depois de uma história,
novinha ou de memória,
contada ao pé do ouvido:
se aconchega adormecido...
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
depois de uma história,
novinha ou de memória,
contada ao pé do ouvido:
se aconchega adormecido...
Salão do Simpósio Lotado
de pequenos empresários
desesperados com a nova
Alta do Gás pela Petrobrás
já havia uma Fábrica Falida,
os empregados desempregados,
a Economia em Recessão,
só Promessa nenhuma solução
levanta para dizer e não consegue;
na frente do Milico Ministro
de Minas e Energia e do Governador
o dono da fábrica comete suicídio.
Em seis meses a Milícia já movimentou quase 100 milhões com o narcotráfico internacional desde a eleição presidencial com um único esquema.
O militar co-piloto presidencial foi pego com 39Kg de cocaína são 39.000 gramas. O grama de cocaína na Espanha custa €78,00 o Euro está valendo no momento R$4,37.
A conta:
39000g×€78,00×R$4,37=R$13.293.540,00
Sim, mais de treze milhões de reais numa única viagem. Até agora o nosso excelentíssimo presidente já fez 7 viagens internacionais.
Como todo mundo sabe o narcotráfico não é um esquema de uma pessoa só e se articula num mesmo modus operandi ao longo do tempo. Então podemos multiplicar esses 13 milhões por 7.
Totalizando R$93.054.780,00 mais uma viagem e chegaríamos a cem milhões em um único esquema das milícias que sabidamente envolvem militares da ativa e da reserva da polícia, exército, bombeiros e demais forças armadas.
Claro que isso apenas mais uma coincidência, que não há qualquer relação com o presidente que emprega, é vizinho e tem parentes milicianos ou ligados a Milícia.
Um garoto que tinha um bicho de estimação, mas ele próprio não sabia que tinha um! Ninguém jamais contou isso para ele e nem o próprio a educação de se apresentar.
Era um bicho Travessos um humorista de primeira cheio de ideias fervilhantes e até às vezes sem noção.
Em algumas situações pregava peças maldosas e até perigosas para o seu dono e dele não desgrudava um segundo sequer!
Ele se divertia muito escondendo-lhe as chaves de casa apagando as anotações de sua agenda, marcando como lidas umas mensagens que seu dono sequer tinha lido no celular.
Seu bicho de estimação fazia seu dono olhar para um pombo branco e se esquecer de atravessar no sinal verde aberto para pedestres e não ver o Fusca azul vindo na esquina... Que perigo!
Chegava ali prender na cama sussurrando: "só mais 5 minutos" por 10 vezes seguidas para então se divertir com seu dono se arrumando apressado e totalmente atrasado para justo nesse momento trocava o par de meias dos sapatos (ou mesmo os próprios sapatos!) e lá ia seu seu dono rua afora com um de cada cor...
O bicho chegava até a fazer seu dono passar por mal educado fazendo ele passar do lado de um colega e não vê-lo porque o bicho mostrou que a cor da luz do sol refletida na vitrine e era muito mais legal e assim o bicho de estimação fazia seu dono olhar para luz e nem ver seu colega.
Seu bicho era particularmente maldoso com seu dano quando o assunto era o pessoas que seu dono sentia vontade de estar perto e pior agia quando seu dono sentia desejo por alguém.
Sempre o distraía quando aquela pessoa legal lhe fazia um gesto gentil, lhe fazendo esquecer de agradecer ou colocava uma mosca voadora super interessante para que o seu dono não visse que lhe chamaram para se sentar junto no ônibus de volta para casa.
Seu bicho de estimação o fazia perder o controle dele mesmo pois fazia ele acumular tantos "nãos" tantas frustrações que para todo mundo quando eles explodia de raiva "só por ter perdido a Chaves" era "só por ter perdido as chaves".
Ninguém sabia que seu bicho já tinha escondido também por pura brincadeira seus cadernos, carteira, celular, documentos, óculos, livros, lápis, estojo, borracha e tudo mais que pudesse por suas mãos artreiras.
E também as mesmas chaves mais dez vezes só só naquele dia e já era, sem exageros, a centésima vez no mês que as escondia e eles ainda estavam no dia quinze...
Sou jardineiro da última flor do lácio
um coveiro nada culto tampouco belo
que cava com as próprias mãos o seu espaço
não sou ourives, me cai melhor o rastelo
Dessa terra bruta hei de tirar o macio
fruto cultivado e que há tanto tanto espero
Pois do campo sou devoto e nele que crio
a fome de juntar sua foice ao martelo
Das cidades onde vivo do meu país
expatriado, apertado e apartado
num apartamento que ainda fala minha língua
Mas que nada me responde ou me diz
e pelas mitomaníacas condenado
sem resposta ou pergunta e sempre à míngua
Que gana danada
de lhe dedilhar
até ouvir seu
arfar e desafinar
em meus ouvidos.
Que fome pesada
de lhe devorar
banquete e apogeu
para me fartar
nos seus gemidos
Que tara ousada
de lhe amarrar
Impio jubileu
para lhe causar
os seus delírios
Eu quero a Cocanha
o festival da carne
em seu corpo macio
Realizar toda a Sanha
que me parte o cio
Quanto mais eu vivo e experimento, vejo que paladar/olfato são os mais íntimos dos sentidos. Quimicamente, são fragmentos de algo alheio ao nosso corpo que são dissolvidos em nossos órgãos sensoriais que nos fazem sentir aquilo. Trocando em miúdos, o cheiro de uma flor é pedaço minúsculo de uma flor que chegou até a suas narinas, o cheiro da água do mar, do alho frito na manteiga que desperta a fome, mas também é, para nosso desgosto e repulsa, o de merda.
Numa noite quente, dessas úmidas que só os trópicos são capazes de produzir quando as terras estão perto de grandes massas d'água, eu acordei com a boca seca pelo ar condicionado, mas, em meus sonhos, chupava sua buceta com sadismo requintado de quem faz gozar e não para de chupar. Essa boca seca me fez buscar água e, no quarto de hotel que estava hospedado, não havia frigobar e a água mineral que tínhamos a disposição era salobra - fora do Brasil a água tem um gosto estranho, mais pesado, quase leitoso. Isso veio me despertar para as coisas da oralidade, minha própria boca seca sendo insultada por aquela água que não era o que devia ser: insípida, inodora e incolor.
