Lucas C. Lisboa
nunca teve de verdade,
Ela cândida e concreta,
qualquer pudor ou vaidade
pra por na linha o poeta
entre os trilhos da cidade
Ela amarrou o poeta
com requinte e crueldade
para sua morte certa
declamaria-lhe Drummond
até encher seus ouvidos
com filosofia barata
causaria-lhe o meio tom
dos versos mais repetidos
de Quintana até Bilac
Publicação em destaque
Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
terça-feira, 27 de março de 2012
terça-feira, 13 de março de 2012
Bêbado na Praça da Liberdade
Lucas C. Lisboa
Mas me diga seu Sabino
Porque é que não me responde
Não curte meu desatino
ou porque você é de bronze?
Mas me diga seu Sabino
Porque é que não me responde
Não curte meu desatino
ou porque você é de bronze?
domingo, 11 de março de 2012
Autobiográfico
Lucas C. Lisboa
Eu mordo como quem beija
acaricio com meus dentes
na justa medida que almeja
a pele nua com seus frêmites
Meu amor é limpo e imundo
lhe faço puta e menina
misturo mimo e maltrato
num ciclo que não termina
Eu fodo como quem transa
com prazeres indigentes
no meu gozo que esbanja
mil perversões indecentes
Meu labor é vagabundo
poeta por vocação e sina
mas de livreto barato
que meus leitores fascina
Protesto como quem cala
o cântico de um santo
numa melodia que embala
da criança o doce pranto
Eu degusto como trago
qualquer vinho antes da ceia
para limpar todo o amargo
que a embriagez semeia
Poeto como quem fala
a prosa de riso pronto
mas que "sem querer" abala
seja o sábio ou o tonto
Eu escrevo como apago
a frase de amor na areia
e caminho a passo largo
para cair em sua teia
sexta-feira, 9 de março de 2012
Greed
Greed
I go so far
in the dark earth
But this car
gives me a scar
in my hearth
I go so fast
but it isn't the best
I need more
like a hungry beast
on a departure store
I go by last
on a weel of life
my beautiful scar
is a fools bribe
one coin, third side!
Ganância
Eu fui tão longe
nessa Terra negra
Pois esse carro
me deu uma cicatriz
em meu coração
Eu fui tão rápido
mas não fui o melhor
Eu preciso de mais
como uma besta faminta
numa loja de departamentos
Eu fui o último
na roda da vida
minha bela cicatriz
é barganha de tolos
uma moeda, três lados!
terça-feira, 6 de março de 2012
Amor de Carnaval
Lucas C. Lisboa
Pelas minhas ricas rimas
e pelos meus velhos prantos
as moças mais femininas
se perdem nos meus encantos
Nas minhas mentiras finas
rezam por todos os santos
pra ser verdades ferinas
o sonho de embalos tantos
Faço da sombra seu par
pra doce moça a sonhar
mais que pode ou deseja
Fato o mal sempre se arranja
pois fodo como quem transa
e mordo como quem beija
segunda-feira, 5 de março de 2012
Yakissoba
Lucas C. Lisboa
carne, frango, carne, frango
e na Sexta Camarão
do China comia o rango
crente que era do Japão
carne, frango, carne, frango
e na Sexta Camarão
do China comia o rango
crente que era do Japão
Lançamento do Livro Sobre Máscaras e Espelhos em Belo Horizonte
Data: 21 de março de 2012
Hora: 18 horas
Local: Biblioteca Estadual Luiz de Bessa
Endereço: Praça da Liberdade n°21
Hora: 18 horas
Local: Biblioteca Estadual Luiz de Bessa
Endereço: Praça da Liberdade n°21
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
deus-menino
Lucas C. Lisboa
pois tenho que me gabar
do meu eu e de vocês
que formam um belo par
de meia-noite às seis
quero mesmo é surrupiar
rainha na folia de reis
e depois sodomizar
uma freira outra vez
eu quero montar um cagado
desses de veloz corrida
