aparentes as minhas cicatrizes, são aparentes meus erros, minhas falhas, minha história. Não pretendo pinta-los de azul para não ficarem tão visíveis. Eles estão ali por um motivo e não há porque esconder.

Agora só me falta ter de volta a chave da fechadura.

Taxista, motorista, passageiro e passagem de marcha.

Entre carros, caronas, ônibus, aplicativos e metrô tenho vivido as últimas semanas desde que a prefeitura do Rio resolveu transformar as ruas em uma espécie de campo minado deixando blocos de pedra do tamanho de barras de gelo industrial soltas pelas ruas sem pintura ou sinalização. Meu carro já era e apesar de ninguém ferido nunca mais o verei ficando apenas suas doces recordações.

Mas hoje voltei ao tempo anterior quando ia e vinha de ônibus dum estado pro outro, claro que agora estou melhor, pego um assento mais confortável mas continua sendo verdade que sempre que eu chego na rodoviária Novo Rio começa aquela perseguição dos taxistas e ajudantes oferecendo táxi. Antes eu só recusava e eles continuavam insistindo até dar no saco.  Descobri uma boa estratégia para reverter. Só pergunto vai ser no taxímetro e sem cobrar pela bagagem, somem na hora.

Do finado veículo  ficam guardadas as viagens maravilhosas, com lábios em meu falo enquanto eu dirigia apreciando a paisagem sem precisar mais trocar de marcha, carro automático tem dessas vantagens.  Poder dedilhar ou ter uma linda sereia de cabelos coloridos, uma linda de blackpower ou uma gordinha branquela me chupando enquanto eu dirijo meu carro pela estrada na pista da direita sem pressa de chegar é um prazer a lá Jack Kerouac que recomendo a todos a leitura.

Do transgressivo Na Estrada voltei a ser um pacato passageiro cobrando seus direitos na saída da Rodoviária e paro
na frente daquela galera de taxista que fica amontoado logo na saída literalmente lhe puxando pro carro deles e fiz a pergunta:

- Quem aqui me leva pra Tijuca no taxímetro? - Metade das mãos pararam de abanar pedindo minha atenção.

Quando eu tinha que passar marcha eu também era um sujeito mais romântico e namorava a distância, ela vinha fim de semana sim, fim de semana não com seu jeito de cigana e seus longos cabelos cacheados me esperar do lado de fora da rodoviária de Beagá. Era sempre as quatro da madrugada, chegava e estávamos famintos um pelo outro e não dava tempo de chegar em casa e ali nessa época desenvolvi meu apreço por fazer dela meu piano, tocando com meus dedos famintos entre seu clitóris, buceta e cu mas afinando o tom do gemido pelos mamilos que com gentil sadismo eu lhe apertava pelas ruas desertas do centro da minha cidade natal.

- Sem cobrar bagagem? - sumiram quase todas as mãos e falas agitadas

No caminho com minha mão direita ocupada lhe ensinei a passar marcha enquanto íamos vagarosamente pela rua Curitiba até chegarmos a Gonçalves Dias. Eram duas retas, uma cidade e um poeta que nos separavam da rodoviária a minha morada. Ela, minha namorada, entre seus delírios, rebolares e gritinhos quando meus dedos iam fundo em seu rabinho passava as marchas conforme eu ordenava. Primeira, segunda, ponto morto no sinal vermelho no cruzamento em asterisco típico dos belos horizontes. Mesmo um ônibus parado ao nosso lado não cessava meus dedos e ela fechava os olhos e só sentia ante a possibilidade de ser vista, flagrada se desmanchando ali.

- Seguindo a rota do meu GPS? - onde antes havia uma balbúrdia treinou o silêncio sepulcral com vários olhares contrariados. 

