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Poeta e apenas poeta
Já me olharam espantados quando digo que sou poeta e só poeta. Que não canto, nem danço, nem atuo, nem pinto, nem bordo, que "só" ...
quinta-feira, 27 de abril de 2023
Cavalga-me
terça-feira, 18 de abril de 2023
Me toca
terça-feira, 4 de abril de 2023
Memória,
segunda-feira, 27 de março de 2023
a velha, a lagarta, a caveira e a borboleta
segunda-feira, 20 de março de 2023
terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
De gênia
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
Sátiro Selvagem
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023
terça-feira, 6 de dezembro de 2022
Na copa, cozinha ou quarto
você minha Coreia
e no deserto, num ato
lhe meter de quatro
quinta-feira, 1 de dezembro de 2022
Pós foda é foda
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
segunda-feira, 14 de novembro de 2022
PARA UMA DIALÉTICA DOS PRAZERES
sexta-feira, 4 de novembro de 2022
Poema retirado das mensagens do zap
Poema Autoral
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
Alusivo
quinta-feira, 20 de outubro de 2022
Também é poesia
terça-feira, 4 de outubro de 2022
Faço música de sua letras
quinta-feira, 22 de setembro de 2022
sexta-feira, 16 de setembro de 2022
Cecília Filósofa
sexta-feira, 2 de setembro de 2022
sábado, 16 de julho de 2022
Minha orquestra
sexta-feira, 15 de julho de 2022
Análise da Canção Ouro de Tolo de Raul Seixas
Raul dos Santos Seixas, cantor e compositor baiano, nascido no ano da bomba atômica se definia como um canceriano sem lar. Era pois, um cronista ambíguo e contraditório em muitas de suas composições que aqui analisaremos sob a perspectiva econômica de sua época, O Brasil da Ditadura Civil-Militar ocorrida a partir do ano de 1964 cujo próprio término em distensão lenta e gradual Raul como seus espírito de mosca na sopa duvidava quiçá só para incomodar, quiçá para apontar ali uma ferida, um incômodo que seria mais conveniente ignorar.
O caráter monetário, concreto da natureza de seus versos acontece desde o título de sua canção “Ouro de Tolo” do álbum Krig-ha, Bandolo! lançado no ano de 1973 durante o chamado Milagre econômico brasileiro período propagandeado pela Ditadura como de enorme pujança e prosperidade para o país. Mas o Eu-lírico do autor inicia seu canto dizendo que:
“Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou o dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês”
O devir, o dever ser inaugura o poema contestando a ética protestante da realização pelo trabalho, pois põe em cheque a certeza que o indivíduo respeitável por ter um emprego e uma renda, tenha em situação de alteridade a sua auto realização. Na estrofe subsequente:
“Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73”
O elemento religioso se impõe novamente e a realização da rima entre o mês e o sententa e três novamente demonstram como valores de realização primeiro o salário nominativo e em seguida um carro novo, do ano do lançamento do álbum denotando um sucesso financeiro que deveria ser garantidor do seu próprio contentamento e se esse devir não se realiza, se o eu-lírico não canta seu agradecimento, há uma dissincronia entre a expectativa capitalista de realização e o próprio anseio humano.
“Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa”
Nesta estrofe impera novamente o devir e o incomodamento do eu-lírico se expande para um dos bairros símbolos do crescimento nesse período de um novo Rio de Janeiro, bem distinto daquele Rio antigo das crônicas do bruxo do Cosme Velho. Se Laranjeiras, Glória, Botafogo, Lapa, Flamengo são o pano de fundo das narrativas machadianas por serem os espaços frequentados pela elite carioca de sua época. Aqui, na obra de Raul seixas, Copacabana, Ipanema e Leblon assumem esse papel em um Rio de Janeiro que não é mais capital do Império ou da República, mas que mantém-se ainda como a meca dos artistas, para qual todos que querem colonizar seu espaço no mundo das artes devem migrar. E mesmo após passar fome por dois anos na Cidade Maravilhosa, o sucesso não basta para extinguir a alteridade do devir do eu-lírico. E o que era apenas devir se afirma como negativa nas duas quadras a seguir:
“Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso, abestalhado
Que eu estou decepcionado”
A vinculação da felicidade ao sucesso financeiro apregoado pela ética capitalista é, para o eu-lírico uma piada, e pior, uma piada perigosa. Pois, apesar de ter conseguido tudo que quis é com espanto que ele se percebe decepcionado com essa promessa. a partir dessas estrofes a uma mudança no tom dos versos pois o artista decepcionado deixa de apenas narrar o seu devir para lançar outras dúvidas e explicitar diretamente o seu sentimento de falta, onde as recompensas e realizações ofertados pela sociedade capitalista não são o bastante para que ele se sinta pleno.
“Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção
De coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado”
Neste momento de virada da canção, quando o compositor troca as quadras por uma sextilha vemos um eu-lírico que abraça a incongruência, o contraditório que não cabem no estreito espaço ético da sociedade brasileira que sob o milagre econômico que ao mesmo tempo oferecia carros do ano para o artista, que relembra a fome na Cidade Maravilhosa, mesma fome que matou mais de meio milhão de pessoas do mesmo pais na Grande Seca de 1970. E o questionamento “e dai?” remete ao imponderável, o abstrato que não cabe em 4 mil cruzeiros por mês, que não se concretiza em um corcel 73 e nem se negocia com vencer a fome tão distante de suas própria terra. E assim, esse eu-lírico se distancia daqueles protestantes weberianos que vão ao novo mundo fundar o capitalismo através da ética do trabalho.
“Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família no Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco”
Após a sextilha o compositor retorna ao esquema de quadras e enquanto nas quadras iniciais o eu-lírico aparecia em um questionamento do seu devir, no que devia ser mas não se realizava, sem contudo, expressar seu contentamento, neste par de quadras vemos a tensão da primeira quadra ser resolvida na segunda. O devir da primeira é negado em seguida. e retoma os elementos das quadras anteriores quando do terceiro verso da segunda estrofe. Pois nem os macacos do Jardim Zoológico, nem a praia de Ipanema e muito menos seu corcel 73 aliviam o vazio que não se preenche com as recompensas por ser “um dito cidadão respeitável”
“É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa 10% de sua cabeça animal
E você ainda acredita
Que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para o nosso belo quadro social”
Pela primeira vez o eu-lírico se dirige para o interlocutor, despejando seu próprio descontentamento no outro que vê como um espelho, como também pertencente ao “nosso belo quadro social” Elenca àquelas profissões fundamentais nessa estrutura, ao mesmo tempo que os lembra que são animais, seres limitados e que a despeito das conquistas, das contribuições ainda permanecem carentes de significação, de objetivos maiores que só se realizam dentro das expectativas limitadas e limitantes dessa sociedade. E tal processo acaba por guiar o interlocutor para o fechamento da canção.
“Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada, cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora dum disco voador”
Para se distinguir dos seu interlocutor o eu-lírico nega a posição do dia de domingo, de ser mero espectador de sua vida conquistada, de suas próprias pequenas e burguesas realizações, refere-se a “um apartamento” de maneira indefinida pois a vida de seu habitante é igual e genérica como a de tantos outros habitantes, cidadãos respeitáveis que dormem em seus sofás de boca aberta sem mais expectativas, sem sonhos de mudanças. Mas em sua última quadra o eu-lírico canta acerca do imponderável, de um lugar longe do sonho burguês de uma casa com cerca e quintal, tal qual um filme americano. Fala daquilo que está na margem da visão, em seu ponto mais calmo, uma sombra sonora, uma sinestesia que torna o extraterreno a solução para quando a realização protestante da redenção pelo trabalho oferece apenas o material mas não desfaz o mal-estar existencial.
Sob a égide de um Milagre econômico que só satisfaz uma pequena classe média, o Brasil de 1973, tem fome, tem miséria, tem tortura e opressão que não são maquiados pelos números econômicos, que a ficção monetária não consegue ser verossímil para quem já passou fome. Em uma canção onde os elementos autobiográficos ressoam temos um migrante nordestino percebendo que a promessa de prosperidade é falseada e falseável. Que não há bilhete premiado que garanta a felicidade além das recompensas ofertadas para o bom trabalhador.
terça-feira, 5 de julho de 2022
Tempos melhores
pra toda boca que beija
Bang bang só nos cinemas
retomados das igrejas
Bibliotecas eu prefiro
do que esses clube de tiro
terça-feira, 28 de junho de 2022
segunda-feira, 6 de junho de 2022
Nas noites mais cegas
quarta-feira, 18 de maio de 2022
Frente Fria
segunda-feira, 2 de maio de 2022
domingo, 10 de abril de 2022
quinta-feira, 3 de março de 2022
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
Beijos pra poesia
domingo, 20 de fevereiro de 2022
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022
quarta-feira, 19 de janeiro de 2022
Sujeito Erroso
Insônia
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
Shaninha
quarta-feira, 5 de janeiro de 2022
Na ponta dos dedos
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Invisível cotidiano
Sonetilho para Cecília
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
quinta-feira, 18 de novembro de 2021
Cuando grita
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Missiva
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Com quantos castelos se faz um monte?