numa dança de congado
ou na asa duma fedida
fada com o pé quebrado
numa tarde ensolarada
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Bilboquê
Lucas C. Lisboa
É na sua carne o meu fogo
embala o som tique e taque
da sua nova fantasia
e eu de mágico de araque
Nas mãos o brinquedo antigo
que me delira no fraque
num movimento que delicia
e me faz seu melhor claque
Sigo seu riso onde for
e me pergunto porquê
d'um perfume ser tão bom
Ela menina de flor
brinca com seu bilboquê
no Carnaval do Leblon
É na sua carne o meu fogo
embala o som tique e taque
da sua nova fantasia
e eu de mágico de araque
Nas mãos o brinquedo antigo
que me delira no fraque
num movimento que delicia
e me faz seu melhor claque
Sigo seu riso onde for
e me pergunto porquê
d'um perfume ser tão bom
Ela menina de flor
brinca com seu bilboquê
no Carnaval do Leblon
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Gordinha Gostosa
Lucas C. Lisboa
Gosto quando minha glande
ganha a garganta da gordinha
num gracejo grosso e grande
para lhe gozar gatinha
gostosamente em suas nádegas
regojizo meu bons golpes
de palmadas graciosas
se cavalga-me aos galopes
a garota gorduchinha
tão gostosa me dá gana
de assim lhe apertar todinha
ela me engole e afana
meu falo mui gulosinha
e é mesa pruma semana!
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Arqueira
Lucas C. Lisboa
A flecha dourada
bem em riste pulsa
a morte e a vida
e no vento expulsa
A madeixa alada
pelo ar esvoaça
também dourada
que seduz sua caça
Bárbaro guerreiro
sob sua doce mira
precisa e cruel
penetrando o peito
Seu corpo inteiro
veste verde mirra
canta o menestrel
o seu grande feito
Imagem por: http://www.facebook.com/estranhagrazy
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Sobre Máscaras e Espelhos
Minha poesia reunida em 10 anos de ofício literário finalmente se encontra condensada em um livro! É com enorme prazer que digo que meu livro: "Sobre Máscaras e Espelhos" foi enviado para a gráfica e em breve esse blog passará por grandes mudanças para receber meu lançamento.
(Clique na imagem para ampliar)
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Rio, até logo
Lucas C. Lisboa
O Rio de Janeiro continua lindo
continua vermelho de sol
e verde e amarelo de alma
num contraste mais perfeito
Tudo fica lindo na madrugada
a dentro quando o ar rarefeito
de oxigênio entra nos pulmões
e o álcool dominas as artérias
Pois Eu sou assim hoje: poeta
livre das amarras quotidianas
livre dos compassos e dos ritmos
Caminho no trilho do trem
tomando carona nos vagões
num vagar de vagabundo artista
O Rio de Janeiro continua lindo
continua vermelho de sol
e verde e amarelo de alma
num contraste mais perfeito
Tudo fica lindo na madrugada
a dentro quando o ar rarefeito
de oxigênio entra nos pulmões
e o álcool dominas as artérias
Pois Eu sou assim hoje: poeta
livre das amarras quotidianas
livre dos compassos e dos ritmos
Caminho no trilho do trem
tomando carona nos vagões
num vagar de vagabundo artista
domingo, 11 de dezembro de 2011
Confissão Carioca
Lucas C. Lisboa
Prefiro sentir calor
a destilar meu ciúme
ambos me cortam de dor
em faca de fino gume
Prefiro sentir calor
a destilar meu ciúme
ambos me cortam de dor
em faca de fino gume
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Poema Natalino
Aos que me dizem
Sou um poeta nato?
Não Nato é meu pai!
que não é apelido
de Renato mas sim
Natalino na verdade
mas não ele não
nasceu no natal!