A garagem era bem apertada e ela tinha que descer antes de entrarmos com o carro.  Suas pernas sempre tremiam bastante e naquele frio ela ajeitava o vestido todo roto pelos meus dedos invasivos, as vezes ainda tinha de ajeitar uma calcinha e sutiã outras vezes não pois ou fora obediente e já viajou sem conforme eu tinha instruído ou foram pra longe dentro do carro mesmo. De retrovisores encolhidos, adentrava logo após ela passava pelo portão também se aninhando a si mesma pelo frio da madrugada. A cidade onde ela morava era bem mais quente que Beagá, não era um inferno como o Rio mas ainda assim muito quente.

Peguei minhas malas, dei boa noite e caminhei uns cem metros até o posto do lado da rodoviária não sem no caminho ser abordado por mais uns dois auxiliares de taxistas e uma proposta de viajar num carro comum.

Nós sabíamos até em casa nos devorando passo a passo, chegavamos ao quarto e não dava tempo de subir ao mesanino, calça, camisa e vestido estavam no chão e no meio do quarto meu tesão lhe pegava pelo vão de suas pernas que escorriam molhadas. Certas vezes ia certeiro em sua buceta e a fodia ali em pé segurando-lhe as mãos nas minhas noutras vezes a sua lubrificação era tal que seu bumbum redondinho engolia tudo de uma vez e eu lhe abraçava forte e a empalava sem dó chegando a abrir sua braços no ar formando o belo crucifixo antes de gozar.

Depois de dispensar os tantos profissionais  liguei o aplicativo. Em menos de um minuto estava embarcado indo pra casa. Chegando seguro e sem ser extorquido por ninguém no processo.

Não sei quando a burocracia do seguro vai liberar a indenização ou o carro reserva mas por enquanto fico na memória das boas  fodas. Inclusive Duma em especial que ficou grande demais para contar mas que fica para uma próxima crônica que é sobre o dia que meu trepo atrapalhou o trampo e a labuta das putas.

Aos inimigos a lei, ou como pedir o mínimo e ser recusado

Sempre que eu chego na rodoviária Novo Rio começa aquela perseguição dos taxistas e ajudantes oferecendo táxi. Antes eu só recusava e eles continuavam insistindo até dar no saco.  Descobri uma boa estratégia para reverter. Só pergunto vai ser no taxímetro e sem cobrar pela bagagem, somem na hora.

Para testar a eficácia parei na frente daquela galera de taxista que fica amontoado logo na saída literalmente lhe puxando pro carro deles e fiz a pergunta:

- Quem aqui me leva pra Tijuca no taxímetro? - Metade das mãos pararam de abanar pedindo minha atenção.

- Sem cobrar bagagem? - sumiram quase todas as mãos e falas agitadas

- Seguindo a rota do meu GPS? - onde antes havia uma balbúrdia treinou o silêncio sepulcral com vários olhares contrariados. 

Peguei minhas malas, dei boa noite e caminhei uns cem metros até o posto do lado da rodoviária e liguei o aplicativo. Em menos de um minuto estava embarcado indo pra casa.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Silêncio

Deixo meu grito calado
quero ir embora de mim
não me quero nem assado
e muito menos assim

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Na encruzilhada

Egum, egum meu querido,
favô levá esse vestido
e sua dona mal comida
pra longe da minha vida!

Ilha da Fantasia

Comprei um baú
pra por meus brinquedos
meu leito é a nau
singrando segredos

domingo, 17 de junho de 2018

Convite

Posso continuar
Na mesa dum bar
Tomando cerveja
Contigo na mesa

Posso lhe beijar
sorvendo seu ar
para que me veja
Tal seu rei e alteza

Posso lhe enlaçar
Meu ato num par
de mimo e maltrato
perverso retrato

Do bem que lhe faço
Lhe abrindo no espaço
das pernas num ato
que dentro me engato