A intimidade que tenho com os sentidos seguem a seguinte ordem: visão, tato, audição, olfato/paladar. Não me incomodo em ver nada, nada ofende minha visão, nudez, feiúra, palavras de ódio, discursos escritos, violência gráfica, fotos e até mesmo o mundo real consigo usar o pescoço e olhar para o outro lado e evitar o que me desagrada se acaso não puder encarar de frente. Admirar um quadro, fotografia, prédio, pintura rupestre, obras dum mestre da escultura consegue me capturar alguma atenção, mas não por muito tempo, a não ser que sua narrativa me fascine. Se nas artes literárias sou pura forma, é ao conteúdo que me apego nas artes plásticas, isso diz muito sobre o quanto o conhecimento de uma arte molda seu gosto (ou não).
Confesso, minha oralidade é cheia de vícios e cacoetes. Tal qual eu prefiro sonetos do que a prosaica prosa, para me vir contar um conto, preciso de algo que realmente me dê tesão. Posso dizer o mesmo do beijo e do cunilíngua, que só me apraz quando a inspiração chega-me de jeito. Prefiro um abraço, um chamego, um carinho profundo do que a língua de quem não sei bem se quero e anseio. E, oras pois, beijo sempre há de ter sabor, pelo menos aquele que desejo. Pois, quando recebo um beijo que não quero, não me causa repulsa, apenas não me causa nada, é como um copo d'água bebido sem sede, é nada, mecânico e vazio. Eu juro que não entendo o horror homofóbico. O medo e a repulsa. Se não há um desejo recalcado ali, não há sensação a ser despertada. Se um mero abraço a quem desejo me atiça o melhor beijo de quem não me atrai me mantém completamente indiferente. Se isso não acontece contigo, tenho uma boa e uma má notícia pra você...
O tato me é um sentido caro, daqueles prazeres tímidos, íntimos e raros. O prazer de roçar os pés uns nos outros debaixo das cobertas, dos pingos de chuva na pele nua num dia quente, duma ducha fervente num dia frio, o toque do meu corpo noutro corpo macio, dum gato caminhando nas minhas costas de manhã, a crocância de mastigar gelo... Aliás, amo gelo, ele tem tantas utilidades divertidas, aprendi com meu pai a ter uma enorme caneca em casa, enchê-la d'água até a metade e levá-la ao congelador, depois é só completar e ter água estupidamente gelada por muito tempo. Mas o tato também pode ser incômodo às vezes, porém é fácil de repelir e de se afastar. Afora o calor do Rio, nada mais relacionado a ele me vem reclamar. Mas de fato o calor do Rio de Janeiro me faz querer arrancar a pele, cortar todas as terminações nervosas que me fazem sentir calor. Daí me lembro que boa parte disso é culpa dessa ideia de jerico de usar a moda europeia num lugar de clima tropical. Faz quinhentos anos que estamos cometendo esse erro de português cá nas terras do Pindorama, os índios devem estar rindo de nós nesses anos todos, suando feito porcos por pudor por causa dum amigo imaginário, censurador e sanguinário.
Ela implorava para eu parar e eu ali continuava. O sonho era uma bricolagem de experiências passadas, de algumas delas, e nessa ela havia me pedido as amarras e estava lá de mãos e pernas abertas, atadas e amarradas, gemia, arfava delirava e eu a chupava enquanto seu corpo tremia e gozava. As amarras entraram na minha vida há mais de uma década, são acessórios de arte, um prolongamento estético que tornam o sexo de minutos para horas, Cada nó, amarra é um deleite, um tesão, uma vontade única feita cuidado e a pedido de quem normalmente é a parte atada. Ela, amarrada ali, sendo chupada, chegava a orgasmos que não se permitiria chegar solta, que pediria para parar antes, que fugiria, que violentamente reagiria. As sensações de prazer alcançadas são fascinantes de se observar ,é muito melhor que qualquer experiência outra, é o melhor instrumento musical que eu poderia querer.
Já com audição o problema fica mais sério. Os sons são extremamente invasivos e é difícil evitá-los. Tenho problemas sério com barulhos desnecessários feitos por capricho ou burrice, como é o caso de foguetes e buzinas. Quanto aos foguetes não gosto mas tem quem goste, xingo só e fico no meu canto. Mas tenho verdadeiro rancor de quem usa buzina, é totalmente inútil, só faz barulho, incomoda e não resolve qualquer problema, se eu fosse rei da porra toda instituiria um tacógrafo em cada veículo que cobraria 0,01% do valor do veículo ao ano por buzinada que o motorista desse. Porque quanto maior e mais caro o carro mais o sujeito se acha dono da rua e no direito de abusar de nossos ouvidos. Quem me dera que os sons só chamassem a atenção com as assonância de um verso, as cacofonias de um poema rude, as rimas encadeadas, interpoladas ou emparelhadas de um soneto, mas a musicalidade é a ponta do universo dos sons e meus ouvidos não são daqueles que ouvem musicalidade em tudo.
Tenho na ponta da língua minha técnica, um esquecer das horas, do tempo e me atento ao meu instrumento musical de suspiros, gemidos, frêmitos, tremores. Descobrindo como, quando e o quanto cada movimento meu de língua, dedos, lábios e dentes causam o melhor resultado. Porque claro, ao contrário do que prega-se por aí, cada buceta é única e o que vale para uma não vale para a outra. Não diria sequer que há no mais das vezes, onde tocar, onde lamber, onde se morder e tudo isso sem adentrar nos anais da questão do cu.