Quem é que nasceu
foi o meu velho avô
que quis ter um filho
com o nome igual
lá nos idos tempos
de caixeiro viajante
de tropas de burro e
de trem de ferro
Em Alfredo Graça
tinha um armazém
desses de montanhas
de milho e de panos
Meu avô arrendava
um vagão do trem
pra levar de tudo
e trazer também
lá de Caravelas
fim da ferrovia
onde negociava
comprava e vendia
Vovó Terezinha
cuidava da venda
se o velho viajava
e entre uma agulha
e panela vendida
Ela fazia partos
das mulheres grávidas
da vila do Graça
Vovô Natalino
ia do coração
das minas gerais
até na Bahia
Trazia no Natal
fitas pras meninas
e a borracha fazia
festa pros meninos
Sou um poeta nato?
Não Nato é meu pai!
que não é apelido
de Renato mas sim
Natalino na verdade
mas não ele não
nasceu no natal!
Quem é que nasceu
foi o meu velho avô
que quis ter um filho
com o nome igual
lá nos idos tempos
de caixeiro viajante
de tropas de burro e
de trem de ferro
Em Alfredo Graça
tinha um armazém
desses de montanhas
de milho e de panos
Meu avô arrendava
um vagão do trem
pra levar de tudo
e trazer também
lá de Caravelas
fim da ferrovia
onde negociava
comprava e vendia
Vovó Terezinha
cuidava da venda
se o velho viajava
e entre uma agulha
e panela vendida
Ela fazia partos
das mulheres grávidas
da vila do Graça
Vovô Natalino
ia do coração
das minas gerais
até na Bahia
Trazia no Natal
fitas pras meninas
e a borracha fazia
festa pros meninos
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Bêbado em Copacabana
Lucas C. Lisboa
Mas me diga seu Drummond
porque é que não me responde
Não gosta desse meu tom
ou porque você é de bronze?
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Honesto
Lucas C. Lisboa
E me diga meu benzinho
de que são essas olheiras?
Pois são culpa do vizinho
que me alugou as orelhas!
Tocando samba e chorinho
pela madrugada inteira!
Mas fui pago direitinho
com moças e bebedeira.
Sim, sim, eu tava na festa
não nego, é feio mentir...
Eu sei que hoje só me resta
pelo seu perdão pedir.
Se me der faço a promessa
de TENTAR não repetir!
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Detrás da porta
Lucas C. Lisboa
me toca sem pedir perdão
sem dizer uma palavra
me levanta numa mão
para me fazer sua lavra
de ouro puro de tesão
me fazendo sua escrava
com a perna na escansão
que dentre as minhas me trava
marca minha pele branca
e com meu mamilo brinca
na fome que se faz sede
quando meu suspiro estanca
porque me vem numa trinca
de nos por contra parede
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Apoteose
Lucas C. Lisboa
Ele duma voz de sangue
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
o sorriso branco do Negro
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
só não sabe se quer sê-la
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
A princesa amada
Lucas C. Lisboa
na frente do espelho
de tudo e de nada
ri até do conselho
da velha encurvada
não bota aparelho
nem fica falada
somente um fedelho
lhe deixa irritada
Se lhe olha faceiro
se faz mal amada
sem ele é errada
e rasga dinheiro
a moça calada
de lábio vermelho
é muito tarada
pra pouco pentelho
por ele gamada
lhe cai de joelho
jaz descabelada
na hora do recreio
com fome de fada
faminto parceiro
co'a boca felada
lhe engolindo inteiro
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Vizinhança
Lucas C. Lisboa
Nervoso o velho Agripino
brandindo com sua bengala
a ralhar com o menino
que fez da bola uma bala
com um chute bem cretino
acertando sua janela
e a brasília do vizinho
O ecológico Agripino
resmungando não se cala
e recomenda ao menino
a usar bodoque de tala
grossa e elástico fino
pois assim não mais abala
sua paz só a do passarinho
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
O homem de preto disse não a poesia
Lucas C. Lisboa
Nos trilhos do metrô Eu fui barrado
disseram-me: poesia não tem vez
sem um certo papel protocolado
vai embora poeta d'uma vez!
Sim, eu assino sou muito culpado
de não aceitar a insensatez
de ver o verso meu ser censurado
por ganância de pura estupidez
Eu só lhe digo: Ei seu segurança
porque estraga a leitura dos viajantes
que liam-me com sorrisos em seus rosto?