Lhe ensino meu passo
lhe adestro seu traço
Prum plano insensato
dentro do quarto

Onde meu amasso
é de ferro, de aço
atada em pleno ar
de tanto gozar

Menina sem nome
Espero que me tome
esse poema meu
Como convite seu

Pruma noite insone
que agente se come
até o fim do breu
da noite sem léu





quinta-feira, 7 de junho de 2018

Certo

tal sol se levanta
minha glande sente falta
de sua garganta

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Glitter, Pracinhas e Monroe

Eu odeio glitter, estou de ressaca tomando banho nesse banheiro imundo depois do carnaval que teimou em não passar mas passou nessa cidade maravilhosa.  Esfrego minha virilha, sabão e unhas contra os pelos e glitter mas os pontinhos brilhantes parecem que fizeram ali sua colônia de férias num verão na terra do nunca.  Hoje já é domingo após o desfile das campeãs do grupo especial do Carnaval de escola de samba do Rio de Janeiro.

E o boquete que recebi deitado atrás do monumento aos pracinhas da segunda Guerra continua ecoando na lembrança por causa desse glitter que saiu do rosto daquela menina de moicano que antes de me chupar elogiou meu pau como limpo depois de um dia inteiro na rua entre as ruelas da lapa, as ladeiras de Santa Tereza e as avenidas da Cinelandia.

Esfrego, esfrego meu pau, saco, coxas, cu, ventre e virilha para me livrar do glitter da menina gordinha punk que me chupou tão gostoso na praça dos pracinhas. Desisto novamente, uma semana tentando tirar os glitter da minha visão e não consigo. Os generais da Ditadura eram muito melhores nisso de tirar da visão o que não queriam. Entre a praça da Cinelandia e o Monumento aos pracinhas havia um enorme edifício em uma arquitetura exuberante datada da virada do século.

O Palácio Monroe era presente inglês, com vitrais e estruturas trazidas direto de além mar. Um belo presente das Europa pro Brasil. A França deu uma estatuazinha pros EUA colocarem na Bahia de Manhatam e logo virou um dos principais cartões postais do país. Já o Palácio Monroe atrapalhava a vista do grandioso movimento aos pracinhas e com a desculpa da passagem do metrô os milícos brasileiros mandaram desmanchar.

O que foi feito com o edifício modular que veio de navio pra ser montado aqui e depois foi desmanchado novamente? Ninguém sabe ninguém viu. O magneto das vigas da perimetral não atuou pela primeira vez na copa. Já é velho conhecido dos milícos brasileiros.

Como o glitter e os meus pentelhos que já vão criando uma convivência pacífica e cordial. Mas durante o boquete não pensei em nada disso só enfiava mais fundo meu pau. Lhe alcançando a garganta enquanto ela não se intimidava querendo mais. Fodi longamente seus lábios superiores enquanto meus dedos brincavam em seus mamilos escutei o barulho primeiro de sua fivela depois do zíper e por fim vim que descia as calças para depois das ancas.

Meus dedos alcançaram seus lábios inferiores e me pus a lhe dedilhar uma melodia de no máximo três acordes pois era o ritmo que a nossa embriaguez permitia.  A cada dedilhada sua voz gemida era calada por minha glande em sua boca macia. Uma dada ora lhe peguei pelo moicano e a girei para que ficasse deitada de lado rente a mim. Com os arbustos nos protegendo mas com seus lábios livres gemendo lhe penetrei a bucetinha após botar a camisinha.

No monumento aos pracinhas eu lhe fodi no carnaval, sentia aquela bunda grande e branca rebolar e bater em minha virilha. E também naquelas nádegas havia glitter, muito glitter. Lhe fodia  com força imaginando os paus que chupava por aí para ter elogiado o meu. Sempre tive essas curiosidades, saber mais e mais sobre o que se passou e passa com quem fodo. E cortando meus pensamentos veio o seu tremor e gozo.  Gosto de assistir, o corpo arquear, o peito arfar, sentir sua falta de ar e sua mão trêmula a minha apertar e depois fraquejar. É meu próprio gozo, muitas vezes melhor que a ejaculação.