O olfato, eis um sentido efêmero que costumo relegar e esquecer tantas vezes. Mas o cheiro de Dama da noite não me deixa esquecer da praça da liberdade onde comi meu primeiro cu num terreno baldio, uma tentativa frustrada, é verdade, mas uma tentativa. Estava bêbado demais, deu em cima de mim, me beijou, me levou pra lá, desafivelou meu cinto, abriu o zíper, meu chupou até ficar duro, colocou a camisinha, abaixou as calças e colocou-me dentro. Bombei desajeitado, meu pau escapuliu e o vi sujo de merda, não sei bem como mas senti vontade de mijar e anunciei que gozei. Estava bem bêbado, mijei dentro da camisinha. Não sei bem como mas nós nos despedimos, nunca mais vi depois desse dia de meus dezesseis anos. Mas o cheiro de Dama da Noite já esteve presente em inúmeras ocasiões, um cheiro que adoro e que quero plantar em meu jardim. O Rio de Janeiro com seu cheiro de maresia e sexo nos recebe como mangue e esgoto mas torna familiar com o tempo como também e não o cheiro do cerrado mineiro que é um no Jequitinhonha e outro na Serra do Curral Del Rey. E dos cheiros, o único que me afasta é o do pequi, fruto do cerrado de cheiro tão intenso que foi capaz de atentar contra meu sentindo favorito e mais ousado, o paladar.
Ela gozou e eu parei pra observar um pouco, conhecia bem aquele corpo e sabia o que viria a seguir. Alguns segundos de respiração descompassada, olhos semicerrados, boca entreaberta e quando parece que ia se acalmar, o corpo todo se irrompe num novo gozo como uma descarga elétrica lhe percorrendo por inteira. Já vi essa cena inúmeras vezes mas me sinto um expectador privilegiado sempre que atuo a causar tal espetáculo de êxtase. Um orgasmo em três tempos. O primeiro comigo inteiro e que se prolonga na agonia de meus dedos, o segundo tempo de calmaria e terceiro desta combustão espontânea que nunca soube de onde surge ou como surge.
Paladar, sentido apurado, sentido que tenho guardado e do qual só chega até mim o que e como eu permito. Sou um curioso, um experimentalista. Estou certo que morreria intoxicado se fizer um tour gastronômico pelo interior dos tigres asiáticos. Será que alguém ainda usa essa arcaica expressão dos livros de geografia dos anos noventa? Os tempos mudaram tanto, as mudanças foram tantas e os tijolos que construíram os BRICS será que vieram de lá? Faço meus próprios experimentos dentro da cozinha. Cama e fogão, meus domínios favoritos, os espaços de minha casa que pensei nos mínimos detalhes para saciar meus prazeres domésticos. Com a mesma desenvoltura que faço um prato novo e introduzo um ingrediente inusitado, eu experimento algo que nunca provei antes. Só o fato de nunca ter provado já me basta para querer. Moqueca de Banana da Terra com Carambola, Cordão de Filé Mignon Serenado, Sushi no Pau, Uramaki de Damasco e toda sorte de invenções que o paladar aceitar farei. Minha restrição só são os doces, até mesmo para as bebidas: sucos com muito pouco açúcar e, etílicos, prefiro o restrito e malfadado Bloody Mary, extremamente condimentado, que gera inspirações para poemas e fodas.
Quando alguma mulher diz “toda mulher gosta de ser tratada assim ou assado”, é sempre de bom tom tratá-la exatamente como ela demanda, porém convém saber que esse “toda” se refere exclusivamente a ela. A multiplicidade de seres e expressões do desejo é absurdamente maior do que poderia entender um único ente desejante. Se alguma nega, renega ou censura o gozo de outra, ali tem algo sobre o próprio prazer dela. Se há carinho e tesão, pode ser um caminho para ser explorado com cuidado. Muito cuidado!
Como vagueio de bar em bar procurando meu Bloody Mary e raramente encontro, assim também meu paladar restrito me leva naturalmente a pensar que sentir o gosto de outra pessoa é a maior intimidade que eu posso ter com alguém. Foder de camisinha me parece bem menos íntimo do que um longo e apaixonado beijo onde conheço a fundo o sabor de sua saliva. Sim, eu transaria com bem mais pessoas do que aquelas que eu beijaria, pois o paladar me é um sentindo muitíssimo mais íntimo que o tato, visão ou audição.
Eu lembro agora de um medo das oralidades advindos de sádicas mordidas inoportunas de outrem que já foram resolvidas com pedras de gelo usadas divertidamente. Misturar frio com calor dá um tesão daqueles tanto pra língua quente e o gelo dialogando com a buceta, como também o gelo dentro da buceta e o diálogo do pau entrando na buceta quente e sentindo o gelado gelo lá no fundo. Ambos são um tesão. Essa transa ficou para os anais da história, com o perdão novamente pelo, desta vez, duplo trocadilho, pois foi esta historiadora que me ensinou também os primeiros passos das práticas sodomitas.
Tórrido desespero
no Rio de Janeiro
olhei com carinho
cobiça e desejo
para o carrinho
de gelo do bicicleteiro
Escuta bem meu amor
você precisa repor
os barquinhos de papel
que deixou cá no painel
do meu carro pois ao sabor,
das trilhas do corredor,
entre montanha e mainel,
fez-se mar em nosso céu
Cada curva dessa estrada
naufraga um bravo barquinho
que você pôs na travessa
Volta minha artesã amada
quero suas mãos com carinho
pois eu lhe tenho pressa
Minha cadela de rabo agitado
a sua língua faz falta nos meus pés
lambendo-me de quatro no quadrado
revirando olhos, me vendo de viés.
Pé, perna e pau vai me lambendo todo
quer ser minha Náu guiada do convés
nos apoios de polegar do dorso
pra me rebolar sem pudor ou revés
Vem cá cadela de prazer contido
em cada arfar em cada gemido
abafado pelas minha mão macia
Vem cá cadela com seu rabo ardido
pelo meu deleite sádico imperativo
que lhe ordena tal a fome acaricia
Bem eu não espero
sou só desespero
Não por mim mas sim
por quem o seu fim
Vem pelo milico
servindo o rico
cidadão de bens
posses e amens
No fio do esmero
sádico e sincero
Virá tal marfim
sangrando o capim
Pisando na grama
com força da grana
e nos corpos pretos
pardos, mulatos
Nossos nativos
mais mortos que vivos
serão só retratos
dos livros mais gastos
Fica sem história
sem uma memória
do que nós tentamos
sem flores, só danos
Não dá para ser tolerante com quem prega a intolerância. Não dá para ser democrático,com quem prega a ditadura. Não dá para amar, quem prega o ódio.Se você apoia a tortura, a censura o ódio não serei tolerante e aceitarei seu apoio ao crime como mera opinião.