Sei que só querem que eu siga sua dança
de querer coisas bem desimportantes
sem magia, sem lirismo, só desgosto!
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Coração Mineiro
Lucas C. Lisboa
Bom dia belo horizonte!
Bom dia minas gerais.
Pra minha terra de amantes.
Meus suspiros e ais!
Bom dia belo horizonte!
Bom dia minas gerais.
Pra minha terra de amantes.
Meus suspiros e ais!
sábado, 15 de outubro de 2011
15 de Outubro
Lucas C. Lisboa
No brasil mais de quinhentos
anos de exploração global
Fome e miséria são armamentos
da terceira mundial
Na terra seus mil encantos
são vitimas do capital
que fez do Mercado um Santo
intócável e irreal
Não acredite no terno
e gravata que lhe diz
com ar de sábio paterno:
"seja um escravo feliz"
Não seja apenas um servo
menos que uma meretriz
que vende a vida pro inferno
e se faz de força motriz
Jovens e velhos aos prantos
pela ganância de loucos
Acordem! Nós somos tantos
eles são grandes mas poucos!
Pois todos juntos gritemos!
bem mais alto até que roucos
escutem a verdade que sabemos:
que nós não somos os trocos!
Eventos em todo o Brasil e no mundo!
Praças pelo mundo afora despertaram. Milhões de pessoas cansadas de autoritarismo, de democracias voltadas para os ricos, da farra do capital financeiro.
Há 500 anos, o Brasil é um país saqueado por políticos corruptos, ruralistas e empreiteiros gananciosos. O governo brasileiro segue dominado pela mesma elite que levou nosso país a um dos primeiros lugares em desigualdade social.
Temos muita coisa para mudar!
Precisamos construir uma nova forma de fazer política, queremos decidir os rumos em assembleias livres, amplas e democráticas. Queremos levar o debate a todas as praças do país.
Somos contra a política suja das negociatas, de um sistema que concentra o poder nas mãos de uma minoria que não nos representa, corruptos cuja dignidade está a serviço do sistema financeiro; queremos uma Democracia Real com participação do povo nas decisões fundamentais do país, muito além das eleições, essa falsa democracia convocada a cada quatro anos.
Transparência!
Não somos palhaços. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 do jeito como estão sendo organizados servem apenas para os interesses dos ricos e de seus governantes. Estamos vendo uma verdadeira “faxina social” em nosso país, com a remoção de milhares de famílias das regiões onde serão os megaeventos esportivos. Os benefícios atingiram uma pequena parte da população. O sigilo do orçamento das obras da Copa, a flexibilização das licitações e a postura submissa do Brasil à Fifa e à CBF são um banquete farto aos corruptos.
Quem disse que queremos crescer assim?
Queremos um Brasil ecologicamente sustentável. Atualmente a política de desenvolvimento da matriz energética segue a devastação do meio-ambiente e do desrespeito aos povos originários, como a construção de Belo Monte, um atentado aos povos do Xingu. Não concordamos com o caminho que o governo federal está propondo - que prevê a construção de pelo menos mais quatro usinas nucleares até 2030 - no desenvolvimento de uma energia cara e não segura: Enquanto o Brasil segue com as usinas nucleares de Angra dos Reis, mesmo após a calamidade nuclear de Fukushima, há pouco incentivo às novas tecnologias energéticas sustentáveis, como a solar, eólica, de marés, para as quais o país possui enormes potenciais.
Equilibrado e para todos.
O agronegócio segue como um risco ao futuro. O desmatamento desenfreado, anistiado e estimulado pelo novo Código Florestal, segue transformando o Brasil numa grande fazenda de soja. Não há uma política séria de reforma agrária, de soberania alimentar e de preservação do meio-ambiente. Segue a destruição da Amazônia, o uso abusivo de agrotóxicos e a propriedade da terra cada vez mais concentrada.
Educar ou manipular?