Meti mais um pouco agora no meu ritmo para gozar rápido e despejei na camisinha  meu prazer. No box lembrando disso também gozei direto no ralo. Dei um nó na camisinha e guardei no bolso da calça cargo, não deixaria ali meu gozo jogado. Deitados semi nus continuamos nosso papo de poesia nos beijamos algumas vezes breves e outras vezes longas.

Começou a amanhecer e nos levantamos trôpegos. Nos despedimos na Cinelândia. Ela ia pra uma ocupação onde estava morando e eu pegaria ali o metrô pro quarto que eu alugava na casa do velho maluco no Leblon. Joguei a camisinha na lixeira da praça e olhei de volta pro monumento dos pracinhas. Nada de primoroso para merecer a remoção do eclético Palácio Monroe.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Rego

São cinco horas da manhã e ainda faz calor, só faz barulho o ventilador seu vento é bafo quente que eu finjo que me refresca do suor que escorre do suor do meu rego peludo. Não, moro no Rio de Janeiro, mas não vou à praia o bastante pra ter aderido à moda de me depilar pra usar essas sungas cavadas que pra qualquer mineiro sério seria coisa de veado. Não que eu tenha algum problema em ser. Mas sou um viado que deu errado: faço poesia, gosto de cozinhar, nunca fui bom de bola e ainda me dou a falar palavras empoladas. Me agarrando na máxima de Quintana que dizia que não existem sinônimos perfeitos.

Mas voltando ao meu suado rego que bela cagada fizeram os cariocas e os paulistas elegendo seus últimos prefeitos! Os paulistas estavam bicicleteiros, geração saúde e coisa, e tal. Mas resolveram troca-lo pela naftalina de um pullover rosa sobre os ombros, de um lobista com cara e jeito de quem nunca fez porra nenhuma na vida. Os paulistas decerto que olharam orgulhosos para essa bela cagada que fizeram. Mas os cariocas com sua malemolência não tiveram medo de ousar e riem na cara de qualquer limite! E um santo homem colocaram para gerir a capital do carnaval a cidade maravilha purgatório da beleza e do caos.

Viro de lado, levanto vejo a moça magrela deitada nua na cama e penso se lhe fodo com o tesão de mijo ou se mijo primeiro pruma foda mais demorada. Minha bexiga decide por mim. Vou me já ao banheiro, sigo pelo corredor de estante de livros que separa meu quarto da área do segundo andar da casa. Entro no banheiro, ladrilhos brancos nas laterais e pretos na frente e atrás de mim. Mijo no box, de pau duro ninguém acerta o vaso. balanço de leve. Algumas gotas na cueca, o pau ainda úmido.

Volto pro quarto, a magrela tá lá de bruços convidativa, o creme de cabelo do lado da cama. Certa vez ela estava na rua e do nada disse que sentiu cheiro de sexo anal, depois caiu no riso e disse que não não era que na verdade só era o cheiro do mesmo creme que eu costumava usar para os meus cachos e também para enraba-la.

Sim, usar Ky não tinha a menor graça pra gente nem usar brinquedos convencionais. O cabo de uma chave de fenda, o pincel de rímel, o curvex de cílios, o desentupidor de pia, quanto mais insólito mais divertido era.  Quando por telefone eu mandava ela se tocar só valia se fosse usando os dedos mínimos de cada mão e mais nada. 

Fiquei ali refletindo sobre aquele bumbum pequenino redondinho e o creme dermatológicamte testado do lado e meu pau começou a dar sinais de vida. Sentei perto dela na altura de seu ventre gentilmente espalhei um pouco de creme em meus dedos e adentrei seu pijama fofo de bichinho com meus dedos .  Com carinho perverso fui lhe atiçando o rabinho que em pouco tempo estava ali já a me engolir os dedos e rebolar no ritmo que eu ditava. Agora vinha das partes que mais me divertia depois de atiçar fui afastando meus movimentos forçando seu bumbum a ir atrás de meus dedos ela então despertava assim já sedenta, com o rabinho implorando para ser usado, esfolado.