Sua posição ameaça diretamente a minha vida pois não sou viado mas pareço viado, ando com viado e amo meus amigos viados. E cada um que morre, tem medo e é expulso de casa, da comunidade, da igreja, da família e dos amigos tem em mim a empatia de que poderia ser eu. E que de certa forma é.
Não sou negro mas também não sou branco e dói em mim cada negro que é barrado, ameaçado, humilhado e assassinado por ser negro. Como posso viver bem se eu passo pela blitz e meu amigo negro não? Como posso ficar em paz se lhe negam tudo até o pão? Ressentimento contra cota não se faz no meu peito não.
Não sou mulher mas amo as mulheres da minha vida, são meus exemplos na poesia, na política, no dia a dia e no amor e dói em cada vez que vejo uma presa onde não gostaria de estar, sendo menos que gostaria de ser por ser mulher.
Não sou religioso, pelo contrário sou ateu, mas a liberdade de crença e não crença está igualmente ameaçada pra mim e por todos que não prestam vênia pro mesmo Deus único. Posso não crer nos seus deuses, mas cada orixá, cada deidade que é perseguida tem por trás pessoas com seu direito violado, cada terreiro destruído, queimado me faz temer que posso ser o próximo a ir pra fogueira.
Tenho meu teto, meu pai tenta tocar a pequena fazenda que era da família como meu avô e depois minha avó fizeram e por isso vejo os sem casa e terra como meus irmãos, desejando que eles tenham seu canto para morar e trabalhar. Com tanto latifúndio, com tanta casa vazia. Não quero mais que recebam tiros quando pedem dignidade. Não quero mais que vivam nômades quando querem transformar o campo e a cidade.
Temos finalmente a cara verdadeira ao sol de quem sempre se escondia atrás de outros discurssos. Eu não tenho mais medo hoje do que eu tinha há 4 anos. Pois vocês que viviam nas sombras já estavam aí votando da mesma forma nos mesmos candidatos. Já pensavam como pensam hoje só não tinham a coragem de mostrar a cara.
Nossos racismo velado, nossa falsa conciliação de classes ou mito do Brasil cordial finalmente cai por terra. Vocês que sempre sabotaram nosso país, nossa esperança num país mais justo e igual agora falam isso de peito aberto. Como é bom isso!
Falam agora abertamente pois não toleram o pouco progresso que tivermos ao longo desses anos, não toleram que os negros possam ocupar uma cadeira nas universidades, que gente com "cara de empregada e porteiro" possa ter uma vida digna, ser quem seus sonhos quiserem, não toleram um casal andar de mãos dadas apaixonados se esse casal não for formado do jeito que vocês querem, não toleram que os bens de consumo estejam acessíveis a todos, temem que nos vermelhos tomemos seus Palios parcelados pois acreditam que é possuir bens de consumo que faz de alguém rico.
Não, vocês não são ricos, não eu não sou rico por viver com dignidade. O que eu e vocês temos acesso é o mínimo e se sentir afrontado por cada vez mais e mais pessoas possam viver assim é mesquinho. Quero mais e mais aeroportos com cara de rodoviárias e rodoviárias às moscas pois teríamos as ferrovias que seus idolatrados milicos desmancharam.
Como gostaria que fosse minimamente verdadeiro o delírio da URSAL e da ameaça comunista! Nesses treze anos que vivemos de justiça social nunca em tempo algum caminhamos para essa direção. Caminhamos sim em direção a uma economia menos subalterna, menos precária e dependente de mão-de-obra barata. Não é exatamente o que eu queria e nem faz sentido exigir isso do partido que elegermos, revolução nunca fez parte do plano de governo de 2002 pra cá.
Costumo dizer que não sou socialista e sim socioegoista pois o único jeito de termos a tão sonhada segurança, a tão sonhada liberdade de ir e vir sem medo não é com armas é com justiça social e fim a guerra às drogas. Só vamos poder andar em paz nas ruas quando o vício virar questão de saúde. O crackudo só existe por essa guerra é um subproduto que corrói toda a sociedade e que a violência que vocês pregam nunca será capaz de eliminar. Sou socioegoista pois sei que só viverei em paz no dia que todo mundo tiver o seu mínimo garantido, sem isso o pouco que tenho é visto com cobiça máxima, está ameaçado e não há arma no mundo que me defenda todo o tempo o tempo todo.
Minha avó,fazendo piquete na estrada e enfrentando advogado apontando arma pro seu peito para não deixar o rio de sua cidade secar, me ensinou desde pequeno que nós precisamos lutar por nossa existência. Temos que ser resistência, temos que fazer valer o bem para todos e não somente para o cidadão de bens que um ou outro possa ser ou sonha ser.
Chega nua no meu ninho
bem vestida de suas taras
de dar para minhas garras
o seu tão doce corpinho
Faço todas as amarras
com calma e com carinho
enquanto isso no caminho
Lhe preparo para as farras
Eu lhe unjo seu cofrinho
com óleo de prazer
e aroma de cuidado
Ela bêbada de vinho
grita ao se perceber
com seu rabo enrabado
Sujeira quem faz é carro e
quem anda com cão sem saco
de catar caca do chão
Crianças, plantas e pássaros
não sujam só redecoram
o mundo com suas cores
Segunda-feira voltando para casa depois de trabalhar até às oito da noite atravesso o túnel Noel Rosa falando com minha mãe no viva voz do telefone.