sábado, 6 de novembro de 2021
Confidências
segunda-feira, 1 de novembro de 2021
Canto do Labirinto
sexta-feira, 29 de outubro de 2021
4lg0r1t1m0
segunda-feira, 25 de outubro de 2021
quinta-feira, 21 de outubro de 2021
Em resumo (prolixo) quem sou eu?
segunda-feira, 11 de outubro de 2021
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
Balada para um espelho
espelho
domingo, 19 de setembro de 2021
Triolé para Cecília
sábado, 28 de agosto de 2021
Em lá maior
sempre o velho do re mi
mas meu coração coloca
meus ouvidos só pra ti
eufônica de tão bela
minha menina Mirela
quarta-feira, 25 de agosto de 2021
Rondó para Cecília
sábado, 21 de agosto de 2021
Sinal Fechado
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
Bonjour, Happy hour
terça-feira, 3 de agosto de 2021
Micro conto em 140 caracteres
quinta-feira, 29 de julho de 2021
porquê a verdade não vence a mentira
domingo, 11 de julho de 2021
Terra dos Troncos de Fogo
Os Primeiros foram aqueles que nunca vieram pois sempre estiveram em suas moradas entre árvores, em seu respeito pela floresta que tudo lhes dava e nada cobrava. Depois vieram os Orgulhosos das terras além-mar, cobiçando a água, a terra e até o ar. sangrando o solo com seus arados, cortado as matas com seus machados, ferindo as montanhas pelos cobiçados tesouros dentro delas guardados.
Os Primeiros receberam os Orgulhosos pois as terras eram vastas, muito mas vastas do que tudo que precisavam. Mas não vastas o bastante para a cobiça dos Orgulhosos cuja avidez era mais forte e mais intensa, sua ganância imensa era sua força e por ela mataram, expulsaram e escravizaram os Primeiros. Os Orgulhosos, por terem seus braços menores que sua cobiça, trouxeram escravizados um povo forte, de fé e de suas terras distantes apartados.
Os Resolutos e os Primeiros foram forçados a construir todo o reino dos Orgulhosos, suas cidades, suas fazendas, suas Igrejas, não há sequer uma pedra colocada no calçamentos de suas ruas que não tenha sido feita por eles. Mas os belos povos não entregaram sua alma aos orgulhosos e nem rejeitaram seus próprios deuses, confidentes uns dos outros aguardaram por eras por um momento.
E o momento foi do Cataclisma que despertou na terra e no mar todas as criaturas que se ocultavam desde antes dos Primeiros. Caminharam pela terra todos os deuses e nos mares foram engolidos todo navio longe do porto, e cada embarcação que ousasse cruzar o oceano.
Os rios viraram sangue durante o Cataclisma, sem as armas vindas de além-mar os Orgulhosos foram enfim enfrentados. Os Primeiros reconquistaram suas terras longe da costa. Os Resolutos quebraram seus grilhões e expulsaram das Terras do Norte Oriental os Orgulhosos.
Após o Cataclisma, nada mais voltou a ser como antes. Não há mais qualquer contato com os reinos distantes, o Oceano de Atlas é intransponível e mesmo o mar além das montanhas do Ocidente é perigoso.
As guerras foram de séculos mas um mestiço de sangue Orgulhoso, Resoluto e Primeiro ascendeu ao trono esquecido e com sua maestria convenceu cada rei a depor suas armas. Sem mais sangue, sem mais guerras até o Rei das Terras de Prata reconheceu o Rei Mestiço como seu imperador e assim a paz reinou por mil anos.
Porém durante o reinado da Rainha Delmora filha do amado Rei Ludovico surge Iahire, um guerreiro Orgulhoso da linhagem real, se ressentiu por ser preterido como herdeiro ao trono Imperial. Ele se alimentou pela ganância de seus antepassados e tramou junto a Guarda Real, os Clérigos da Cruz e os Barões de Terras sua própria ascenção. Para seu itual profano sequestrou os primogênitos dos Reinos de Prata, do Sul Oriental, do Norte Oriental e do Ocidente. E sacrificando-os absorveu sua linhagem e foi proclamado por seus seguidores como a restauração do Rei Mestiço.