Tirei a cueca e lhe cobri com meu peso, não houve atrito e seu grito foi seco contido e terminado num gemido.
E como anunciado e prometido. Aquele rabinho avistado foi bem enrabado é bem metido. Concentrei minha glande a pressionar seu esfíncter próximo ao cocxi pois ali a sensibilidade é certa é o orgasmo pelo cu uma possibilidade se bem executado. E mesmo no Rio num calor danado fiz aquela magrela ter um orgasmo danado me dando o rabo.  Não tive cerimônia depois disso, fui tranquilo e gozei  meu litro em seu rabo, alcancei um plug pequeno perto eu lhe vedei queria que ficasse tudo dentro dela. E depois como boa cadela com seus lábios e língua ela veio me limpar sugando as últimas gotas de meu gozo de minha uretra.

Deitei na cama, de coluna reta com ela deitada no meu peito brincando com meus pelos com as mãos, trançado os pés nos meus enquanto eu brincava de lhe segurar os seus com os meu dedoes dos pés.

Meus olhos divagaram pelos horizontes e se lembraram que belo horizonte perdeu feio a disputa de pior prefeito mesmo tendo eleito um cartola de futebol populista e caricato. Na rixa de Carioca e Paulista  o nível de disputa tá além de qualquer compreensão.

domingo, 29 de abril de 2018

Mascate

Não penso ou pondero na sacada
e desafio os fios dos novelos
que desfio suspirando por seus pelos
pelo bigode na nuca arrepiada

meu deus, releva a relva emaranhada
nos castanhos cacheados dos cabelos
de meu amado amante que os conselhos
de mamãe sempre disse ser cilada

quando me leva leve num enlace
laça meus pulsos como que num passe
de mágica de charlatão fugaz

engana-me seu engodo glorioso
nossa relva, meu leito e o seu pouso
repousando-me o gozo do rapaz

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Oração ao Senhor dos Passos

Senhor dos Passos, mestre caminheiro
lhe persigo no trilho de seus traços
Suas trilhas são inicio, fim e meio
dos meus desejos, prazeres, percalços
Sua troça, sua fala e até seu não dito
é guia de quem caminha por instinto

Grato ofereço minha voz, meu verbo,
meu verso, com dom de falar na rima
Eu lhe sou longe quando lhe sou perto
sou seu cantante de palavra fina
Não carrego, tambor, flauta ou lira
deixo o certo e o alvo pra sua mira

Senhor dos Passos, mestre caminheiro
que faça se perder quem no meu calço
cisma de pisar com seu devaneio
de injustiça, mentira e pés em falso
Senhor dos Cantos, sua música repito
com minha métrica faço meu grito

Eu lhe sirvo ventos, vozes e vaidades:
essas verdades co'ares de Mentira
e essas mentiras co'ares de Verdade
Pois sei que vira e mexe (ou mexe e vira)
caio na teia ou caio na trilha
na velha sina de minha família

Senhor dos Passos, mestre caminheiro
não me dê o destino me dê o laço
pra domar o cavalo sem rodeio
e ir de galope, trote ou no passo
do que eu posso fazer com meu afinco
com seu grato gosto de vinho tinto

Embriaga quem diz do que não sabe
quem desdenha e desmede sua mira
tonteia e descaminha até que acabe
a bonança de quem a pedra atira
achando que assim no santo se espelha
pois sou seu filho da estrada vermelha

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Minha meretriz

Debaixo da colcha branca
Agarro suas coxas e ancas
Lhe fazendo meu delírio
me deleitando com teu martírio

Sua nadega não se espanta
quando minha mão lhe espanca
Com meu chicote lhe trilho
Marcas de vermelho brilho