Estamos fartos de que os meios de comunicação, que deveriam servir a população como ferramenta de educação, informação e entretenimento, sejam usados como armas de manipulação de massas, trabalhando para os mesmos políticos corruptos que deflagram o país em benefício próprio.
Vamos colorir as praças com diversidade!
Ainda sofremos discriminação pela cor da nossa pele, por nosso sexo ou orientação sexual, por nossa nacionalidade, por nossa condição econômica. Queremos colorir as praças brasileiras com a diversidade do nosso país, que precisa ser livre, digno e para todos. Devemos ocupar, resistir e produzir decisões e encaminhamentos democráticos, onde a colaboração esmague a competição e a socialização destrua a capitalização. Não temos a ilusão de resolver todos os problemas em poucos dias, semanas, meses. Mas teremos dado o primeiro passo.
Chegou o momento em que todas as nações, todas as pessoas se unem e tomam as ruas para dizer: Basta! É hora de assumir a nossa responsabilidade e o nosso direito a uma vida livre e justa. 15 de outubro: um só planeta, uma só voz.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Bêbado Boêmio
Lucas C. Lisboa
Manhã de feriado
bebeu pela santa
e também tinhado
do capeta sem regra
Caminhando de lado
tropeça na penca
de cajá-do-diabo
sem querer encrenca
Pergunta embriagado
quanto cobra a quenga
de batom borrado
e saia flamenca
Mas é mãe de santo
que lhe joga praga
por ser tão errado
no sertão sem água
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Anotações sobre versificação
O metro faz parte de um conjunto de sistemáticas que nos permite ter com clareza as potencialidades formais de cada verso e de seu conjunto. A afinação paulatina dos versos permite ao poeta reexaminar seu poema e lhe dá tempo para que possa dentro dele atingir sua máxima expressividade.
A cada reolhar de um poeta sobre seus próprios versos acontece uma concepção mais pura do que é a obra que criou e tal qual um desenhista que ajustas detalhes de proporção de seu quadro o poeta tem todo o direito de acertar cada nuance de sua expressão posta no papel.
Ao reorganizar as palavras de seu poema o escritor consegue aprofundar a força expressiva das palavras centrais de seu texto dando-lhe o acompanhamento adequado pois se acompanhada de algum termo de peso igual a idéia central de um verso pode ser ofuscada.
A adequada concatenação de fonemas átonos e tônicos permite o poeta dar relevo semâtico e rítimico às partes de seu poema que sua temática demanda maior atenção. Na poesia a versificação não serve apenas para polir as pérolas de um poema mas também para afiar os seus espinhos.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Copo Sujo
Lucas C. Lisboa
Numa briga de casal
chega dois policial
ou vira logo bangbang
ou senão um gangbang
a briga tem razão tal:
ela não quer fazer anal
é pinga cachaça e sangue
bueiro fedor de mangue
Bebo na mesa ao lado
e dou um trago no cigarro
ouvindo a voz arranhada
da moça c'o namorado
que sequer noto o catarro
do mendigo na calçada
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Outono
Eu penso que as folhas secas
são rascunhos de poemas
descartados pelas árvores
e inspiradas pelo sol
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Flerte sobre trilhos
Lucas C. Lisboa
Com o doce balanço do vagão
Ela morde seus lábios bem no canto
e conforme lhe sobe seu tesão
relê o poema cheio de tanto encanto
Ele se fez poeta em procissão
que evangeliza como fosse santo
e tem a poesia e a desrazão
as duas únicas deusas de seu canto
ela moça de saia justa e curta
que curte os versos dele com corpo
tendo sua alma cativa e bem absorta
sua silueta no reflexo torto
da janela ele admira e arquiteta
para dela fazer seu cais e porto
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Para dizer a verdade
Lucas C. Lisboa
Carlos plantava sapatos
