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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
terça-feira, 22 de maio de 2012
Canto ao Guerreiro
Sangrando o ar com sua espada
o cavaleiro sustenta
sozinho pela lembrança
dos beijos da bela amada
Não baixa nunca sua guarda
em uma luta sangrenta
contra as sombras dessa herança
que lhe ergue e lhe mata
É guerreiro bravo e forte
algoz dos vermelhos dragões
e também de homens e feras
Rei no sul vilão no norte
herói na costa e sertões
será lembrado por eras!
domingo, 6 de maio de 2012
Maternidade
Eu por ter nascido homem
nunca soube nada sobre
o que é ser mulher
ou conceber um filho
Porém como poeta
Eu sei bem como é
quando o verso solto
fecunda minha mente
E cresce até se tornar
pequena e timida estrofe
depois ganhar corpo
e também ganhar forma
Orgulha-me se vira um poema
daqueles, garboso e forte
e cheio de melodia que conquista
um outro coração incauto
Despertando outro poeta
semeando dentro dele
um outro verso
de pura inspiração
Que crescerá noutro
papel de pauta marcada
para uma outra alma
lê-lo e espalhar por ai
Não sei se é um sentimento
sequer próximo ou parecido
o dom de criar no papel
e a benção de dar a vida
Mas já me contento
se meus versos gestados
embalarem uma canção
de ninar de uma Mãe
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Café com leite
O negro de forma bela
e cheio de melanina
com esse seu olhar mela
a nina de uma menina
De pele branquinha ela
se faz tão doce e felina
que arrepia toda aquela
nuca atrás da trança fina
Sim, negro garboso e afro
de cabelos de tantas tranças
seduz os olhos da gringa
Ela se sonha no sarrafo
dele enquanto dança
dura seguindo sua ginga
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Mudança de endereço!
sábado, 21 de abril de 2012
O Pivete e o Homem, exercícios do papel de macho.
Caminhávamos ali pela mem de sá antes de chegar aos arcos da lapa quando chegou um menino de pequeno de menos de 12 anos e olhou no fundo dos olhos dela e puxou sua correntinha de ouro do pescoço e saiu correndo.
Eu não pensei duas vezes e corri atrás do moleque, ele tentou se enfiar no meio da multidão mas antes disso eu o peguei e ele caiu no chão. Gritei com ele perguntando cadê a corrente até que ele desesperado, sim o olhar dele tinha muito medo, me falou que tava no chão e apontou.
Ainda fora de mim levantei ele do chão com um movimento só e as pessoas ao redor já se agitavam querendo que eu chamasse a polícia. Nesse momento eu só via o olhar de pânico do garoto e soltei ele. Quando falaram em polícia eu fiquei morrendo de medo do que eles poderiam fazer com aquele menino.
Deixei aquele lugar meio atabalhoado, uma moça até chegou próximo da gente perguntando se a gente não ia mesmo chamar a polícia e um cara veio mostrando uma outra correntinha perguntando se também era nossa. Negando a ambos atravessamos os arcos da lapa finalmente. As ruas estavam cheias de gente mas eu não via ninguém. Minha cabeça estava um caos, fervilhando de pensamentos e meu peito de sentimentos contraditórios.
Depois que a adrenalina se diluiu em meio ao meu sangue me senti duplamente mal por tudo isso. Primeiro por ter causado todo esse horror no moleque que é uma criança e depois por ter obedecido a todo o adestramento social que faz do homem esse animal, o sexo masculino é ensinado, desde criança, a ser uma espécie de cão de guarda.
Fiquei imaginando as merdas que aqueles policiais poderiam fazer com aquele menino que sequer tem idade para ter discernimento de algo. E também imaginando o que eu poderia ter feito se não tivesse visto aqueles olhos dele em pânico. O pior é que por mais bestial que tivesse sido meu ato, ele seria apoiado por todos ao redor, teriam visto e dito que o "ladrãozinho" mereceu. Como é que uma criança dessas poderia ter merecido algo assim? Só aqueles olhos, só aquele medo que dava para sentir o cheiro já foi muito além da conta que ele merecia.
Dentro da van indo para casa tive ódio de mim mesmo, por ter feito exatamente como fui adestrado pela sociedade a fazer. A proteger meu território, a responder imediata e com violência ao ato. Não pensei, só agi como fui condicionado a agir. Nós homens somos criados para agir com essa violência desmedida desde o início, em jogos competitivos, em brincadeiras com espadas.