Escuto então a sirene de uma viatura da polícia atrás de mim, eu dou seta e mudo de faixa para a direita, reduzo a velocidade para permitir a passagem dela. A viatura vai para trás de mim ainda com a sirene ligada. Eu sem saber o que fazer reduzo mais ainda. Eles então emparelham comigo e ordenam que eu encoste no posto. Minha mãe percebe meu nervosismo e eu digo que a polícia me mandou parar.
Encosto no posto, desligo o carro e espero a polícia parar com os pulsos apoiados no volante e as mãos abertas. Sinto medo, muito medo. Qualquer movimento errado que eu fizer pode ser justificativa.
Ele pede pra eu sair do carro, eu desço com as mãos abertas a meia altura, saio e encosto as mãos abertas no capô do carro. O policial ri de mim e diz que eu não preciso fazer tudo isso, fico calado, de pernas abertas. O primeiro me revista e dá um tapa no meu saco. O segundo me revista e é mais agressivo que o primeiro.
Me pedem para abrir o porta-malas do carro, encontram a bola colorida do meu menino e uma caixa com livretos de poesia e papel colorido. Me questionam o porquê daquilo de onde eu sou, se eu sou do Rio. Eu respondo que sou de Minas mas que tenho casa aqui. Nenhuma resposta parece estar correta para eles. Revistam, reviram e retiram todo o conteúdo de minha bolsa.
Pedem o documento do meu carro eu entrego aliviado por saber que está tudo em dia. Ele pega o documento e diz que está faltando uma parte, estou surpreso, digo que não falta nada. Digo que eu passei numa blitz um mês antes e fui liberado com esse mesmo documento.
Dizem que meu carro terá de ser rebocado e pagar uma multa de 512 reais. Pedem pra eu procurar no carro se eu não acho a parte faltando. Enquanto estou procurando um deles vem me perguntar se eu tinha bebido eu respondo que não, que só tinha bebido café. Ele me pressiona e diz que até um chocolate com licor é o bastante pro bafômetro. Me intimida perguntando se eu faria o teste eu afirmo que sim e ele pede pra que eu o acompanhe.
Mais perto da viatura o que estava falando comigo da voz para o outro e fala que realmente vai ter que rebocar meu carro. Eu cansado, peço para me devolverem mina CNH pois iria de táxi pra casa afinal não havia nada pra resolver ali é amanhã iria ao Detran perder un 3 dias de trabalho para reaver meu carro.
Ele tenta distorcer o que eu disse e fala que eu tinha dito que estava a passeio. Eu nego. Me pressiona novamente dizendo que além da multa eu teria que pagar as diárias do pátio. Resignado escuto calado. Ele fala que ia falar com o delegado de plantão sobre o meu caso. O outro policial se "esquece" do bafômetro e se afasta no rádio.
O policial que fica me pede para me afastar da viatura pois ela está gravando. Vamos para perto do carro e ele pergunta se eu quero que falem com o delegado. Eu digo que não. Ficamos ali parados alguns segundos e ele fala que vai me liberar. Me ameaça de consultar o sistema pra ver se. Minha CNH está em dia.
Se despedem de mim, entro no carro nervoso e espero eles partirem antes de ligar o carro, meio desnorteado vou para o lado errado e tenho que manobrar o carro. Ligo pra minha mãe que está tanto ou mais nervosa que eu. Ligo pro meu pai pra acalma-lo também. Chego em casa tremendo de nervoso.
No dia seguinte sou parado numa blitz de verdade. Me pedem os documentos, me pedem para descer do carro e abrir o porta malas. O policial passa a lanterna nos documentos e no porta malas. Me libera sem mais problemas.
Não cacete, não começa
co'a boca no meu caralho
Primeiro quero que meça
o meu pé como seu malho
Dedos e falanges sem pressa
decore co'a saliva e língua
pra lhe entrar onde interessa
e no meu pé rebolar faminta
Eu me rio quando me recordo
de suas juras de que nunca
chuparia meu dedão
É sem vergonha e lhe mordo
como cão cobre sua cadela
deflorando seu botão
Após os anos que me arrombaram a porta para me fazer mal com a desculpa de preocupação finalmente consertei.
Nesses anos ninguém pôde fazê-lo por mim, por mais que eu pedisse, implorasse para aqueles que por um motivo ou outro pousaram do meu lado.
Nenhum, nenhum foi capaz de consertar a porta que me arrombaram. Arrombaram essa porta e levaram cá de dentro minha paz, minha vida, meu eu e tudo mais.
Mas hoje, sozinho, a porta tem todo seu batente bem preso, fixo. Os parafusos amostra são aparentes como são aparentes as minhas cicatrizes, são aparentes meus erros, minhas falhas, minha história. Não pretendo pinta-los de azul para não ficarem tão visíveis. Eles estão ali por um motivo e não há porque esconder.
Agora só me falta ter de volta a chave da fechadura.
Entre carros, caronas, ônibus, aplicativos e metrô tenho vivido as últimas semanas desde que a prefeitura do Rio resolveu transformar as ruas em uma espécie de campo minado deixando blocos de pedra do tamanho de barras de gelo industrial soltas pelas ruas sem pintura ou sinalização. Meu carro já era e apesar de ninguém ferido nunca mais o verei ficando apenas suas doces recordações.
Mas hoje voltei ao tempo anterior quando ia e vinha de ônibus dum estado pro outro, claro que agora estou melhor, pego um assento mais confortável mas continua sendo verdade que sempre que eu chego na rodoviária Novo Rio começa aquela perseguição dos taxistas e ajudantes oferecendo táxi. Antes eu só recusava e eles continuavam insistindo até dar no saco. Descobri uma boa estratégia para reverter. Só pergunto vai ser no taxímetro e sem cobrar pela bagagem, somem na hora.
Do finado veículo ficam guardadas as viagens maravilhosas, com lábios em meu falo enquanto eu dirigia apreciando a paisagem sem precisar mais trocar de marcha, carro automático tem dessas vantagens. Poder dedilhar ou ter uma linda sereia de cabelos coloridos, uma linda de blackpower ou uma gordinha branquela me chupando enquanto eu dirijo meu carro pela estrada na pista da direita sem pressa de chegar é um prazer a lá Jack Kerouac que recomendo a todos a leitura.