Com seu trono contestado, Delmora acabou enredada por uma rede de intrigas e golpeada por seu outrora fiel conselheiro Temerius. Ele manipulou todo o conselho real para declarar que a rainha havia enlouquecido, Delmora foi então enviada a um Sanatório e Temerius foi nomeado tutor dos príncipes Villelmus e Immanuelina e assim governou com uma junta de conselheiros fantoches por 5 anos todo Império do Tronco de Fogo
Os Clérigos da Cruz, contrários a Temérius, por ele pertencer a um culto ligado ao antigo culto a Adonai, e os Barões de Terra, por ele ser ligado a Liga do Vapor, incitaram com fiés e ouro a ascensão de Iahire ao trono. Iahire nesse momento já havia aprisionado dentro de si muito mais almas através de rituais profanos e seu poder era temido. Temerius não era páreo para enfrentá-lo e o ofereceu seu lugar sem enfrentamento em troca de permanecer como conselheiro real.
Iahire no primeiro momento era apenas tutor dos filhos da Rainha porém soldados ainda leais a Rainha descobriram um plano de morte para o príncipe e a princesa elaborado pela própria Guarda Real. Num plano ousado conseguiram resgata-los do Castelo Vermelho. Porém isso apenas deu mais poder a Iahire que se outorgou plenos poderes e dissolveu o conselho em nome de uma caçada aos supostos sequestradores da familia real.
Três décadas se passaram, os Reinos agora são governados por nobres Orgulhosos nomeados pelo próprio Iahire que governa todo o Império com terror. Há canções clandestinas clamando pela volta dos príncipes. Há bandoleiros mestiços percorrendo as fronteiras dos reinos. A liga do Vapor está cada vez mais decadente, seus trens, suas ferrovias e suas fábricas minguam enquanto os Barões das Terras, Guarda Real e Clérigos da Cruz ganham terreno, poder e influência cada vez maiores.
quarta-feira, 7 de julho de 2021
Atenção
sábado, 26 de junho de 2021
Dentre trilhas
sexta-feira, 25 de junho de 2021
Marina Mares de Morros
Galanteio
serão seus olhos, sua barba o meu novelo
que desfio elogios que desafio o firmamento
e escrevo letras lindas a todo momento
Miro em sua voz, óculos e cabelos
e acerto sonhos lindos e sinceros
vagando em ti e em mim como se fosse vento
que varre em versejar e no proseamento
Lhe conto histórias, as mais felizes que tenho
ilustrando seu coração com meu engenho
e meus planos de alcançar o céu de sua boca
Porque seu núbio empenho é belo, sincero
que como bom espectador vejo e desvelo
um conto de princesas e rainha louca
A uma musa
A Debora Freire de Lima
é meu verso, minha rima
das letras é minha musa
que de tão perfeita abusa
Do meu sonho, minha estima
dos deuses uma obra prima
que nos meus olhos repousa
pois sua maravilha ousa
Ser mais brilhante que o sol
e bem mais bela que a lua
tão intensa quanto as marés
lhe sigo tal girassol
um nenúfar que flutua
pelas águas aos seus pés
quarta-feira, 16 de junho de 2021
Oralidade e Escrita
A leitura silenciosa que estamos acostumados a fazer é um fenômeno recente para as artes literárias. Até o advento da imprensa a leitura era uma atividade que envolvia a fala. Poderia ser através de murmúrios que acompanhavam as linhas do texto ou como Platão que ,lia a plenos pulmões. A oralidade tão marcante nos textos antigos também pode ser vista pela hegemonia dos versos em detrimento da prosa.
O verso é por excelência oral, foi através da oralidade que surgiram as primeiras versões da Ilíada e da Odisseia. Foi pelo caráter mnemônico que os primeiros aedos registravam na memória os milhares de versos que compõe essas epopéias numa época em que a cultura helênica ainda era ágrafa. O papel da escrita começa como mero registro para só muito tempo depois adquirir um estilo próprio, o fluxo de pensamento, o ritmo de leitura através da concatenação de ideias é um fenômeno muito mais recente que o fluxo ritmico causado pelas sílabas poéticas, pela alternância de sílabas longas e breves do grego ou das sílabas átonas e tônicas do português.