Essa "educação" fez acontecer esssa pequena corrida ao pivete mas também faz acontecer todos os dias os socos no olho porque o cara mexeu com sua mulher, as facadas no ventre por que o cara lhe olhou torto e muitos e muitos óbitos que só acontecem porque nossa sociedade adestra os homens para serem cães de guarda prontos e preparados para atacar ao menor sinal de ameaça ao seu território.
Ela ficou feliz por ter de volta a corrente que tinha um pingente de sua avó, me agradeceu por isso. Me fez algum elogio pela minha "coragem". Sim, como bom macho alfa eu mostrei minha força para defender a fêmea que estava comigo. Que revolução sexual, que igualdade de gêneros há nisso? Até quando vamos criar nossos filhos nesses dois papéis rigidos e opressores? Isso tudo me fez chorar dentro daquela van, já sem adrenalina, pois ao invés de ficar mais calmo todos esses pensamentos me deixaram ainda mais atordoado.
A violência fisica é uma escola que botamos nossos filhos machos desde seus primeiros anos de vida. Foi por essa escola que era eu homem correndo atrás de um aprendiz de homem. É a mesma escola que o empurrou para cometer esses delitos e também leva sua irmã a se prostituir. Foi por essa escola que 70% das mortes violentas são de homens. É nessa escola de violência que se baseia nossa sociedade que ainda oprime as mulheres e massacra os homens.
Aquela correntinha arrancada, com o pingente da avó. Me fez ver como ainda sou de certo modo um cão de guarda protegendo a coleira. Defendendo com unhas e dentes uma sociedade opressora, uma animalização do homem terrivelmente intensa. Um cão de guarda e só.
terça-feira, 3 de abril de 2012
Analise literária do poema: Também já fui Brasileiro de Carlos Drummond de Andrade
O poeta narra seu próprio fazer poético como provocante, causador de desejos e aversões por sua habilidade poética mas num verso "Mas/ a/ca/bei/ con/fun/din/do/ tudo." ele perde inclusive o ritmo cunhado nos versos anteriores ao fazê-lo um eneassílabo. Justamente onde o eu lírico diz ter "confundindo tudo" o poeta imprime ali um ritmo diferente o que demonstra imediatamente o caráter ambíguo da crítica aos poetas escrevedores de poemas sobre estrelas e suas técnicas pois aqui Drummond faz seu uso para imprimir uma força rítmica que dialoga e acentua o conteúdo do próprio poema. Nos versos seguintes o poeta retorna aos versos octossílabos e conclui o poema tão carregado de ironia e negação que fica difícil acreditar que ele não seja mais irônico ou dotado de ritmo.
Todo o poema é uma contradição, forte patente e criativa. O poeta renega a cada verso aquilo que mais substancialmente é: brasileiro e poeta. Ao dizer que não é aquilo que é de fato ele pretende se distanciar de certas posturas que lhe causam aversão entre brasileiros e poetas.
terça-feira, 27 de março de 2012
Tortura Poética
nunca teve de verdade,
Ela cândida e concreta,
qualquer pudor ou vaidade
pra por na linha o poeta
entre os trilhos da cidade
Ela amarrou o poeta
com requinte e crueldade
para sua morte certa
declamaria-lhe Drummond
até encher seus ouvidos
com filosofia barata
causaria-lhe o meio tom
dos versos mais repetidos
de Quintana até Bilac
terça-feira, 13 de março de 2012
Bêbado na Praça da Liberdade
Mas me diga seu Sabino
Porque é que não me responde
Não curte meu desatino
ou porque você é de bronze?
domingo, 11 de março de 2012
Autobiográfico
Lucas C. Lisboa
Eu mordo como quem beija
acaricio com meus dentes
na justa medida que almeja
a pele nua com seus frêmites
Meu amor é limpo e imundo
lhe faço puta e menina
misturo mimo e maltrato
num ciclo que não termina
Eu fodo como quem transa
com prazeres indigentes
no meu gozo que esbanja
mil perversões indecentes
Meu labor é vagabundo
poeta por vocação e sina
mas de livreto barato
que meus leitores fascina
Protesto como quem cala
o cântico de um santo
numa melodia que embala
da criança o doce pranto
Eu degusto como trago
qualquer vinho antes da ceia
para limpar todo o amargo
que a embriagez semeia
Poeto como quem fala
a prosa de riso pronto
mas que "sem querer" abala
seja o sábio ou o tonto
Eu escrevo como apago
a frase de amor na areia
e caminho a passo largo
para cair em sua teia
sexta-feira, 9 de março de 2012
Greed
Greed
I go so far
in the dark earth
But this car
gives me a scar
in my hearth
I go so fast
but it isn't the best
I need more
like a hungry beast
on a departure store
I go by last
on a weel of life
my beautiful scar
is a fools bribe
one coin, third side!