Do transgressivo Na Estrada voltei a ser um pacato passageiro cobrando seus direitos na saída da Rodoviária e paro
na frente daquela galera de taxista que fica amontoado logo na saída literalmente lhe puxando pro carro deles e fiz a pergunta:
- Quem aqui me leva pra Tijuca no taxímetro? - Metade das mãos pararam de abanar pedindo minha atenção.
Quando eu tinha que passar marcha eu também era um sujeito mais romântico e namorava a distância, ela vinha fim de semana sim, fim de semana não com seu jeito de cigana e seus longos cabelos cacheados me esperar do lado de fora da rodoviária de Beagá. Era sempre as quatro da madrugada, chegava e estávamos famintos um pelo outro e não dava tempo de chegar em casa e ali nessa época desenvolvi meu apreço por fazer dela meu piano, tocando com meus dedos famintos entre seu clitóris, buceta e cu mas afinando o tom do gemido pelos mamilos que com gentil sadismo eu lhe apertava pelas ruas desertas do centro da minha cidade natal.
- Sem cobrar bagagem? - sumiram quase todas as mãos e falas agitadas
No caminho com minha mão direita ocupada lhe ensinei a passar marcha enquanto íamos vagarosamente pela rua Curitiba até chegarmos a Gonçalves Dias. Eram duas retas, uma cidade e um poeta que nos separavam da rodoviária a minha morada. Ela, minha namorada, entre seus delírios, rebolares e gritinhos quando meus dedos iam fundo em seu rabinho passava as marchas conforme eu ordenava. Primeira, segunda, ponto morto no sinal vermelho no cruzamento em asterisco típico dos belos horizontes. Mesmo um ônibus parado ao nosso lado não cessava meus dedos e ela fechava os olhos e só sentia ante a possibilidade de ser vista, flagrada se desmanchando ali.
- Seguindo a rota do meu GPS? - onde antes havia uma balbúrdia treinou o silêncio sepulcral com vários olhares contrariados.
A garagem era bem apertada e ela tinha que descer antes de entrarmos com o carro. Suas pernas sempre tremiam bastante e naquele frio ela ajeitava o vestido todo roto pelos meus dedos invasivos, as vezes ainda tinha de ajeitar uma calcinha e sutiã outras vezes não pois ou fora obediente e já viajou sem conforme eu tinha instruído ou foram pra longe dentro do carro mesmo. De retrovisores encolhidos, adentrava logo após ela passava pelo portão também se aninhando a si mesma pelo frio da madrugada. A cidade onde ela morava era bem mais quente que Beagá, não era um inferno como o Rio mas ainda assim muito quente.
Peguei minhas malas, dei boa noite e caminhei uns cem metros até o posto do lado da rodoviária não sem no caminho ser abordado por mais uns dois auxiliares de taxistas e uma proposta de viajar num carro comum.
Nós sabíamos até em casa nos devorando passo a passo, chegavamos ao quarto e não dava tempo de subir ao mesanino, calça, camisa e vestido estavam no chão e no meio do quarto meu tesão lhe pegava pelo vão de suas pernas que escorriam molhadas. Certas vezes ia certeiro em sua buceta e a fodia ali em pé segurando-lhe as mãos nas minhas noutras vezes a sua lubrificação era tal que seu bumbum redondinho engolia tudo de uma vez e eu lhe abraçava forte e a empalava sem dó chegando a abrir sua braços no ar formando o belo crucifixo antes de gozar.
Depois de dispensar os tantos profissionais liguei o aplicativo. Em menos de um minuto estava embarcado indo pra casa. Chegando seguro e sem ser extorquido por ninguém no processo.
Não sei quando a burocracia do seguro vai liberar a indenização ou o carro reserva mas por enquanto fico na memória das boas fodas. Inclusive Duma em especial que ficou grande demais para contar mas que fica para uma próxima crônica que é sobre o dia que meu trepo atrapalhou o trampo e a labuta das putas.
Sempre que eu chego na rodoviária Novo Rio começa aquela perseguição dos taxistas e ajudantes oferecendo táxi. Antes eu só recusava e eles continuavam insistindo até dar no saco. Descobri uma boa estratégia para reverter. Só pergunto vai ser no taxímetro e sem cobrar pela bagagem, somem na hora.
Para testar a eficácia parei na frente daquela galera de taxista que fica amontoado logo na saída literalmente lhe puxando pro carro deles e fiz a pergunta:
- Quem aqui me leva pra Tijuca no taxímetro? - Metade das mãos pararam de abanar pedindo minha atenção.
- Sem cobrar bagagem? - sumiram quase todas as mãos e falas agitadas
- Seguindo a rota do meu GPS? - onde antes havia uma balbúrdia treinou o silêncio sepulcral com vários olhares contrariados.
Peguei minhas malas, dei boa noite e caminhei uns cem metros até o posto do lado da rodoviária e liguei o aplicativo. Em menos de um minuto estava embarcado indo pra casa.
Egum, egum meu querido,
favô levá esse vestido
e sua dona mal comida
pra longe da minha vida!
Posso continuar
Na mesa dum bar
Tomando cerveja
Contigo na mesa
Posso lhe beijar
sorvendo seu ar
para que me veja
Tal seu rei e alteza
Posso lhe enlaçar
Meu ato num par
de mimo e maltrato
perverso retrato
Do bem que lhe faço
Lhe abrindo no espaço
das pernas num ato
que dentro me engato
Lhe ensino meu passo
lhe adestro seu traço
Prum plano insensato
dentro do quarto
Onde meu amasso
é de ferro, de aço
atada em pleno ar
de tanto gozar
Menina sem nome
Espero que me tome
esse poema meu
Como convite seu
Pruma noite insone
que agente se come
até o fim do breu
da noite sem léu
Eu odeio glitter, estou de ressaca tomando banho nesse banheiro imundo depois do carnaval que teimou em não passar mas passou nessa cidade maravilhosa. Esfrego minha virilha, sabão e unhas contra os pelos e glitter mas os pontinhos brilhantes parecem que fizeram ali sua colônia de férias num verão na terra do nunca. Hoje já é domingo após o desfile das campeãs do grupo especial do Carnaval de escola de samba do Rio de Janeiro.