Sua pele minha labuta
duma arte sádica e sacra
aos meus deuses pessoais

Não importa o quanto luta
com sua maestria de puta
É mia serva entre mil ais

sábado, 4 de novembro de 2017

Nos seus cabelos eu sou

És minha Sóror Safada:
Princesa do Pecado
És Tara Canonizada;
do desejo e desejado

És minha amante amada
c'o perverso costurado
na sua saia rodada,
no lençol desarrumado

És cabocla santificada
seu hábito desnudado
lhe veste desejada
plo poeta descuidado

És minha doce alucinada
no meu amor delirado
És minha sua tez marcada
no quarto banqueteado

És Santa és abençoada
Flora dum jardim encantado
Pois sou Fauno desta estrada
dentre campo fecundado

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Para Bara

das setenta e sete
faces vejo todas
e nenhuma no'espelho

pois não se repete
caminho, toada
ou troça de fedelho

Rei, dama e valete
‎és sempre cilada
‎n'ouro do baralho

‎Trilheiro celeste
‎senhor das estradas
‎e de mil conselhos

Pois És Tu cabra da peste
Esú d'alma agraciada
de preto branco e vermelho

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Savana tropical

Te quero seco no leito
Solo úmido contrafeito
Mão, folhagem e cipó
E meu canino sem dó

É selvagem meu jeito
Teus lábios, regato estreito
Meu soneto teu rondó
Meu cerrado teu igapó

Ariranha banha em ti
sua selva meu palacete
tu igarapé eu sucuri

Na cheia e seca tu ri
e também no repiquete
pois cauxi coça o xiri

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O Homem dos porquês

Por ser tão cheio de dúvidas, questionamentos, inseguranças e curiosidades ele abusava das interrogações exclamações mas era reticente aos pontos finais.

domingo, 13 de agosto de 2017

As onze da madrugada

de manhã ninguém de pé...
você me trás o café
e eu lhe forneço leite
num preguiçoso deleite

Latifúndio

quero semear em teus montes
Cultivar os teus campos
Semear seus regatos
Germinar em suas linhas
E ver florescer o seu gozo

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Bad request error


I don't belive in Jesus Script
I'm a bug in God's code
and I live in poor mode
in core, mother board and crypt

My life, Apocalypse
On the road, in ride
No guilty, no pride
the last day of eclipse

Lostest backup
Error four zero four
he doesn't exist

System in handicap
acess by back door
one way exit

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Vasectomia:

Tira o esperma dessa porra!

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Minha mona

riso tímido atrevido
sob um louro cacheado
lhe cai seu verde vestido
com um relance rosado

sábado, 10 de junho de 2017

Catarina

um arco-íris vermelho
vermelho felicidade
seu rosto e riso no espelho
nossas pernas na cidades

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Meu dia


Eu dormi a tarde toda
como manda o figurino
quero mais é que se foda
minha insonia, desatino

Já não danço na roda
nem de pé fico pro hino
e sequer me dou mais corda
pra inda crer no meu destino

Eis misantropo e casmurro
meu fim trancado num quarto
aos livros, jogos e poemas.

Empacado, velho burro
sou de Dorian o retrato
pagando as minhas penas

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Drink

Sem bravata, desafivelo essa fivela
nu no espelho, me vejo e a vista me trava
pele pálida, desespero e tristeza bela
sem poesia, sem amor, sem força, sem lavra

Era mais fácil na época duma Florbela
um bilhete duplo pra Verona bastava
e partia sem choro sem drama sem querela
culpa, remorso, tristeza, tudo às favas

São dois goles amargos prum sonho bom
desatino que persigo, pesquiso e não acho
esses tempos modernos são tão cuidadosos!