O período da hegemonia dos versos é também o período marcado pelas grandes epopéias. Além das gregas temos a romana "Eneida" e a suméria "Gilgamesh", ainda na antiguidade clássica. No medievo temos a inglesa "Beowulf" , a germânica " Parzival" e a consolidadora do idioma italiano "A Divina Comédia". Com o advento do renascimento surgiram novas epopéias como "Os Lusíadas" e "Paraíso Perdido".
Porém conforme o fluxo mental, a prosa e a leitura silenciosa avançam, suplantando o veros, o ritmo e leitura em voz alta, a Epopéia também cede espaço para novos gêneros textuais o Romance e a Novela são frutos diretos da imprensa, eram, originalmente, publicados de maneira seriada em jornais. Onde cada capítulo vinha na edição do periódico vindo após as páginas de notícias tal qual ocorre até hoje quando as novelas se intercalam com os jornais na televisão.
O texto em prosa não é feito para ser lido em voz alta, seu fluxo mental não obedece o fôlego da oralidade. Se o cordel com suas redondilhas pode ser contado verso a verso pelo cantador ou o repentista pode improvisar toda uma história se segurando ritmicamente nas sete sílabas de seus versos o mesmo não pode ser feito ao ler Machado de Assis, José de Alencar ou Paulo Coelho. A prosa exige um fôlego que apenas a mente consegue acompanhar, a lingua, o pulmão e a boca operam numa outra lógica. Porém apesar da hegemonia do fluxo mental imperar contemporaneamente e a poesia moderna abdicar do ritmo natural ou formal há casos onde autores subvertem a lógica da prosa silenciosa e resgatando a oralidade nos trazem uma nova poética, agora em prosa como podemos ver em Clarisse Lispector e, principalmente em Guimarães Rosa.
Grande Sertão: Veredas é profundamente calcado na oralidade, no falar do sertão. Sua leitura silenciosa atropela nuances que apenas a oralidade é capaz de captar. É uma 'epopéia contemporânea" num mundo o silêncio da prosa tradicional é hegemônica. Resgata toda a cadência, todo o ritmo da versificação que mesmo os nomes mais aclamados da poesia fizeram um laborioso trabalho de se distanciar.
A literatura oral, aquela mesma que Benjamin exalta em seu texto "O narrador" é o substrato mais profundo da comunicabilidade humana, é por ela que e transmite universos e realidades por gerações e como diria Marcuse: "a poesia torna possível o que já se tornou impossível na prosa da realidade. Pois é em versos que o homem diz das últimas e verdadeiras coisas."
quinta-feira, 10 de junho de 2021
Road Trip
domingo, 6 de junho de 2021
Metapoética
sábado, 5 de junho de 2021
Confessionário
quarta-feira, 26 de maio de 2021
sexta-feira, 21 de maio de 2021
Sinfonia
meu sexo bem lá
um sexo tão só
num sexo que ar fá
mais sexo pra mi
seu sexo de ré
só sexo sem dó
sábado, 15 de maio de 2021
Eu não queria te dizer
o meu pé de vento
serve de sustento
pruma flor astral
São rosas de vidro
que contra meu peito
quebram e me cortam
com amor e doçura
Gotas de meu sangue
mancham minha blusa
branca de algodão
que a fome recusa
Sexo na varanda
e macarronada
Beijos pra torcida
e fim da estrada
sexta-feira, 14 de maio de 2021
Cachimbo D'água
segunda-feira, 26 de abril de 2021
excrementíssimo senhor
quarta-feira, 7 de abril de 2021
sábado, 3 de abril de 2021
sexta-feira, 2 de abril de 2021
quarta-feira, 31 de março de 2021
Minha doce Pêra
A pêra queixosa fica pelos cantos
seu amor lhe usa só de vez em quando
sonha com as velas, as cordas e tantos
os prazeres que fica salivando
É faminta mulher cheia de encantos
é latifúndio pra ser invadido
com desejos cruéis que causa espantos
aos homens muito aquém do desejado
Diga os seus mais profundos dos anseios
suas vontades submissas, masoquistas
e tão, tão pervertidas que me soam
tal canção de ninar nos doces seios
duma devassidão das mais narcisistas
que das marcas sorri por mais que doam
Prum poema apaixonado
bem medido bem contado
de modo que não esqueço
prum poema apaixonado
Minha frente meu avesso
nos dedos escancionado
em lirismo todo imerso
prum poema apaixonado
Leio, releio, converso
que é tesouro lapidado
com seu brilho mais intenso
prum poema apaixonado
São palavras ao acaso
como quando jogo um dado
que abole o gosto e o senso
prum poema apaixonado