para colher suas abóboras
e fazer porta-retratos
duma mesa cheia de sobras
na ceia de fotos e fatos
as damas e peões de obras
cantam os seus velhos fados
ao preá jogado às cobras
Mas Carlos é dro mundo
e hoje planta tenis nike
feitos por crianças chinas
Não sou ele então abundo
nas praias como beatnik
vendo as bundas femininas
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Carola
Lucas C. Lisboa
a moça de pele negra
mas olhos de céu nascer
seu sonho sujo renega
pro meu deleite e prazer
diz seu "não" a cada entrega
como quem sim quer dizer
ao falo e falar se apega
com vontade de morrer
desminto o que pastor prega
contra a fome de viver
servindo vinho na bodega
bem antes do entardecer
mas a culpa que lhe cega
é da pureza perder
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Eu
Lucas C. Lisboa
Meu nome é Lucas Lisboa
sou um poeta bem atoa
dizem que vim do parnaso
mas isso não vem ao caso
Minha poesia destoa
mesmo se meu metro soa
como um antiquado atraso
do trem moderno do acaso
Eu detesto Drummond
não gosto desse seu tom
maestral e filosófico
rigido como um estóico
Que dá conselhos com praso
de validade vencido
se dizendo metamórfico
moderno no cenozóico
Confesso que eu quero mesmo
assustar senhoras gordas
como me ensinou o Quintana
com e após seus cem sonetos
Quero o poema piada
contar história rasteira
Eu quero pegar a estrada
em plena segunda feira
Quero versejar bem livre
da jaula do verso livre
Eu sou toureiro e peão
laço versos co'a escansão
Quero brincar co'a estrutura
do verso mas sem postura
de conselheiro ou de vilão
mas amante por tesão
Meu nome é Lucas Lisboa
sou um poeta bem atoa
dizem que vim do parnaso
mas isso não vem ao caso
Minha poesia destoa
mesmo se meu metro soa
como um antiquado atraso
do trem moderno do acaso
Eu detesto Drummond
não gosto desse seu tom
maestral e filosófico
rigido como um estóico
Que dá conselhos com praso
de validade vencido
se dizendo metamórfico
moderno no cenozóico
Confesso que eu quero mesmo
assustar senhoras gordas
como me ensinou o Quintana
com e após seus cem sonetos
Quero o poema piada
contar história rasteira
Eu quero pegar a estrada
em plena segunda feira
Quero versejar bem livre
da jaula do verso livre
Eu sou toureiro e peão
laço versos co'a escansão
Quero brincar co'a estrutura
do verso mas sem postura
de conselheiro ou de vilão
mas amante por tesão
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
A praia vermelha
Lucas C. Lisboa
A garrafa de vidro na parede
se espatifa já seca, vil, vazia,
incapaz de matar a minha sede
em mil cacos da mia melancolia
O desengarrafado cão me pede
um gole de poesia mais vadia
meu verso descuidado logo perde
sua postura na pinga que me ardia
O peito e também nos tantos cortes
em minhas mãos rosadas de meu sangue
pras bitucas meu maço virou tumba
Me sorriem as lixeiras e seus postes
com um cheiro de maresia e mangue
e lhes brindo o champanhe de macumba
A garrafa de vidro na parede
se espatifa já seca, vil, vazia,
incapaz de matar a minha sede
em mil cacos da mia melancolia
O desengarrafado cão me pede
um gole de poesia mais vadia
meu verso descuidado logo perde
sua postura na pinga que me ardia
O peito e também nos tantos cortes
em minhas mãos rosadas de meu sangue
pras bitucas meu maço virou tumba
Me sorriem as lixeiras e seus postes
com um cheiro de maresia e mangue
e lhes brindo o champanhe de macumba
Soneto em homenagem ao meu querido Augusto dos Anjos escrevo à sua maneira e temática um poema em decassílabos heróicos. Ele foi o primeiro poeta que me seduziu , que me fez ver a beleza da forma, sua temática já foi bem comum em minhas obras, hoje volta como um exercício de estilo. De um fazer poético onde todos os temas são lícitos e belos. Sou hoje um oficineiro que não rejeita nenhum material para seu esmeril poético.
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