Já faz um ano, que não me troco meu tom
numa dúvida do porque não me despacho
pros braços noturnos tão amorosos!

sexta-feira, 31 de março de 2017

Lentamente

Minha virtude, meu mote
não mais me diz quem eu sou
muito menos porque vivo
Não tenho mais essa sorte
que do meu peito passou
só me resta um frio cativo

Não sei bem quem mais errou
e por mais que viro e revivo
não acho qualquer resposta
Tantos meses se calou,
meu lirismo tão altivo,
que de mim mesmo se desgosta

Qual verdade, qual meu crivo,
do pesadelo uma amostra
que do gosto me ressinto
Dessa sala não me livro
migalhas na mesa posta
é o q'Eu como tão faminto

Perdi o jogo, perdi a aposta
nem lavra, ouro ou quinto
me resta desse desejo
Das montanhas até a costa
acabei-me por extinto
todo gosto de meu beijo

Minhas mágoas de absinto
no meu quarto de despejo
guardo minha melhor veste
Manchada de vinho tinto
que lambo, esfrego e almejo
com toda sede do agreste

No caco d'espelho vejo
o meu sangue e minha peste
minha humilhante derrota
No embalo do realejo
mecânico e inconteste
cuja melodia me corta

Não há um deus que me ateste
que me indique a certa porta
d'esperança e acalento
Não há diabo que se preste
a me contar uma lorota
que me afaste esse lamento

Não há jardim e nem horta
onde eu colha o sacramento
ateu duma vida bela
Espinho seco, flor morta
sem horizonte no firmamento
sou nau sem mastro ou vela

Testemunho e testamento
minha herança e sequela
de coração aleijado
Desatino desatento
escondido na janela
do meu quarto rejeitado

Aqui jaz a sentinela
do anjo roto e maltratado
que quis o meu bem querer
Hoje é quadro d'aquarela
em lágrima aquarelado
me pintando sem me ver

Tento e tento ter cuidado
ao meu pranto recolher
destilado num só frasco
Suturado e retalhado
sucessivamente ser
sendo meu algoz carrasco

Venha, venha logo ver
não é ensaio de teatro
nem coroa dum infante
Meu ocaso é pra valer
sem pudor e sem recato
jaz em dois o diamante

Poema inacabado

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
ainda quero meu poema
escrito co'a linha forte
da palma de minha mão
tracejada em fino corte

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
Cutucando meu edema
num masoquismo de morte
voando a partir do chão
seguindo sem sul nem norte

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
Quero que o fio do frio trema
todo meu corpo na sorte
caída no caramulhão
um anjo d'altivo porte

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
a caldeira lhe queima a lenha
solta fumaça no trote
torce o torque do pistão
é tanta trata e transporte

Verso verseja mortal
bom, ruim, leal ou mau
na barca de rima rema
um cavalo de pinote
com ar puro e cara do cão
ladrando ante seu bote

quarta-feira, 15 de março de 2017

No dia seguinte


vejo seu short no meu box
decorando meu banheiro
meu riso não é botox
e sim puro e verdadeiro

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Prece


quero o descalabro
de ter cada canto
de ti devastado
por mia fome e espanto

quero ungir seu rabo
com meu óleo santo
pra levar a cabo
seu orgasmo e pranto

quero lhe causar
deliciosas dores
com prazer imundo

posta em meu altar
de amarras tal flores
num jardim fecundo

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Máxima Podolatria

ela me lambe os detalhes
dentre os  dedos de meus  pés
deixando-me rijo tal entalhe
com seu sexo nas marés
oceânicas de desejo
de cima abaixo até o queixo

sábado, 7 de janeiro de 2017

Lara

Fernanda Lara Máximo  Cardoso
quero seu  beijo e também o seu gozo
os seus cachos se encaixam nos meus  cachos
e seus passos bem cabem nos  meus  passos

Seu corpo,  coxas,  lábios,  nuca e dorso
me adoçam em amor, café e almoço
desenho com meus dedos os seus traços
faminto lhe ato e desato meus  laços

Minha boneca minha lhe desejo
em cada cômodo de minha casa
Sala,  cozinha e quarto de despejo

lhe quero leve na lufada de asa
com plumas pervertidas de meu anjo
que lhe vê febril,  ardente e em  brasa

domingo, 20 de novembro de 2016

madrugada

lágrimas  companheiras
quais serão as maneiras
de lhes fazerem  secar
nos meus olhos e mar?