Ganância
Eu fui tão longe
nessa Terra negra
Pois esse carro
me deu uma cicatriz
em meu coração
Eu fui tão rápido
mas não fui o melhor
Eu preciso de mais
como uma besta faminta
numa loja de departamentos
Eu fui o último
na roda da vida
minha bela cicatriz
é barganha de tolos
uma moeda, três lados!
terça-feira, 6 de março de 2012
Amor de Carnaval
Lucas C. Lisboa
Pelas minhas ricas rimas
e pelos meus velhos prantos
as moças mais femininas
se perdem nos meus encantos
Nas minhas mentiras finas
rezam por todos os santos
pra ser verdades ferinas
o sonho de embalos tantos
Faço da sombra seu par
pra doce moça a sonhar
mais que pode ou deseja
Fato o mal sempre se arranja
pois fodo como quem transa
e mordo como quem beija
segunda-feira, 5 de março de 2012
Yakissoba
carne, frango, carne, frango
e na Sexta Camarão
do China comia o rango
crente que era do Japão
Lançamento do Livro Sobre Máscaras e Espelhos em Belo Horizonte
Hora: 18 horas
Local: Biblioteca Estadual Luiz de Bessa
Endereço: Praça da Liberdade n°21
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
deus-menino
Lucas C. Lisboa
pois tenho que me gabar
do meu eu e de vocês
que formam um belo par
de meia-noite às seis
quero mesmo é surrupiar
rainha na folia de reis
e depois sodomizar
uma freira outra vez
eu quero montar um cagado
desses de veloz corrida
numa dança de congado
ou na asa duma fedida
fada com o pé quebrado
numa tarde ensolarada
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Bilboquê
É na sua carne o meu fogo
embala o som tique e taque
da sua nova fantasia
e eu de mágico de araque
Nas mãos o brinquedo antigo
que me delira no fraque
num movimento que delicia
e me faz seu melhor claque
Sigo seu riso onde for
e me pergunto porquê
d'um perfume ser tão bom
Ela menina de flor
brinca com seu bilboquê
no Carnaval do Leblon
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Gordinha Gostosa
Lucas C. Lisboa
Gosto quando minha glande
ganha a garganta da gordinha
num gracejo grosso e grande
para lhe gozar gatinha
gostosamente em suas nádegas
regojizo meu bons golpes
de palmadas graciosas
se cavalga-me aos galopes
a garota gorduchinha
tão gostosa me dá gana
de assim lhe apertar todinha
ela me engole e afana
meu falo mui gulosinha
e é mesa pruma semana!
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Arqueira
Lucas C. Lisboa
A flecha dourada
bem em riste pulsa
a morte e a vida
e no vento expulsa
A madeixa alada
pelo ar esvoaça
também dourada
que seduz sua caça
Bárbaro guerreiro
sob sua doce mira
precisa e cruel
penetrando o peito
Seu corpo inteiro
veste verde mirra
canta o menestrel
o seu grande feito
Imagem por: http://www.facebook.com/estranhagrazy
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Sobre Máscaras e Espelhos
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Rio, até logo
O Rio de Janeiro continua lindo
continua vermelho de sol
e verde e amarelo de alma
num contraste mais perfeito
Tudo fica lindo na madrugada
a dentro quando o ar rarefeito
de oxigênio entra nos pulmões
e o álcool dominas as artérias
Pois Eu sou assim hoje: poeta
livre das amarras quotidianas
livre dos compassos e dos ritmos
Caminho no trilho do trem
tomando carona nos vagões
num vagar de vagabundo artista
domingo, 11 de dezembro de 2011
Confissão Carioca
Prefiro sentir calor
a destilar meu ciúme
ambos me cortam de dor
em faca de fino gume
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Poema Natalino
Sou um poeta nato?
Não Nato é meu pai!
que não é apelido
de Renato mas sim
Natalino na verdade
mas não ele não
nasceu no natal!