E o boquete que recebi deitado atrás do monumento aos pracinhas da segunda Guerra continua ecoando na lembrança por causa desse glitter que saiu do rosto daquela menina de moicano que antes de me chupar elogiou meu pau como limpo depois de um dia inteiro na rua entre as ruelas da lapa, as ladeiras de Santa Tereza e as avenidas da Cinelandia.
Esfrego, esfrego meu pau, saco, coxas, cu, ventre e virilha para me livrar do glitter da menina gordinha punk que me chupou tão gostoso na praça dos pracinhas. Desisto novamente, uma semana tentando tirar os glitter da minha visão e não consigo. Os generais da Ditadura eram muito melhores nisso de tirar da visão o que não queriam. Entre a praça da Cinelandia e o Monumento aos pracinhas havia um enorme edifício em uma arquitetura exuberante datada da virada do século.
O Palácio Monroe era presente inglês, com vitrais e estruturas trazidas direto de além mar. Um belo presente das Europa pro Brasil. A França deu uma estatuazinha pros EUA colocarem na Bahia de Manhatam e logo virou um dos principais cartões postais do país. Já o Palácio Monroe atrapalhava a vista do grandioso movimento aos pracinhas e com a desculpa da passagem do metrô os milícos brasileiros mandaram desmanchar.
O que foi feito com o edifício modular que veio de navio pra ser montado aqui e depois foi desmanchado novamente? Ninguém sabe ninguém viu. O magneto das vigas da perimetral não atuou pela primeira vez na copa. Já é velho conhecido dos milícos brasileiros.
Como o glitter e os meus pentelhos que já vão criando uma convivência pacífica e cordial. Mas durante o boquete não pensei em nada disso só enfiava mais fundo meu pau. Lhe alcançando a garganta enquanto ela não se intimidava querendo mais. Fodi longamente seus lábios superiores enquanto meus dedos brincavam em seus mamilos escutei o barulho primeiro de sua fivela depois do zíper e por fim vim que descia as calças para depois das ancas.
Meus dedos alcançaram seus lábios inferiores e me pus a lhe dedilhar uma melodia de no máximo três acordes pois era o ritmo que a nossa embriaguez permitia. A cada dedilhada sua voz gemida era calada por minha glande em sua boca macia. Uma dada ora lhe peguei pelo moicano e a girei para que ficasse deitada de lado rente a mim. Com os arbustos nos protegendo mas com seus lábios livres gemendo lhe penetrei a bucetinha após botar a camisinha.
No monumento aos pracinhas eu lhe fodi no carnaval, sentia aquela bunda grande e branca rebolar e bater em minha virilha. E também naquelas nádegas havia glitter, muito glitter. Lhe fodia com força imaginando os paus que chupava por aí para ter elogiado o meu. Sempre tive essas curiosidades, saber mais e mais sobre o que se passou e passa com quem fodo. E cortando meus pensamentos veio o seu tremor e gozo. Gosto de assistir, o corpo arquear, o peito arfar, sentir sua falta de ar e sua mão trêmula a minha apertar e depois fraquejar. É meu próprio gozo, muitas vezes melhor que a ejaculação.
Meti mais um pouco agora no meu ritmo para gozar rápido e despejei na camisinha meu prazer. No box lembrando disso também gozei direto no ralo. Dei um nó na camisinha e guardei no bolso da calça cargo, não deixaria ali meu gozo jogado. Deitados semi nus continuamos nosso papo de poesia nos beijamos algumas vezes breves e outras vezes longas.
Começou a amanhecer e nos levantamos trôpegos. Nos despedimos na Cinelândia. Ela ia pra uma ocupação onde estava morando e eu pegaria ali o metrô pro quarto que eu alugava na casa do velho maluco no Leblon. Joguei a camisinha na lixeira da praça e olhei de volta pro monumento dos pracinhas. Nada de primoroso para merecer a remoção do eclético Palácio Monroe.
São cinco horas da manhã e ainda faz calor, só faz barulho o ventilador seu vento é bafo quente que eu finjo que me refresca do suor que escorre do suor do meu rego peludo. Não, moro no Rio de Janeiro, mas não vou à praia o bastante pra ter aderido à moda de me depilar pra usar essas sungas cavadas que pra qualquer mineiro sério seria coisa de veado. Não que eu tenha algum problema em ser. Mas sou um viado que deu errado: faço poesia, gosto de cozinhar, nunca fui bom de bola e ainda me dou a falar palavras empoladas. Me agarrando na máxima de Quintana que dizia que não existem sinônimos perfeitos.
Mas voltando ao meu suado rego que bela cagada fizeram os cariocas e os paulistas elegendo seus últimos prefeitos! Os paulistas estavam bicicleteiros, geração saúde e coisa, e tal. Mas resolveram troca-lo pela naftalina de um pullover rosa sobre os ombros, de um lobista com cara e jeito de quem nunca fez porra nenhuma na vida. Os paulistas decerto que olharam orgulhosos para essa bela cagada que fizeram. Mas os cariocas com sua malemolência não tiveram medo de ousar e riem na cara de qualquer limite! E um santo homem colocaram para gerir a capital do carnaval a cidade maravilha purgatório da beleza e do caos.
Viro de lado, levanto vejo a moça magrela deitada nua na cama e penso se lhe fodo com o tesão de mijo ou se mijo primeiro pruma foda mais demorada. Minha bexiga decide por mim. Vou me já ao banheiro, sigo pelo corredor de estante de livros que separa meu quarto da área do segundo andar da casa. Entro no banheiro, ladrilhos brancos nas laterais e pretos na frente e atrás de mim. Mijo no box, de pau duro ninguém acerta o vaso. balanço de leve. Algumas gotas na cueca, o pau ainda úmido.