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Desato

ante o pulso tracejado,
num  deleite delicado,
deita-se em  doce destino
de cordas e desatino

és minha, doce pecado
que cultivo com  cuidado
de daninha  dor e tino
de boneca com fita e sino

de nó em  nó eu faço atado
nessse deleite enlaçado
por fitas e cordas mil

e teu olhar feminino
se espanta com meu canino
chegando em ti com  ardil

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Quadra de luxo

O Diabo veste Prada
mas seu rico falo veste
uma camisa de vênus
da grife Luis Viton

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Abstêmico


Porque meu trago
estragou tudo

terça-feira, 13 de setembro de 2016

vinte e seis

Sequer retrucou
a bela mocinha
quando Ele a mandou
sair sem calcinha

de vestido  provou
a leve carícia
que o vento soprou
por pura malícia

Seu rosto corou
na fome que aninha
nas traves do gol
da sua bucetinha

Seu dono domou
seu ar duma anjinha
que o sino soou
barroca putinha

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

B

Eu quero  correr  a corda
por seu corpo pequenino
pois quero ver se lhe acorda
um desejo ou desatino

Se  você faminta aborda
do palato ao  intestino
uma vontade que não discorda
um malvado ou santino

É erótica a restrição
de seus movimentos e frêmitos
deixando-lhe à mercê

É erótica a escansão
nos lugares mais sedentos
que são parte de você                        

D

Ao meu comando seu ato
tenho seu controle exato
de lhe  fazer abanar
seu rabo para me dar

Faz pose,  fica de quatro
q'eu pego chego e lhe engato
o tapa de avermelhar
as nádegas em seu  par

É minha caso se deite
ou levante de revés
com minhas ordens amando

Dominá-la é meu deleite
que lhe faz beijar meus pés 
e pedir por mais desmandos

S

Sim, Eu sou vil por completo 
sua submissão satisfaz
por essa dor em seu reto
jeito de ser tão mordaz

Você meu verme abjeto
que sua dor tanto me apraz
É no seu parco intelecto
que acha a desculpa  eficaz

Mamilos  e pregadores
fazem santa dualidade
que me abrem bem o apetite

Por essa e mais tantas dores
que só suporta por vaidade
do meu sádico requinte


M

Minha moça masoquista
sua perversão me conquista
como pode ter prazer
com tal tão  estranho  querer

Sequer preciso que insista
maltratar-lhe tá  na  lista
do que gosto de fazer
pra mais e mais  perverter

Essa sanha louca sua
de sentir a dor  profana
que enfim posso lhe  causar

num rasgo deixar-lhe nua
para toda minha  gana
de bem  lhe  chicotear

sábado, 10 de setembro de 2016

Sorria às onze

eu sei  que sente saudades
das piadas de minha boca
sei que tem  as suas vontades
de matar sua sede louca

tenho essas calamidades
belas, sussurradas roucas
que renegam suas vaidades
e lhe dão as carnes poucas

dos amores não há razão
que chega lado a lado
com o peito apaixonado

moça que firme diz que não
mas que guarda meu  retrato
na parede  do  seu  quarto

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Bobagem


Eu queria poder gritar,
mas dizem que  não convém
Eu queria poder berrar,
mas não me vale um vintém

Não tenho peito de mar
sequer sei dizer amém
Não tenho olhos de ar
pelo tanto quanto além

Cabisbaixo quem procura
no bem claro o que perdeu
no mais que profundo breu

Não é poema, é loucura
reza forte dum ateu
que incrédulo se benzeu

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Oito da matina

A noite virada
garganta inflamada
sono vagabundo
boa noite pro mundo