Quem é que nasceu
foi o meu velho avô
que quis ter um filho
com o nome igual
lá nos idos tempos
de caixeiro viajante
de tropas de burro e
de trem de ferro
Em Alfredo Graça
tinha um armazém
desses de montanhas
de milho e de panos
Meu avô arrendava
um vagão do trem
pra levar de tudo
e trazer também
lá de Caravelas
fim da ferrovia
onde negociava
comprava e vendia
Vovó Terezinha
cuidava da venda
se o velho viajava
e entre uma agulha
e panela vendida
Ela fazia partos
das mulheres grávidas
da vila do Graça
Vovô Natalino
ia do coração
das minas gerais
até na Bahia
Trazia no Natal
fitas pras meninas
e a borracha fazia
festa pros meninos
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Bêbado em Copacabana
Lucas C. Lisboa
Mas me diga seu Drummond
porque é que não me responde
Não gosta desse meu tom
ou porque você é de bronze?
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Honesto
Lucas C. Lisboa
E me diga meu benzinho
de que são essas olheiras?
Pois são culpa do vizinho
que me alugou as orelhas!
Tocando samba e chorinho
pela madrugada inteira!
Mas fui pago direitinho
com moças e bebedeira.
Sim, sim, eu tava na festa
não nego, é feio mentir...
Eu sei que hoje só me resta
pelo seu perdão pedir.
Se me der faço a promessa
de TENTAR não repetir!
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Detrás da porta
Lucas C. Lisboa
me toca sem pedir perdão
sem dizer uma palavra
me levanta numa mão
para me fazer sua lavra
de ouro puro de tesão
me fazendo sua escrava
com a perna na escansão
que dentre as minhas me trava
marca minha pele branca
e com meu mamilo brinca
na fome que se faz sede
quando meu suspiro estanca
porque me vem numa trinca
de nos por contra parede
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Apoteose
bem negro de samba atiça
Ela num swingue sem voz
se mexe, samba e eriça
que reluz nos olhos claros
duma gringa que não ginga
mas que no peito palpita desejo
ou ser como o negro e tê-la
se excita tanto a branquela
quê não vê chegar o Mulato
mais que sedento por ela
bruto mas de fino trato
que lhe faz dama e cadela
atrevido num mesmo ato
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
A princesa amada
Lucas C. Lisboa
na frente do espelho
de tudo e de nada
ri até do conselho
da velha encurvada
não bota aparelho
nem fica falada
somente um fedelho
lhe deixa irritada
Se lhe olha faceiro
se faz mal amada
sem ele é errada
e rasga dinheiro
a moça calada
de lábio vermelho
é muito tarada
pra pouco pentelho
por ele gamada
lhe cai de joelho
jaz descabelada
na hora do recreio
com fome de fada
faminto parceiro
co'a boca felada
lhe engolindo inteiro
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Vizinhança
Lucas C. Lisboa
Nervoso o velho Agripino
brandindo com sua bengala
a ralhar com o menino
que fez da bola uma bala
com um chute bem cretino
acertando sua janela
e a brasília do vizinho
O ecológico Agripino
resmungando não se cala
e recomenda ao menino
a usar bodoque de tala
grossa e elástico fino
pois assim não mais abala
sua paz só a do passarinho
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
O homem de preto disse não a poesia
Lucas C. Lisboa
Nos trilhos do metrô Eu fui barrado
disseram-me: poesia não tem vez
sem um certo papel protocolado
vai embora poeta d'uma vez!
Sim, eu assino sou muito culpado
de não aceitar a insensatez
de ver o verso meu ser censurado
por ganância de pura estupidez
Eu só lhe digo: Ei seu segurança
porque estraga a leitura dos viajantes
que liam-me com sorrisos em seus rosto?
Sei que só querem que eu siga sua dança
de querer coisas bem desimportantes
sem magia, sem lirismo, só desgosto!
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Coração Mineiro
Bom dia belo horizonte!
Bom dia minas gerais.
Pra minha terra de amantes.
Meus suspiros e ais!
sábado, 15 de outubro de 2011
15 de Outubro
Lucas C. Lisboa
No brasil mais de quinhentos
anos de exploração global
Fome e miséria são armamentos
da terceira mundial
Na terra seus mil encantos
são vitimas do capital
que fez do Mercado um Santo
intócável e irreal
Não acredite no terno
e gravata que lhe diz
com ar de sábio paterno:
"seja um escravo feliz"
Não seja apenas um servo
menos que uma meretriz
que vende a vida pro inferno
e se faz de força motriz
Jovens e velhos aos prantos
pela ganância de loucos
Acordem! Nós somos tantos
eles são grandes mas poucos!
Pois todos juntos gritemos!
bem mais alto até que roucos
escutem a verdade que sabemos:
que nós não somos os trocos!