Volto pro quarto, a magrela tá lá de bruços convidativa, o creme de cabelo do lado da cama. Certa vez ela estava na rua e do nada disse que sentiu cheiro de sexo anal, depois caiu no riso e disse que não não era que na verdade só era o cheiro do mesmo creme que eu costumava usar para os meus cachos e também para enraba-la.
Sim, usar Ky não tinha a menor graça pra gente nem usar brinquedos convencionais. O cabo de uma chave de fenda, o pincel de rímel, o curvex de cílios, o desentupidor de pia, quanto mais insólito mais divertido era. Quando por telefone eu mandava ela se tocar só valia se fosse usando os dedos mínimos de cada mão e mais nada.
Fiquei ali refletindo sobre aquele bumbum pequenino redondinho e o creme dermatológicamte testado do lado e meu pau começou a dar sinais de vida. Sentei perto dela na altura de seu ventre gentilmente espalhei um pouco de creme em meus dedos e adentrei seu pijama fofo de bichinho com meus dedos . Com carinho perverso fui lhe atiçando o rabinho que em pouco tempo estava ali já a me engolir os dedos e rebolar no ritmo que eu ditava. Agora vinha das partes que mais me divertia depois de atiçar fui afastando meus movimentos forçando seu bumbum a ir atrás de meus dedos ela então despertava assim já sedenta, com o rabinho implorando para ser usado, esfolado.
Tirei a cueca e lhe cobri com meu peso, não houve atrito e seu grito foi seco contido e terminado num gemido.
E como anunciado e prometido. Aquele rabinho avistado foi bem enrabado é bem metido. Concentrei minha glande a pressionar seu esfíncter próximo ao cocxi pois ali a sensibilidade é certa é o orgasmo pelo cu uma possibilidade se bem executado. E mesmo no Rio num calor danado fiz aquela magrela ter um orgasmo danado me dando o rabo. Não tive cerimônia depois disso, fui tranquilo e gozei meu litro em seu rabo, alcancei um plug pequeno perto eu lhe vedei queria que ficasse tudo dentro dela. E depois como boa cadela com seus lábios e língua ela veio me limpar sugando as últimas gotas de meu gozo de minha uretra.
Deitei na cama, de coluna reta com ela deitada no meu peito brincando com meus pelos com as mãos, trançado os pés nos meus enquanto eu brincava de lhe segurar os seus com os meu dedoes dos pés.
Meus olhos divagaram pelos horizontes e se lembraram que belo horizonte perdeu feio a disputa de pior prefeito mesmo tendo eleito um cartola de futebol populista e caricato. Na rixa de Carioca e Paulista o nível de disputa tá além de qualquer compreensão.
Senhor dos Passos, mestre caminheiro
lhe persigo no trilho de seus traços
Suas trilhas são inicio, fim e meio
dos meus desejos, prazeres, percalços
Sua troça, sua fala e até seu não dito
é guia de quem caminha por instinto
Grato ofereço minha voz, meu verbo,
meu verso, com dom de falar na rima
Eu lhe sou longe quando lhe sou perto
sou seu cantante de palavra fina
Não carrego, tambor, flauta ou lira
deixo o certo e o alvo pra sua mira
Senhor dos Passos, mestre caminheiro
que faça se perder quem no meu calço
cisma de pisar com seu devaneio
de injustiça, mentira e pés em falso
Senhor dos Cantos, sua música repito
com minha métrica faço meu grito
Eu lhe sirvo ventos, vozes e vaidades:
essas verdades co'ares de Mentira
e essas mentiras co'ares de Verdade
Pois sei que vira e mexe (ou mexe e vira)
caio na teia ou caio na trilha
na velha sina de minha família
Senhor dos Passos, mestre caminheiro
não me dê o destino me dê o laço
pra domar o cavalo sem rodeio
e ir de galope, trote ou no passo
do que eu posso fazer com meu afinco
com seu grato gosto de vinho tinto
Embriaga quem diz do que não sabe
quem desdenha e desmede sua mira
tonteia e descaminha até que acabe
a bonança de quem a pedra atira
achando que assim no santo se espelha
pois sou seu filho da estrada vermelha
Debaixo da colcha branca
Agarro suas coxas e ancas
Lhe fazendo meu delírio
me deleitando com teu martírio
Sua nadega não se espanta
quando minha mão lhe espanca
Com meu chicote lhe trilho
Marcas de vermelho brilho
Sua pele minha labuta
duma arte sádica e sacra
aos meus deuses pessoais
Não importa o quanto luta
com sua maestria de puta
É mia serva entre mil ais
És minha Sóror Safada:
Princesa do Pecado
És Tara Canonizada;
do desejo e desejado
És minha amante amada
c'o perverso costurado
na sua saia rodada,
no lençol desarrumado
És cabocla santificada
seu hábito desnudado
lhe veste desejada
plo poeta descuidado
És minha doce alucinada
no meu amor delirado
És minha sua tez marcada
no quarto banqueteado
És Santa és abençoada
Flora dum jardim encantado
Pois sou Fauno desta estrada
dentre campo fecundado
das setenta e sete
faces vejo todas
e nenhuma no'espelho
pois não se repete
caminho, toada
ou troça de fedelho
Rei, dama e valete
és sempre cilada
n'ouro do baralho
Trilheiro celeste
senhor das estradas
e de mil conselhos
Pois És Tu cabra da peste
Esú d'alma agraciada
de preto branco e vermelho
Te quero seco no leito
Solo úmido contrafeito
Mão, folhagem e cipó
E meu canino sem dó
É selvagem meu jeito
Teus lábios, regato estreito
Meu soneto teu rondó
Meu cerrado teu igapó
Ariranha banha em ti
sua selva meu palacete
tu igarapé eu sucuri
Na cheia e seca tu ri
e também no repiquete
pois cauxi coça o xiri
Por ser tão cheio de dúvidas, questionamentos, inseguranças e curiosidades ele abusava das interrogações exclamações mas era reticente aos pontos finais.
riso tímido atrevido
sob um louro cacheado
lhe cai seu verde vestido
com um relance rosado
um arco-íris vermelho
vermelho felicidade
seu rosto e riso no espelho
nossas pernas na cidades